第十五章: Que As Memórias Em Meu Coração Me Levem Até Você.

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22 de abril de 1912, Guizhou. 16h06min.

A brisa fria bagunçava os fios de cabelos gradativamente, enquanto os raios solares não muito quentes adentravam a pele clara. A visão da cadeia de montanhas da área de Guizhou era bonita, agradável e de certa forma relaxante.

Huuu, um lugar que queira ir? Não faço a minima ideia. Qualquer um ao seu lado esta bom!

A voz rouca e doce do Wang aparecia constantemente em sua memória, fosse chamando seu nome, fosse falando alguns trechos de conversas que tiveram, aquilo tinha si tornado tão normal quando respirar para o empresário. Se permitiu sorrir enquanto observava a vasta dominância de verde. Isso lembrava ele mais ainda.

Guizhou fica perto da sua cidade natal né? Talvez eu te carregue pra la, assim você foge desse tanto de trabalho... melhor que ir pra minha, fica muito longe gege. Ainda mais, da pra você pintar a paisagem, dois coelhos com uma cajadada só.

Nunca entendeu o receio do acastanhado com sua própria cidade, talvez fosse pelo fato de ter sua família la, a vergonha de os rever sem ter conseguido nada. Queria dar-lhe o mundo, mais ele queria o conquistar sozinho. Será que teria lhe permitido conquistar o mundo ao seu lado?

Um desejo? Eu tenho tudo agora, não preciso de mais nada.

As mãos acariciaram a pequena jarra que tinha em mãos, seus olhos marejados pareciam estar esperando um sinal pra deixarem cair as lágrimas carregadas de dor, tristeza e saudade. Tirou a tampa com facilidade, olhou as cinzas guardadas dentro do recipiente, tudo que sobrou do corpo do homem que amou foi aquilo, não podia o enterrar em terra estrangeira, afinal nem sabia se teria coragem para voltar la, e ninguém deixaria um cadáver atravesar de um pais a outro.

Wang queria voltar consigo pra China e ele de fato voltou, mesmo que de uma forma dolorosa.

Um de seus braços se esticou para frente, como em um ritual antigo despejando da esquerda pra direita de modo calmo, vagaroso, fazendo o vento os levar consigo para bem longe.

O sinal foi dado, as lágrimas rolaram, o recipientes vazio caiu no chão e por pouco não quebrou, suas pernas fraquejaram, a mão esquerda apertou a camisa na região do peito já a direita escondia a face molhada e abafava os sons de lamentação. As lembranças libertadas eram tão reais que doia três vezes mais a cada segundo, o rosto, o jeito, a voz, as loucuras, as bebidas, os toques, tudo que podesse ser associado a Yibo apareceu, qualquer coisa pela menor que fosse.

O amor e a perda juntas eram tão dolorosas, tão avassaladoras, que nem a morte apagaria as marcas fincadas em seu coração.

O que? É fraco na bebida senhor Xiao?

Estou me culpando por meus desejos.

Quer me dizer agora o que queria falar?

Xiao Zhan, não solte a minha mão.

Quando voltarmos juntos pra China você precisa virar um pintor.

Eu também te amo gege.

Sua alma gritou caindo de joelhos, chorou sem pudor, ninguém poderia o ouvir em meio aquele lugar, ninguém poderia o impedir, e era isso que queria, se acabar sozinho, se culpar sozinho, e se matar com as lembranças mas bonitas que conseguiu juntar.

Cada um tem seu modo e tempo de lidar com uma perda, e Zhan não estava nem um pouco preparando, aquilo não séria rapido, pelo contrário poderia levar uma vida inteira.

Algo balançou seu corpo de modo meio desesperado e desengonçado, a mão que cobria as lágrimas para não serem vistas pelo belo local caiu sobre a coxa, seu corpo ja nem queria mais sustentar suas crises de choro. As mãos ternas e pequenas limparam apresadamente as lágrimas que não paravam de sair, até que em um momento olhou a face do garoto, uma mistura de preocupação, medo e raiva.

Memories That Are Lost At SeaOnde histórias criam vida. Descubra agora