1.851 palavras
- O que você pensa que está fazendo?
A frase surgiu de repente, com um tom carregado de indignação, quebrando o silêncio e fazendo o rapaz loiro perder o controle da faca que estava em sua mão, o que acarretou em um corte no seu dedo indicador esquerdo.
- Ai, caramba, Alvo! - Scorpius Malfoy esbravejou, enquanto apertava o dedo já ensanguentado, tentando estancar o machucado e procurando sua varinha.
Alvo se aproximou do melhor amigo e a expressão anteriormente indignada havia sido completamente substituída pelo semblante preocupado. Ele pousou a mão sobre o ombro do outro adolescente e falou próximo de seu ouvido:- Desculpa, cara. Não sabia que você ia se machucar. Vem comigo, vou te levar na enferm...
- Não quero ir pra porcaria nenhuma de enfermaria! Se você encontrar minha varinha eu já posso começar a pensar melhor a respeito de te desculpar. - Malfoy interrompeu o amigo, com a raiva incontida.
- Ei, ei. Não tem motivo pra esse estardalhaço todo. - Alvo tirou a varinha do bolso de sua veste e a encostou na mão de Malfoy como um pedido para que o outro deixasse o corte à mostra.
- Você acha mesmo que eu vou confiar em você para...
- Ou isso ou a enfermaria. - Alvo o interrompeu, arqueando a sobrancelha direita. Os olhos verdes em contato direto com os azuis acinzentados, de maneira afrontosa.
Scorpius bufou, desviou o olhar e retirou a mão direita que tampava o corte. Ele sabia que se não o fizesse seria perda de tempo. Sua teimosia não era nada perto da teimosia do Alvo Potter.
Assim que o corte ficou exposto, o sangue ainda jorrando do ferimento, Alvo apontou a varinha e murmurou um feitiço. Segundos depois a pele estava novamente intacta. Ainda com sua varinha, o sangue da pele do outro foi limpo.
- De nada - disse ele com ironia. - Agora me diz o que você tava fazendo.
- Não é da sua conta. - O loiro respondeu ríspido. Não estava em um de seus melhores dias.
- Será que vai ser possível conversar com você de maneira amigável hoje, Malfoy? - A paciência do moreno já estava próxima de zero.
- Não me chama de Malfoy... Potter. - Agora havia uma pontada de dor em sua voz. Chamá-lo pelo sobrenome era um golpe baixíssimo.
Desde que se conheceram eles eram apenas Alvo e Scorpius, ou mesmo apenas Al e Scorp. Entre eles nunca houve formalidades. Eles tinham uma amizade cuja fama se espalhava por Hogwarts. Sempre juntos, mesmo com todas as pequenas e constantes brigas e implicâncias. Era mais que uma amizade, era uma ligação entre suas almas, como se fossem um só ser que, por um descuido da natureza, tivesse se dividido em duas partes.
- Então para com isso. Poxa, você sabe que eu tô aqui pra tudo. Você sabe que pode me contar qualquer coisa. Sabe que eu te aceito sem julgamentos, mesmo quando preciso te alertar pra algum erro. E o que você tem feito nas últimas semanas? Ignorado a minha existência, me tratado de maneira ríspida, escondido coisas de mim. E, para finalizar, agora inventou de usar faca para cortar raízes de plantas mágicas dentro do dormitório e nem acha justo que eu ganhe uma explicação pra isso!
O garoto terminou a frase e se jogou em sua cama. Ele estava triste, dava para perceber pelo tom de sua voz.
Se Scorpius Malfoy fosse mais detalhista, teria percebido que teimosas lágrimas haviam se formado nos olhos do outro pouco antes dele se jogar na cama que ficava ao lado da sua. O silêncio se instaurou no cômodo. Havia apenas os dois ali. O silêncio que predominava não era nem um pouco confortável.
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Sentimentos - Scorbus - Concluída
FanfictionScorpius Malfoy e Alvo Potter são amigos desde sempre, mas algo estranho está acontecendo com Scorpius e criando um distanciamento em sua amizade. Apesar de tudo, existe uma necessidade de encarar e lidar com todos esses sentimentos.