- Qual seu nome? - perguntou o médico pra Ab que estava sentada na cama
- Alice Bennett. Meus amigos me chamam de Ab
O médico de meia idade anotava tudo em sua prancheta. Julian observava tudo ansioso, feliz, preocupado, apreensivo, aliviado, e muitas mais outras emoções que ele não podia contar.
- quantos anos tem senhorita Bennett?
- 19
Julian e Amy trocaram olhares, depois ele e Casie fizeram o mesmo
- pode me dizer a data de hoje?
A garota apertou os olhos enquanto tentava lembrar. O coração do cantor batia rápido
- é... algum dia de janeiro? Tenho a impressão de que eu passei um tempo aqui
- pode me dizer o ano por favor?
Ela respondeu sem pensar
- 2006
Ele assentiu. Julian não sabia oque dizer, nem pensar. O médico pediu pra falar com eles em particular, e Amy ficou com Ab enquanto Casie e ele se distanciaram da cama para falar com o doutor.
- vamos fazer mais alguns exames pra ver como está tudo, mas é certeza: ela teve perda de memória de um ano.
Casie suspirou fundo e bebeu um gole longo de café
- não se preocupem, isso é muito comum em casos assim. Vocês podem contar tudo pra ela, ou arriscar que a memória volte aos poucos.
Julian assentiu.
- então a memória dela vai voltar?
- depende. Vamos fazer exames mais específicos pra descobrir
Os dois agradeceram, e o médico deixou os três sozinhos com Ab no quarto. Amy tinha pedido pra que Alex saísse e tomasse um ar, Julian sentiu uma leve pena de ver ele saindo com as lágrimas acumuladas. Mas bem, tudo isso era culpa dele.
- gente - disse Ab - assim, eu ficaria muito feliz se vocês quisessem me contar oque tá acontecendo
Casie puxou uma cadeira pra perto da cama, e entregou o café pra amiga.
- qual é a última coisa que você lembra?
- eu... Eu não lembro. Eu realmente não faço ideia do porque tô aqui
Julian deu tapinha no pé coberto da garota e disse sorrindo
- Não se preocupe, vamos contar tudo oque tá acontecendo. Assim que a Di chegar.
Ela assentiu e tomou do café. Di chegou cinco minutos depois toda afobada, Casie contou pra Amy e pra baterista qual era a situação, e eles então tiveram uma ideia. Começaram a contar tudo oque tinha acontecido desde janeiro de 2006. Bem, quase tudo...
Alex POV
As lágrimas caiam incessantemente, ele não tinha ideia de que podia chorar assim. Ele sabia que Ab não estava brincando quando disse que não o conhecia, ele podia ver a seriedade no olhar dela. Alex ligou pra Matt, tentando buscar algum consolo. Funcionou um pouco, mas não havia um segundo que ele pudesse parar de pensar nisso. Ele decidiu sair do hospital. Não aguentava mais aquele lugar. Ele passou em alguma cafeteria aleatória e se entupiu de waffles, afinal, comer era sempre a melhor solução quando você esta triste. Ele voltou pra Carnaby street. Como era possível alguém morar em uma casa no meio de tanto barulho? Ele subiu para o terraço e, quase gritou de susto quando viu Julian ali, observando as pessoas na rua- Julian oque...
- quando ela tinha dez anos - interrompeu Julian - eu me mudei pra Suíça. Antes de ir eu dei pra ela uma guitarra
Alex se aproximou. Oque estava acontecendo?
- Ela morava aqui com a vó. Eu me lembro quando me despedi dela aqui... ela ficou tão triste. Depois desse dia prometi pra mim mesmo que eu ia melhorar, por ela.
Os dois estavam lado a lado agora
- quando a senhora Christine morreu, ela foi pra Suíça também. Os pais colocavam ela em todas as atividades possíveis, raramente tinham tempo juntos
Qual era o motivo daquilo?
- passou dois anos na Suíça, e depois foi pra escola de ballet de NY. Foi onde ela conheceu a Di. Não deu seis meses e a banda tava montada. - ele sorriu - dois anos, 14 Brit awards, milhares da NME, e esse ano tinham rumores de um Grammy
Alex finalmente o interrompeu
- que maneira diferente essa de dizer que foi tudo culpa minha
- oque eu tô dizendo - interrompeu Julian o olhando de lado - é que em dez anos, dez anos Alexander, eu vi ela passar os momentos mais felizes com você. Então sim, de certa forma, tudo, é culpa sua
Alex chacoalhou a cabeça e se virou. Mais uma noite que sonharia com ela. Que sonharia com Ab em seus braços, e depois sendo retirada de formas bruscas. Cada noite, uma forma diferente. Ele não sabia dizer se ele amava ou odiava, Talvez ela fosse seu pesadelo favorito.
- Nós não contamos pra ela de vocês dois.
Alex se virou para o cantor. Ele sentiu as pernas moles
- o-oque?
Eles se encararam
- oque você esperava? Não podíamos excluir você totalmente da vida dela, então vocês são só melhores amigos. A gente ainda tá muito puto com você
Alex fechou os olhos com força enquanto Julian passava por ele e saia. Antes de passar pela porta que dava a saída do terraço
- Eu vou fazer de tudo pra conquistar ela de volta. - falou Ele decidido
Julian concluiu
- Eu te perdoo. De verdade. Mas não posso esquecer, e não vou esquecer. Boa sorte Alex
Ele foi embora embora. As lágrimas caíram mais o resto da noite. Ele fez a única coisa que podia fazer, e pegou seu caderninho que havia comprado em Manchester, escreveu trechos aleatórios, rabiscava e apagava, reescrevia e por fim saiu duas coisas que poderiam ser chamadas de músicas. Mostraria pros meninos e talvez eles ajudassem a finalizar. Foi naquela noite que ele teve certeza que ela era seu pesadelo favorito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Remember when we used to be fluorescent adolescents?
FanfictionOs Arctic Monkeys estão crescendo no mundo da música, e rápido. Depois de conhecerem uma Banda integrada só por garotas no Leeds, Alex começa a sentir algo pela vocalista. Mas todos sabemos que um relacionamento a distância é difícil, principalmente...