Capítulo 7

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Passei algumas semanas na rua após a discussão com Tom, o frio estava dominando toda a cidade há alguns meses. Até tentei retornar para casa, fui até o Beco Diagonal, mas todos pareciam me julgar com os olhos.

Foi quando por puro desespero, vendi o medalhão do meu ancestral Salazar Slytherin em uma grande loja, eles não me pagaram muito, certamente porque aquele colar velho não deve valer nem mesmo o casaco velho que me deram.

Eu havia chegado em Londres há poucos dias, o chão nunca esteve tão gelado. Algumas senhoras se ofereceram para me ajudar, elas parecem preocupadas comigo.

— De onde você é minha querida?

— Little Hangleton — respondo, aquecendo meu corpo em frente à lareira.

— Você tem alguém que possamos avisar que você está bem? Família, amigos?

— Ah, tem o meu marido — suspirei. — Mas eu acho que ele não liga.

— Ah querida, não diga uma coisa dessas. Venha comigo, vou lhe dar algo para comer e depois pode tomar um banho quente. Certo?

— Sim, muito obrigado.

Após alguns minutos, as senhoras retornaram com uma grande panela quente e um prato fundo com diversos legumes e macarrão. Mesmo sempre odiando sopa eu não estava em posição de me negar a comer, elas estavam me ajudando e sequer me conheciam.

— A sopa está ótima — sorri as olhando.

— Obrigado.

— Aqui estão algumas roupas para lhe aquecer, me acompanhe, vou lhe mostrar o seu quarto.

— Desculpa a pergunta, mas onde estamos?

— Em Londres.

— Não, aqui. O que é esse prédio?

— Aqui é um orfanato querida, nós ajudamos crianças desabrigadas ou que a família não tem condições para criar e fazemos esse trabalho. Algumas são adotadas por outras famílias, mas infelizmente a maioria fica.

— Ah, eu posso trabalhar aqui?

— Como? — A mulher me olhou confusa.

— Bom, meu filho e eu precisamos de um lugar para ficar. Eu posso ajudar na cozinha e moramos aqui por um tempo.

— Bom, é preciso falar com a Madre Josephine, mas acredito que ela aceitará — disse, abrindo a porta.

— Boa tarde irmã. — Uma mulher a cumprimentou saindo do quarto em que ela abriu.

— Boa tarde, irmã.

— Ah, vocês são irmãs? — A encarei confusa entrando no quarto.

— Não de sangue, mas de algo muito maior. Tome o seu banho e lhe explicarei tudo.

A irmã Lucinda, como ela me mandou a chamar, saiu do quarto e me deixou sozinha para tomar um banho quente. Senti minha pele arder quando entrou em contato com a água quente, senti tanta falta disso quanto sentia a falta de Tom. Rapidamente sai dos meus pensamentos quando senti minha barriga ser chutada.

— Aí querido, vai com calma. A mamãe já vai terminar o banho e vamos ficar bem, as senhoras boazinhas vão nos ajudar — suspirei, encarando minha barriga e a acariciando. — Eu já te amo tanto meu pequeno Tom, não existe um mundo onde eu viveria sem você.

...

O fim triste de Mérope Gaunt sempre assombrou seu único filho, talvez se ela soubesse que não suportaria o parto naquela noite, talvez tivesse lutado mais para sobreviver. As irmãs do orfanato a ajudaram durante seu parto e antes mesmo que ela pudesse ver seu filho, seu corpo não aguentou.

© Expresso Fic & Calina D.L.
São Paulo – Brasil, 2020

Obsessão: Mérope GauntOnde histórias criam vida. Descubra agora