11:45 da noite. Eu havia terminado de escovar os dentes e estava me preparando para dormir. Desliguei a luz, deitei na cama e fechei os olhos. Tudo isso, para logo em seguida ser assustado com o barulho de um coral. Pera aí... Um coral? No meio da noite? No meu condomínio?
Já que eu não conseguiria dormir, decidi ao menos pedir satisfação. Devia ser o novo vizinho. Ele era amigo de um amigo de um amigo meu, então não iria ser tão difícil.
Cheguei na porta. O coral masculino conseguia ser fascinante e medonho, e admito que fiquei com medo. Mas eu já tava ali na frente e não iria voltar. Liguei a campainha torcendo para que eles ouvissem e logo que ela soou, um silêncio mortal calou o coral. Eu fiquei ainda mais assustado — será que eles tinham ficado bravos?
O vizinho abriu a porta. Ele era careca, mas em compensação tinha uma grande barba trançada. Suas sobrancelhas eram grossas, e seu olhos castanhos carregavam uma autoridade que me dava vontade de correr.
— Algum problema? — ele perguntou.
— É que... — eu olhei para ele. — Isso é uma armadura?
— Ah, isso? — ele olhou para si mesmo, encarando a roupa de metal. — É sim. Fui buscar ela ontem, está em ótimo estado.
— ... Ok. — foi quando me lembrei do motivo real de estar ali. — Ah. Sim. Eu vim aqui por causa do barulho.
— Barulho?
— Eu ouvi vocês cantando. Já tá tarde. Gostaria que cantassem mais baixo.
— Ahh. É que estamos ensaiando o hino de batalha. Mas vamos tentar cantar mais baixo.
— O-obrigado.
Eu saí rapidamente e fechei a minha porta atrás de mim. O resto da noite foi silencioso. Mas isso só durou até a tarde do outro dia.
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Meu vizinho é um viking
AdventureEntre seu apartamento e o trabalho, nosso protagonista vive sua vida numa espiral tediosa e estressante. Entretanto, a dedicação barulhenta do seu vizinho a uma batalha iminente faz com que ele tente dialogá-lo para uma saída mais pacífica. O que no...