Capítulo 5

326 51 50
                                        


A noite já tinha chegado e a lua iluminava o lago de Yunmeng de forma graciosa e pura. Uma pequena aragem gélida corria as ruas e arrepiava as pessoas à passagem, entre elas estava Lan Zhan com a sua habitual postura impecável e rosto desprovido de qualquer emoções. Rosto este que também notava a ausência da sua fita do clã Lan de Gusu. O seu corpo estava coberto com os robes negros do Patriarca Yiling, com as suas vestes brancas a expreitar por baixo.

Lan Zhan questionava-se porque tinha voltado ao território inimigo, mas não conseguiu conter a sua curiosidade e preocupação após o que ouviu à janela do quarto de Wei Wuxian. Se ele era a causa do rapaz ter sido punido, precisava de fazer algo sobre o assunto.

- Volta comigo para Gusu. - Disse Lan Zhan quando se aproximou da cama de Wei Ying naquela noite.

O Patriarca Yiling estava sentado com um olhar aborrecido para o Rapaz de Gusu. Os seus cabelos normalmente presos num rabo de cavalo com uma fita vermelha, estavam agora soltos e molhados sobre os robes brancos de dormir.

Lan Zhan conseguia ver mais alguns cortes na abertura dos robes no peito de Wei Ying e isso fê-lo falar aquelas palavras sem pensar.

- Se soubesse que ias ser assim, não tinha pedido para abrirem a janela do quarto... - Resmunga Wei Ying baixinho, mas Lan Zhan ouviu e não pode evitar corar um pouco com a realização que aquelas palavras lhe deram.

- Estavas à minha espera?

- O quê?! - Wei Ying esganiça-se um pouco com os olhos arregalados. - Não! Nunca! Quer dizer... Eu só... tinha calor! - Diz de forma atrapalhada, acabando com um longo suspiro cansado e virando o rosto para o lado oposto de Lan Zhan.

- O Patriarca queria que eu viesse? - Lan Zhan aproxima-se da cama à medida que fala, não conseguindo conter a curiosidade. Os seus olhos dourados fixos em Wei Ying como o ponteiro de um bússola fixa no Norte.

- Bem... já que estás aqui... acho que... sim... - Responde baixinho, começando a virar o rosto para Lan Zhan aos poucos. - Sim, eu queria que viesses.

- Estou aqui.

Wei Ying sorri abertamente. Podia afirmar sem incertezas, que com o tempo de convivência transformou-se num perito em expressões faciais do sempre tão sério Rapaz de Gusu. E podia voltar a afirmar que naquele momento, ele estava a sorrir. E que sorriso bonito que ele tinha!

- Estás aqui. - Wei Ying estica uma mão que o Rapaz de Gusu prontamente segura e deixa-se ser puxado até estar sentado na cama.

- Não te entreguei isto... - Lan Zhan tira do bolso uma pequena bolsa. Dentro da bolsa, embrulhado dentro de um pano, estava o sino dos Jiang. Tanto cuidado num objecto que vivia num cinto a ser balançado e arranhado a toda a hora fez Wei Ying rir com carinho.

- Cuidaste melhor dele num dia do que eu em toda a vida. - Wei Ying agarra no sino com uma mão e sorri com o tilintar do objecto.

- É importante.

- Já percebi que és uma pessoa que cuida das coisas importantes. - Diz enquanto coloca o sino na mesinha de cabeceira. - Também guardas a tua fita da testa dentro de uma caixa? Aposto que até tens um calendário com dias para a lavar! - Wei Ying estava a rir ao imaginar diversos cenários e Lan Zhan não se importou se ser o motivo daquela felicidade, mesmo que algumas coisas até fossem verdade...

Enquanto Wei Ying divagava, Lan Zhan olha para a mão ferida de Wei Ying e logo se lembra do outro objeto que trazia nos robes. Tirou dos bolsos um pote de barro branco que continha uma pomada medicinal exclusiva de Gusu e abriu-a, perfumando o quarto com um aroma de ervas.

War and WineOnde histórias criam vida. Descubra agora