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Você:
Você não consegue estudar sozinho
Pare de ser idiota e peça ajuda ao seu irmão

Babaca otário burro💙:
obrigado pelo apoio, bon
que bom que eu posso sempre contar com meu NAMORADO para me apoiar

Você:
Eu estou brincando, bobo
Não ultrapasse seus limites

Babaca otário burro💙:
a
agora eu tenho que ir
até mais

Ryūji segurou uma risada. Rin caia tão facilmente nas suas provocações.

-Bon! - Konekomaru o chamou do outro lado da sala de aula - vamos comer.

-Claro, claro.

Eles se sentaram em uma mesa no refeitório da escola, que ficava no primeiro andar. Na mesa ao lado, uma garota ficava encarando Ryūji, o deixando extremamente desconfortável.

-Acho que ela gosta de você - Konekomaru riu - talvez você conseguisse uma namorada, se não ficasse com essa cara rabugenta sempre.

-Koneko.

-Acho que ela vai se confessar para você, então aceite.

-Koneko.

-E então não vai mais precisar ficar com outro homem.

Suguro se levantou num pulo, batendo com força na mesa e fazendo todos a sua volta se viraram para olha-los.

-Então esse é o problema, Konekomaru? É por isso que você não gosta dele?

-Você cresceu em um templo! Deveria saber que isso é errado! - ele abaixou um pouco o tom da voz - é sodomia, e é pecado.

-Já gostou de alguém, Konekomaru?

-Não. Sim. Não, mas isso não muda o fato de que...

-Então, fique calado. Eu pensei que poderia pelo menos contar com você - Suguro se virou e começou a caminhar em direção a saída - mas pelo visto a únicas pessoas que eu tenho são Shima e Rin.

-N-não é verdade, Bon. Eu só...eu só queria dizer que...

-Você já disse bastante - ele saiu como uma flecha do refeitório, vermelho de raiva.

Velho feio chato otaku vulgo Mephisto:
Não, eu não vou te dar as respostas das provas só porque eu era amigo do seu velho
Trate de estudar, Rin

Você:
espero que seu cabelo caia

-Sério, Rin? Você é burro ou só se faz? - Shura Kirigakure tentou lhe acertar um livro, mas o mesmo desviou.

-Você deveria me ensinar, não tentar me matar!

-É a terceira vez que eu explico isso.

Rin abaixou a cabeça. Nunca foi bom com os estudos, mas antes tinha Yukio para ajudá-lo. Agora o irmão estava muito ocupado com a classe avançada e o estudo para o vestibular de medicina, e não tinha tempo para isso.

-Eu sinto falta do Yukio.

-Não fale como se ele estivesse morto - Shura se sentou em uma cadeira próxima a ele - Yukio só está ocupado demais para te ajudar.

-Todos estão - Shura fez uma cara de paisagem, esperando uma explicação de Rin - veja, Shima está em Kyoto, Kamiki não tem tempo para a gente, Bon estuda em Tóquio e Yukio está sempre ocupado. No fim, eu só tenho a Shiemi, e até mesmo ela está meio distante ultimamente. Eu estou sendo deixado para trás.

-Rá! - Kirigakure exclamou, fazendo o Okumura se assustar - é claro eles não estão te deixando para trás, Rin. É você que não está indo para frente.

-Hã?

-Já vão fazer dois anos que vocês estão juntos. Eles cresceram e mudaram nesse meio tempo, mas você não. Você continua empacado onde está porque não tem perspectiva para o futuro.

-É claro que tenho!

Shura cruzou os braços e apoiou os pés na mesa, deixando a cadeira equilibrada apenas pelas pernas de trás no chão.

-É? Que faculdade você quer fazer? E onde você quer trabalhar?

-Ah, eu... - ele começou a coçar a cabeça com força - eu...

Rin nunca tinha pensando nisso, mas percebeu que nunca teve nada que realmente queria. Admirava seu velho e acreditava em Deus, mas nunca ligou muito para religião. Amava Yukio e adorava vê-lo perseguir seus sonhos com garras e dentes, mas não se via fazendo isso nem querendo algo com tanta intensidade. Gostava de cozinhar, mas sempre foi apenas um hoobie, não uma vocação.
Se você pudesse fazer algo, o que faria? Uma voz ressonou dentro de sua cabeça, e Rin sentiu um peso enorme no peito, como se derrepente o coração tivesse ficado grande mais para o corpo suportar. Ele enfiou as mãos nos cabelos de novo e começou a coçar com mais força.

-Ei - Kirigakure afastou suas mãos - Rin, não precisa ficar assim. Você vai achar algo, tudo bem? Seus amigos estão aqui, nós vamos te ajudar.

Rin fungou e percebeu que estava com os olhos marejados. Seu nariz provavelmente estava vermelho, sempre ficava quando ameaçava chorar, e mesmo que fosse por algum bobo como não saber o que quer fazer, não conseguia não chorar.

-É para isso que servem os amigos, Rin - Shura lhe abraçou, e o Okumura não tinha certeza se ela já havia feito isso antes.

Rin nunca teve muitos amigos, sempre foi excluído na escola e chegou até mesmo a abandonar o ensino médio uma vez. Não estava acostumado a contar com mais ninguém que não além dos padres do mostério, Yukio e seu pai.

-Ah - Rin deixou sair um som de surpresa de seus lábios.

Sentia falta do velho Fujimoto, era verdade. Mas tinha apenas empurrado esse sentimento com a barriga e tentado não pensar na falta que ele fazia, tentando ignorar o medo de não saber o que fazer sem ele.

E apenas nesse momento Rin entendeu que não deveria fugir da dor e do medo, deveria atravessá-la. Porque sentir medo é tão normal quanto o sentir o amor. E é isso que nos faz humanos: ter um dia ruim e saber que depois dele haverá outro e mais outro, e não fugir disso. Isso é a humanidade, e não se deve escondê-la.
É ela que nos faz ser quem somos.

Yukio atravessou a porta do cômodo e correu até Rin como uma bala quando se deparou com o irmão abraçado a Shura - primeiro, porque era a Shura, e depois porque tinha ficado preocupado com irmão.
Ele abraçou o Okumura mais velho, que disse num sussuro quase inaudível:

-Eu sinto falta do velho.

-Ah, Rin - Yukio o apertou com mais força - eu também sinto. Muita.

-Ele deveria estar aqui. Ele... - Rin começou a soluçar.

Yukio pegou seu rosto com as mãos.

-Deveria. Mas nós temos um ao outro. Vamos ficar bem.

E é claro que ficariam.
Porque não tinham outra escolha.
O carrossel nunca para de girar.

Sussuros Do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora