O verão estava chegando, e junto com ele, as férias escolares. Isso significava planejar algumas atividades e viagens com Mallik, e essa era a nossa época preferida do ano. Quando meus pais estavam vivos, costumavamos ir visita-los e passar algum tempo lá, mas, depois que se foram, tivemos de começar a inventar coisas novas para fazer e lugares diferentes para conhecer. Nesses anos passados ja haviamos conhecido algumas cidades do país e haviamos até viajado para o Hawaii.
Apesar da beleza inegável daquele lugar, que atrai de imediato, me trazia lembranças que, naquela época, ainda me machucavam. Fora naquele país que, há anos atras, Klaus havia me pedido em namoro, e demos nosso primeiro beijo e passamos nossa primeira noite juntos. Hoje em dia, penso como toda aquela situação havia acontecido meio que precocemente. Eu havia começado ha trabalhar na empresa há pouco tempo, nós mal nos conheciamos e, la estava ele, me pedindo em namoro com direito a helicoptero e petalas de rosa na areia da praia. Mas, mesmo que tenha sido cedo demais, acho que era o momento certo. Nossa quimica era evidente e qualquer um que olhasse para nós juntos poderia perceber que havia algo a mais do que uma mera relação de patrão e empregada. Essas lembranças que na epoca me faziam chorar, hoje me fazem esboçar um leve sorriso no canto da boca. Apesar disso, a saudade continuava a mesma.
Eu lembro que na primeira noite eu fiquei arrasada por causa da enxurrada de memorias que passeavam torturantemente pela minha mente. Enquanto eu ficava deitada em posição fetal na cama, Mallik, como qualquer outra criança, só queria sair e aproveitar a praia.
No processo de luto, eu me senti muito culpada, como se fosse uma péssima mãe. Mesmo que eu tivesse Mallik ali do meu lado, parecia que no meu coração, ainda havia um buraco insistente, e isso não me deixava dormir a noite. Eu ficava me perguntando que tipo de mãe era eu que não conseguia se sentir totalmente preenchida pelo amor do meu filho, ja que era assim que as coisas deveriam ser. Hoje em dia eu consigo visualizar que isso não tinha nada a ver com amar mais ou menos meu filho, mas que esses sentimentos existiam porque eu ainda não estava totalmente curada. Eu sentia falta de uma época da minha vida que não voltaria mais, e era dificil de aceitar isso.
Enquanto lembro com carinho dos momentos em que passei com Mallik nessa viagem, escuto duas vozes atrás de mim e o barulho de chaves tilintando. Era Mallik chegando com seu fiel escudeiro. Desde que entrara na escola nova, Mallik vivia junto com Tyler, um garoto que morava há algumas quadras de casa e que estava estudando junto com ele. Eles viviam grudados, e quaisquer tarefas que precisavam fazer para a escola eles faziam juntos. Nos fins de semana, Tyler vinha aqui pra casa ou Mallik ia pra casa dele, e eles passavam o dia trancados no quarto e só saiam para buscar comida. Eu achava estranho o fato de Mallik não ter aproximação com mais nenhum aluno além dele, mas, quando o questionara isso, ele respondeu "Eu tenho outros amigos, mamãe, mas Tyler é especial". E eu entendia esse sentimento. Para mim, Rebecca sempre fora essa pessoa.
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A noite das garotas era algo que raramente acontecia, já que os horarios de Rebecca e Madison quase nunca batiam. Mas, agora que Madison não estava aceitando projetos por causa da maternidade, ficava muito mais facil para nós três nos juntarmos para fazermos o que sabiamos de melhor: fazer fofoca, beber vinho e comer.
- Qual é a sensação de ter um bebê em sua barriga? Tipo, imagino que deve ser muito estranho e incomodo ter um ser humano crescendo sem parar dentro de voce a ponto de deformar o seu corpo.
- Bem, Becca, como eu ainda estou bem no comecinho eu não sinto muita coisa além de enjoos de vez em quando. Mas eu sou do tipo de pessoa que tem uma visão da gravidez mais poética que a sua: enxergo como um processo mágico de criação e reprodução de uma vida, um novo espirito, uma dádiva divina... Que pra acontecer tem algumas consequências, como tudo na vida.
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My Angel Jones
RomanceQUARTO LIVRO DA SERIE "MR. JONES" Anos depois da morte de Klaus, Claire vive uma vida feliz como escritora enquanto cria seu filho, agora adolescente, Mallik. Quando encontra um documento há tempos escondidos nas coisas de Klaus, Claire se muda para...