O lado certo do inferno

Semana bizarra

Harry Potter abriu os olhos apenas para ser saudado pela escuridão, acreditando que acordou no meio da noite, sentindo as mãos em busca de sua varinha.  Assim que o encontrou, lançou um rápido tempus.  Números luminescentes apareceram no ar, marcando 5:57, e então o menino se lembrou da escuridão que dominava seu novo quarto.  Ele decidiu sair da cama quente e o ar gélido terminou o trabalho de acordá-lo, junto com as tochas que ganharam vida iluminando o quarto e lançando sombras misteriosas.  Ele realmente precisava de luzes decentes.  Tomando o necessário para o banho, caminhou em direção ao banheiro, assim que entrou lembrou-se com um saudável grau de horror que chuveiros não existiam no mundo mágico e, embora ele gostasse de banhos de vez em quando, eram muito demorados  -consumindo para o seu gosto.  Resignado, ele se consolou com o fato de ter tempo de sobra.

Muitos sonserinos ficaram boquiabertos com o garoto sentado em frente à lareira lendo um livro de manhã cedo com um saco estranho ao lado.  O dito menino, ao invés de ler, olhava com puro ódio a lareira que fornecia pouca luz e já ansiava por um bom lugar para leitura.  Aos poucos, as pessoas encheram a sala até que todos os seus companheiros de ano estivessem presentes, junto com os dois monitores que deveriam orientá-los.

"Espero que você tenha dormido ontem à noite, caso contrário, hoje será um inferno. Vamos levá-la ao grande salão por três dias", zombou a garota.

"Outros monitores irão guiá-lo ou encaminhá-lo para suas aulas durante a semana. Espera-se que você saiba como se locomover após a primeira semana. Recomendo que fiquem em grupos, para sua própria segurança. Vamos lá!"  o adolescente terminou com aquela nota sinistra e caminhou em direção à porta.

As pessoas olhavam para sua mochila com óbvia curiosidade, mas ninguém o questionou, então ele as ignorou.  Foi fácil se perder nas masmorras, pois foram construídas para se assemelhar a um labirinto, os corredores escuros e a pedra escura não ajudaram.  No entanto, você só precisava estar atento.  Em todos os ajustes e curvas que eles deram, havia uma cobra quase imperceptível gravada no topo da rocha, sinalizando o caminho, detalhe que Harry notou.  Eles chegaram ao grande salão e notaram que alguns alunos e dois professores estavam lá.

"O café da manhã está disponível das sete às nove e meia, o almoço das doze às duas e o jantar das seis às oito. O toque de recolher é às nove e meia, mas você deve estar na sala comunal no máximo às nove", explicou o prefeito.

"A biblioteca fica aberta das oito às oito, você também pode emprestar livros, mas tudo o que acontecer com eles é de sua responsabilidade. Seja rápido com o seu café da manhã para que os monitores Rosier e Travers possam dar-lhe seus horários e um pequeno tour", a garota quase  latiu e se sentou, eles seguiram o exemplo e a comida apareceu na frente deles.

Mais uma vez, Harry suspirou, a comida à sua frente era muito pesada e, se comesse, o menino tinha certeza que vomitaria mais tarde.  Ele pegou uma maçã e começou a comer junto com um copo de leite, tirando um livro da bolsa para passar o tempo.  Ele não percebeu a forma como as pessoas olhavam para suas roupas e sua engenhoca desconhecida porque ele ignorou todos ao seu redor, incluindo os olhares de ódio e as conversas.  Um pouco depois, um pergaminho contendo sua programação foi colocado à sua frente, ele o pegou para examiná-lo e percebeu com igual aborrecimento e alívio que tinha muito tempo livre.  Ele colocou seus livros e algumas maçãs em sua mochila quando os monitores começaram a sair.  Eles viram a biblioteca, a enfermaria e o corujal, junto com a sala de Transfiguração e Feitiços, na qual foram deixados porque era sua primeira aula.

Harry se sentou no meio e esperou.  O professor Flitwick conhecia o assunto e tinha talento para passar as informações, uma pena que ele já conhecia a teoria.  Quando eles foram instruídos a tentar o primeiro feitiço, ele pensou que seria tão simples quanto.  No entanto, ele ficou ofendido quando não funcionou.  Ele havia seguido todos os passos: o aceno da varinha e a enunciação correta, a menos que ...