Capítulo 3

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Havia se passado seis meses que meu pai e irmão foram presos, no início foi difícil lidar com as dificuldades diárias, muitas noites eu passei frio, pois quem acendia a velha lareira era meu pai que usava a magia para isso.

O pouco dinheiro que eu havia recebido ajudando a senhora Hudson, me ajudou a comprar algumas velas aromáticas, o que foi uma ótima ideia já que o cheiro de mofo era terrível no casebre.

— Senhora Riddle, gostaria de mais alguma coisa? — pergunto, terminando de guardar suas roupas.

— Ah querida, está ótimo assim — respondeu, um pouco desanimada.

— Me desculpe a intromissão, mas está tudo bem? — A encarei curiosa.

— Não quero te encher com meus problemas, mas o aniversário de Tomás está chegando e organizar tudo sem uma governanta...

— Ah, pensei que a senhora Forbes estivesse trabalhando aqui.

— Estava, mas o marido foi transferido para outra cidade e ela foi junto.

— Ah, é uma pena — suspirei. Até pensei em me candidatar para a vaga, mas Tom jamais me olharia além de “A garota que me serve”, eu quero ser vista por ele — Posso te ajudar com a organização da festa.

— Você é uma querida, Mérope — sorriu. — Mas é muito trabalho, se puder me indicar alguém.

— Posso falar com a senhora Hudson.

— Acha que ela aceitaria?

— Posso perguntar.

...

— Nem pensar!

— Ah, por favor.

— Você sabe que é impossível, Mérope! Preciso cuidar dos gêmeos, tenho trabalhos para terminar.

— A senhora Riddle irá pagar bem! Pense, vai trabalhar das dez às sete da noite e pode descansar todos os dias.

— E o que faço com os gêmeos? Não posso deixá-los sozinhos enquanto trabalho, eu sei que o dinheiro é bom.

— Posso cuidar deles. — A senhora riu me olhando.

— Você ao menos sabe tomar conta de crianças?

— Claro que sei, faço um ótimo trabalho e eles me adoram.

— Estamos falando de um dia inteiro, não de alguns minutos.

— Eu sei, mas penso nessa vaga como uma ótima oportunidade.

— Sabe que não vai poder ficar indo na casa deles, não? Afinal de contas, a lavagem será feita lá.

— Eu sei, mas isso são detalhes! Por favor, meu aniversário está chegando.

— Isso é injusto.

— Vou fazer dezoito anos e não tenho pretendentes, isso é injusto.

— Sabe o que essa palavra significa? — riu fraco.

— Quando eu estiver casada com Tom, vou dar a melhor educação desse país para os gêmeos — suspirei. — Nunca mais teremos que trabalhar, viveremos com luxo.

— Você é maluquinha.

— Acredita em mim, tudo vai dar certo.

Alguns dias se passaram, depois de muita insistência finalmente a senhora Hudson cedeu ao meu pedido e aceitou trabalhar na casa da família Riddle. Mesmo que eu não pudesse ver Tom com tanta frequência, essa seria a minha passagem para aquela casa.

— Timmy! Não bata no seu irmão — alertei um dos gêmeos. — Chuck fica chateado. — O peguei no colo — Sorte a sua ser fofo.

Mesmo tendo que passar meu aniversário de dezoito anos cuidando de bebês, era por uma boa causa. Em poucos minutos Timmy adormeceu em meus braços, Chuck estava brincando com um cavalinho em cima da cama.

Me aproximei de seu berço e coloquei o bebê em cima da manta, cobri Timmy e assim que me virei percebi Chuck se desequilibrando na cama, tentei pegá-lo antes que alcançasse o chão mas foi em vão, algo que jamais pensei que pudesse fazer aconteceu. Chuck estava flutuando a poucos centímetros do chão, o peguei de volta e coloquei na cama tentando entender o que havia acontecido.

— Incrível — sorri, olhando em volta.

...

Voltei para casa um pouco mais tarde, já que a senhora Hudson precisou ficar até um pouco mais tarde. Ela me deu um bolo de aniversário, mesmo sendo pequeno significava muito para mim.

Esse foi o primeiro aniversário que passo sem a minha família, às vezes sinto a falta da casa cheia, mesmo que no meu aniversário de dezesseis anos papai tenha brigado comigo por queimar o nosso almoço, ainda sim era a minha família.

Encarei alguns livros velhos que ficavam na estante, nós nunca podíamos mexer ali, papai não permitia. Alguns eram livros de feitiços, magia das trevas e outros apenas poções simples. Frequentei até o terceiro ano em Hogwarts, mas quando meu pai soube que mestiços e nascidos trouxas eram permitidos na sonserina ele me tirou imediatamente da escola.

Não consegui aprender muito, apenas feitiços simples, já que a minha magia nunca foi tão forte quanto a das outras crianças. Peguei um livro e o abri, adoraria poder fazer poções, mesmo que o acidente com Chuck tenha sido apenas um reflexo, ainda posso usar magia.

— Poções que não devem ser usadas de maneira incorreta — sorri, observando as gravuras. — Amortentia, a poção do amor.

© Expresso Fic & Calina D.L.
São Paulo – Brasil, 2020

Obsessão: Mérope GauntOnde histórias criam vida. Descubra agora