— xiu, parece estar acordando! — escuto alguém dizer enquanto eu tentava abrir meus olhos com um pouco de dificuldade.
Quando finalmente consegui, vi duas pessoas olhando pra mim com uma expressão ansiosa e aparentemente preocupada. Um deles era um rosto familiar, cabelos ondulados bagunçados, olhos esverdeados com uma boca absurdamente bonita, apesar de não estar entendendo nada disso, olhar para ele era muito bom. A outra era uma garota, cabelos ruivos e olhos tão claros quase da cor do seu cabelo, era esquisita mas muito bonita. Voltei a olhar pro garoto.
— ah, merda, ela não pode ficar aqui — a garota ruiva fala irritada.
— olá, está bem? — tento me levantar mas me sinto fraca e acabo caindo de volta na cama com uma certa pressão — vem cá, me deixa cuidar de você — ele diz com uma voz doce, acolhendo minha alma e me prendendo ao transe do seu olhar.
O garoto me ajuda a levantar apoiando sua mão nas minhas costas.
— quem são vocês? Como eu vim parar aqui? — dou uma olhada no lugar, tinha luzes por todos os lados e as paredes eram de vidro, tinha muitas pessoas circulando lá fora — que lugar é esse?
— eu sou a Lori e ele o Ethan, o resto você não precisa saber, só deu muita sorte de ter nos conhecido e muito azar por ter parado aqui. — olho ainda confusa pra ela.
— as sombras estavam atrás dela! Isso não é uma coincidência, Lori!
— se o Pascoal souber que tem uma humana aqui, ele nos mata!
— você acha que uma sombra iria procurar uma humana? Veja, pense, é parecido com o que houve com o Christopher Parrish e sua esposa...
— espera, o que meus pais tem haver com isso tudo? — digo interrompendo aquela conversa ridícula. Eles me olham assustados.
— o pascoal não vai acreditar nisso... — ela diz de boca quase aberta e espantada. O Ethan havia ficado mudo, e eu ainda estava confusa.
— por favor, me expliquem algo... antes que eu... enlouqueça — digo colocando as mãos na cabeça quase que implorando pra eles.
— Lori, chame o Pascoal. — Lori sai imediatamente e ele se senta na minha cama. De alguma forma eu sentia arrepios inexplicáveis quando seu corpo se aproximava do meu. — Elle Parrish?
— vocês sabem meu primeiro nome mas não sabem o segundo?
— as sombras estão atrás de você. Não tínhamos nenhum ponto fraco até elas aparecerem pela primeira vez no "acidente" dos seus pais... — ele faz gesto de aspas com a mão — pensávamos que você era humana até segundos atrás, mas pelo fato de ser filha do Chris, tudo faz sentido... E aliás, não podemos ter filhos por aqui, é uma regra, por isso o Pascoal precisa saber. — ele explicou tudo com muita calma, como se também estivesse processando o que acabara de acontecer.
— o que quer dizer com "humanos"? Você por acaso é algum sobrenatural lobisomem? — ele solta uma risadinha calma que o deixava incrivelmente atraente.
— Lobisomem não. Somos imortais. Por algum motivo a natureza nos escolhe, simplesmente nos escolhe, Elle... mas no seu caso, deve ser de sangue, isso te torna mais forte e invencível, por isso aguentou tanto com as sombras. Geralmente acontece aos dezenove anos da vida. Você tem quantos?
— dezenove... — digo rápido demais, tentando acreditar em algum vestígio de verdades naquilo.
— você é absurdamente forte. Apesar de ser nova, é bem mais que eu.
— como posso acreditar nisso tudo?
— se quiser eu posso te dar uma facada mortal para comprovar... — espero uma confirmação de brincadeira mas ele realmente estava falando sério — na verdade não gosto de machucar garotas, peça a Lori.
Ele se levanta e fica caminhando em círculos. Aquilo não era completamente patético, meus sonhos depois que meus pais morreram, as sombras, as dores de cabeça...
— se sou imortal porque minha cabeça doía e eu quase desmaiei em um tipo de crise?
— dizem as lendas, que filhos de imortais...
— meus pais eram imortais? — interrompi ele no mesmo segundo. Ethan faz que sim com a cabeça discretamente. Como eu não sabia de tudo aquilo? Era muitas coisas pra poder processar em tão pouco tempo.
— filhos de imortais são espetacularmente fortes e sentem dores parecidas com a morte pouco antes da transformação...
— e os sonhos?
— antes da nossa transformação, todos nós temos por noites e noites, até que acordamos em um lugar desconhecido e assustador, e puff...
— eu tinha acordado naquela floresta sem saber como... e alguém me levou antes da tal sombra me consumir.
— fui eu que te tirei de lá, Elle — ele diz olhando nos meus olhos, de uma forma completamente diferente dos últimos minutos. Fico em transe com seu olhar esverdeado, até que a Lori entra.
— Pascoal estava ocupado, não quis me atender. Então eu pensei melhor, o que acha de falarmos que ela é nova e ocultar toda a história? — Lori diz nervosa — de qualquer modo, fazemos parte disso agora, se ela se ferrar, estamos ferrados também.
— não tinha pensado no que ele poderia fazer com ela... — ele diz com os olhos ainda focados em mim. Senti um desconforto bom em ter sua atenção.
— quantos anos vocês tem?
— já devia ter me acostumado com essa pergunta — Lori diz sorrindo sarcástica — eu tenho cento e dezenove. Os cem anos mais infelizes da minha vida — ela sorri e vai em direção a porta — se precisarem de mim, vou estar nas montanhas. — e logo sai.
— e você?
— não queira saber. — ele pega uma pequena mochila que estava no canto da parede e coloca nas costas.
— são mais de duzentos?
— é melhor não saber, Elle. Vamos! — me levanto e começo a acompanhar ele.
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A imortalidade do Amor
FantasiElle é uma garota completamente diferente das outras e ela está prestes a descobrir mais sobre isso. Pessoas estranhas começam a aparecer pra ela, e somente ela, trazendo questionamentos sobre o acidente de carro dos seus pais e até sobre ela mesmo...