4 - Introdução à Ética e ocupações nada morais

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Rose

Quinta-feira – Biblioteca universitária – Nove da noite

Rose considerava-se uma pessoa, relativamente, paciente. Dependia muito da situação, porém, na maioria das vezes, conseguia respirar fundo e esperar sem enlouquecer. Mas aquele tipo de espera? Tirava-a do eixo, empurrando-a lentamente para um lugar de ansiedade, ao qual detestava. Era uma espera sem uma finalidade específica.

Esperar algo já sabendo, mesmo que superficialmente, que o fim não será decepcionante, era bem diferente do que esperar pensando em todas as possíveis finalidades frustrantes. E Rose era ótima em criar cenas absurdas, as quais a levavam ao sofrimento antecipado.

Suspirou pesadamente e virou a página do livro que tentava, da forma mais inútil, ler.

Qual o meu maldito problema? Pare, simplesmente, de pensar nisso! Ralhou consigo mesma. Todavia, ela não conseguia. Sua mente era agitada demais, por isso que as aulas de yoga – que Lily insistia que fizesse – pareciam mais sessões de torturas.

"Esvazie sua mente" era a mesma coisa que dizer "continue pensando freneticamente até enlouquecer", já que, quanto mais pensava em esvaziar os pensamentos, mais eles apareciam e, de repente, nada mais fazia sentido.

Depois dos acontecimentos de domingo, Rose achou que se encontraria mais vezes com Scorpius, porém tudo estava no mais absoluto silêncio. Nenhum sinal dele. Na verdade, a única atitude dele foi na segunda-feira quando a seguiu no instagram. Então, Rose foi olhar as fotos do perfil de Scorpius.

Que erro.

Ele era fotogênico de um jeito importuno. Quem conseguia ser absurdamente bonito pessoalmente e por fotos? Após isso, não conseguia afastar da mente uma fotografia dele abraçado ao Bartô, o poodle cinza. Consequentemente, aquilo a fazia lembrar da atitude dele de adotar o cachorro, que iria para o canil após a morte da sua ex-dona. Assim, quando menos esperava, um sorrisinho já marcava seus lábios ao pensar em Scorpius Malfoy.

Entretanto, logo depois, involuntariamente, seus pensamentos vagavam para Connor. No dia seguinte completaria uma semana de término. Não chorou mais nenhuma vez desde domingo, o que parecia promissor, mas não era. Sabia que deveria estar acumulando a saudade reprimida. De qualquer jeito, anotou mentalmente de agradecer Scorpius por ser tão bom em mantê-la distraída, mesmo em seu completo silêncio. Talvez não usasse a expressão "tão bom", sabe se lá o que poderia acontecer se o ego de Scorpius inflamasse um pouco mais.

– Você está com uma cara péssima – pontuou Roxanne, jogando-se na cadeira em frente a Rose.

Fingiu que terminava de ler um parágrafo, como se estivesse realmente ocupada, e levantou a cabeça para encarar a prima.

– Obrigada?

Roxanne era a sua única prima mulher que decidira cursar o ensino superior na mesma universidade que Rose. Lily ainda estava no último ano do colegial, Molly, assim como Dominique, decidiu que precisa viver as experiências universitárias longe dos familiares. Às vezes, perguntava-se se não deveria ter feito o mesmo.

– É aquela sua cara de decepção com um pitada de desespero.

– Bem, estou lendo o livro indicado para aula de Ética. Deve ser por isso.

– Não, não é.

Rose não olhou diretamente nos olhos de Roxanne. Sabia que a prima era uma excelente observadora.

– Você está me evitando a semana toda – reclamou. – Primeiro: você está bem quanto ao Connor? Segundo: você e o Malfoy? Sua safada! Eu realmente achei que você, depois de um término, acabaria se afogando nas próprias lágrimas ao invés de se afogar em Scorpius Malfoy.

Reason to love / SCOROSEWhere stories live. Discover now