::: Capítulo 21 :::

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::: Capítulo 21 :::

Comparada ao que tenho ao meu redor, eu realmente me esforcei arduamente... o eco do refrão mentiu para mim com aquele "aguente, aguente, aguente, aguente".

×××

: Dia 18 de dezembro de 2020 :

O tempo é muito relativo. Muitas coisas são, mas o tempo é o mais complicado. Ele age todo despercebido, enquanto você está se acabando numa guerra, ele está correndo sem parar. O tempo leva, cura, dita tudo. 

E o tempo passa também. Enquanto as lágrimas estão sendo derramadas, as dores sentidas, os laços sendo desfeitos e outros sendo amarrados, as promessas sendo cumpridas... De repente, num dia qualquer, acordamos e percebemos que já podemos lidar com aquilo que julgávamos maior que nós mesmos. E ele passou para Ana.

Finalmente.

Foi horrível, cada segundo pior que o outro.

A morena teve de passar exatos vinte e três dias no hospital, e de lá fora direto para uma clínica chamada Priory numa cidade um pouco longe de Seattle, mas que não fora incômodo algum para os Grey que iam a visitar todo os fins de semana.

Ela fora tutoriada por eles, de muito bom grado e com a ajuda dos conhecidos de Carrick. Hyde havia sido oficialmente preso, estava sob custódia para um julgamento que só aconteceria quando Ana pudesse testemunhar. Sem nenhum tipo de acordo, ele fora indiciado por homicídio, agressao e maustratos a uma de menor. O sr. Grey ainda disse que a lista seria mais extensa após o testemunho de Ana, mas aquilo era coisa para outra hora.

A morena estava num estado de letargia, nos primeiros fins de semana, Ana ao menos saía do quarto. Ela sabia que havia feito tudo errado.

Mas qual foi o erro? Se cortar, em primeiro lugar? Ou não ter cortado fundo o bastante?

Aquela dúvida ficou durante semanas em sua mente, sempre a torturando de forma terrível.

_ Houve alguma coisa, entende? Desde o começo, ele tirou alguma coisa de mim, e eu não conseguia evitar. Aí, quando me olho agora, vejo coisas faltando, esses pedacinhos. Ele queria que eu fosse algo que eu não era, e eu me transformei no que ele queria porque eu estava com medo - ela confessou numa das noites. - Eu não consigo parar de me sentir assim... eu só queria que parasse. Eu sei que eu nao devia, que eu sou muito nova, tenho muita coisa para viver... mas agora, agora isso é horrível, parece que é para sempre.

_ Vai doer. Vai doer de uma forma absurda até não restar mais nada, então aí você vai superar, quando o nada acontecer. Você só tem que...

_ Esperar? Todos dizem que eu tenho que esperar. Mas eu não quero esperar, eu só quero que tudo isso pare! Eu só quero que pare por pelo menos um segundo na minha vida. Eu não consigo segurar isso, entende? É tudo tão pesado, lento e triste. É tudo triste.

_ O que é tudo, Ana?

_ Tudo! A minha vida, as pessoas, o mundo. É tudo triste e pesado, é uma droga. O mundo é tão... ferrado. Parece que tudo se acumulou, entende? É como se todos os outros soubessem lidar com tudo, mas eu não, sabe? E eu nem sei como aconteceu, de repente eu só não conseguia mais aguentar.

_ A maioria das feridas são mais profundas do que imaginamos.

Mas nao importava de verdade, para quem a morena realmente queria se levantar da cama durante todos dias era Theodore. O pequeno - que já havia feito dois anos - estava cada vez mais desapegado da menina, mas ainda a via como a sua "mama" para quem ele contava suas travessuras e "injustos" minutos no cantinho do silêncio. Ele a visita quase toda semana, sua nova família era tão doce quanto ele. O menino não ficou numa casa de adoção. Pelo menos naquilo Jack nao havia sido um monstro, ele havia conseguido um casal para adotar Teddy, e agora o menino tinha um pai e uma mãe que pareciam mais do que felizes em fazer aquele papel por ele.

50 Tons de Uma CicatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora