Capítulo 2

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Inês não consegue lembrar a última vez que fez sexo no chão, e ela certamente nunca fez sexo na bancada de uma cozinha, especialmente quando há uma boa cama no cômodo ao lado. E mesmo assim aqui ela se encontra, nua da cintura para baixo, ainda com o sutiã e suas coxas no mármore frio enquanto Márcia trabalha em um ritmo contínuo nas penetrações.

O rosto da policial esta enterrado entre o vale dos seios da bruxa, pressionando beijos molhados nas curvas. Inês agarra os cabelos da mais nova e os puxa, extasiada, ela solta um gemido ao sentir Márcia agarrando seu quadril e acelerando as investidas em sua intimidade.

Há pouca chance de Inês gozar hoje, sua mente cheia de preocupações e paranoias devido a cerimônia e aos acontecimentos recentes, para devidamente aproveitar as sensações que a mulher a sua frente lhe proporciona. Mas por outro lado, ela realmente gosta do jeito que Márcia a olha, gosta que a policial a quer tanto. Em um movimento repentino, a bruxa puxa a mulher mais para perto de si e alcança o sexo da mais nova, enquanto a mesma não quebrou o contato com seu centro pulsante. Márcia estava totalmente molhada, ambas sincronizam o ritmo de seus dedos na outra, fazendo-as entrar em certa espécie de transe.

Inês simplesmente esquece-se da praia, da dor, dos problemas, da sua falta de controle e se concentra no corpo quente perto do seu, na sensação da policial se desfazendo em seus dedos, nos gemidos ao pé do seu ouvido. E assim, ela goza, um orgasmo intenso que achou que seria inexistente nesse dia.

"Caralho" diz Márcia com a voz trêmula, beijando sua clavícula. Inês arrepia-se com o ato e aproveita por um momento antes de descer da bancada. Ela resgata seu vestido em um canto aleatório da cozinha e vai em direção ao banheiro para limpar-se e vestir-se, resmungando quando olha no espelho e vê que a policial deixou marcas em todo seu pescoço e colo, aparentemente decotes não serão viáveis por um bom período, maldita.

Márcia ainda esta na cozinha, quando a bruxa surge do banheiro. Ela observa a policial de costas vestindo a blusa, que poucos minutos atrás estava jogada no chão, e nota arranhões vermelhos e profundos na pele branca e delicada da mais jovem.

A situação toda a envergonha. Se as pessoas que cresceram ouvindo a cantiga da terrível cuca a observassem agora, teriam pena da grande bagunça que ela é.

Inês começa a caminhar rapidamente, ciente dos olhos castanhos de Márcia nela, em direção a saída do apartamento. Ao tocar a mão na maçaneta para sair, ela sente a mão da mulher em seu ombro, ela se vira.

"Me liga ou até pode mandar um recado no meu sonho se quiser me ver de novo, okay?" Márcia murmura, plantando um beijo na testa de Inês e caminha em direção a sala.

A responsabilidade sobre o relacionamento esta sobre a bruxa agora, e ela jura pela própria vida que será capaz de resistir.

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Ela dura apenas duas semanas. Passando seus dias ajudando a comunidade das entidades restantes a se reerguer, cafés com Camila e se ocupando no bar. Inês diz a si mesma que não se importa em não ver Márcia novamente, que tudo que ocorreu foi uma série de péssimas decisões deixadas no passado, mas toda vez que ela se toca, pensa na policial e no jeito que a mesma a olha.

No dia que ela cede, é um final da tarde de sábado. Ela esta auxiliando Camila com as entidades que vivem nas ruas, ajudando a se encontrarem novamente, assim como Curupira. E Inês não sabe o que é pior, lidar com humanos bêbados, ou entidades bêbadas. Ela esta fazendo isso em consideração a Camila, pois se dependesse dela, colocaria todos para dormir e os moveria dali a base do ódio. A bruxa debate o quanto ela consegue aguentar antes de virar borboleta no meio de todos e simplesmente sumir, mas em vez disso ela agarra seu celular e manda uma mensagem para Márcia, já que recados nos sonhos é um pouco arcaico, até para ela.

Quero te ver.

A policial não responde imediatamente e Inês começa a se preocupar. Márcia é uma mulher jovem, atraente e inteligente, com certeza ela tem mais opções disponíveis do que uma entidade com mais de duzentos anos e emocionalmente retraída.

O caminho todo para o bar Inês se martiriza por se comportar como uma adolescente apaixonada. Ao chegar, ela se dirige ao bar e serve uma bebida para si mesma, afogar as mágoas em álcool, o quão no fundo do poço ela se encontra. Quando estava prestes a levar o copo aos lábios, ela escuta seu celular vibrar. Era Márcia.

Pode vir.

Aceito Os PecadosOnde histórias criam vida. Descubra agora