𝙽𝚘𝚟𝚎

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-Eu estou bem...

Afirmo calmo e sem o olhar. De alguma forma aquelas palavras eram mentira, eu não estava bem, o meu corpo estava gelado e algo em mim estava estranho, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Ele olha para mim preocupado, a sua mão volta ao meu rosto tapando os meus olhos impedindo-me de ver.

-Tens de ir à enfermeira.

Escuto a sua voz doce falar, mas identifico os meus sentidos a perder-se. Eu sei que ele está perto, ele está a carregar-me, mas eu não sinto. "Está frio"
Sou pousado numa cama, não sei qual, mas sinto que é um espaço confortável e bom.

Sorriu para ele, nem sei se ele viu, mas sei que depois disso adormeci calmo.

Os meus olhos vão abrindo depois de um tempo, não sei quanto ao certo, mas os raios de sol batiam na minha cara, algo que me fez sorrir alegre.

-Bom dia!

Falo alegre sem entender bem o porquê.

-Bom dia Thomas!

Ouso uma criança falar, algo que me espanta quando olho para os lados tentando achar  o dono da voz. Procuro por toda a sala onde estava, algo que me deixa confuso. Parecia uma sala antiga, daquelas casas de pedra de alguns anos atrás, mas mesmo procurando não achei ninguém naquela sala. Levantei-me com alguma dor na cabeça, ainda estava um pouco tonto, algo que nem me permitiu ver a túnica branca que eu estava a vestir.

Sai de cima da cama onde estava e deixei os meus pés tocar no chão frio de pedra. Um leve arrepio subiu pela minha espinha, ao sentir aquele toque gélido. Andei calmo até à porta de madeira que havia ali, rodei a maçaneta de forma calma e entrei no que julgo ser um corredor. Uma coisa eu tinha a certeza, eu não estava na minha escola, eu estava num local, que não sei bem como explicar, mas era cheio de cores mortas. Fui andando para perto de uma janela que ficava no fundo do corredor, ela era pequena e nova, mas ao mesmo tempo muito antiga.

Eu estava confuso com o lugar onde estava e quando senti uma mão, puxar a borda da túnica mais confuso fiquei ainda. Olhei para trás e fui recebido com o sorriso de um pequeno rapaz. 

-Olá Thomas! Estamos a precisar de ajuda na cozinha, a Helena está com dificuldade a tratar as crianças.

Diz o pequeno menino que pega na minha mão direita e leva-me dali. Ele tinha olhos roxos de um roxo vivo, o que estranhei, tinha cabelos pretos e uma pele demasiado pálida. Enquanto sou puxado pelo corredor, não paro de olhar para o menor. As roupas que ele usava eu podia comparar a um saco de batatas e vê-lo assim descalço magoava-me no coração, sem contar que se notava a má alimentação na estrutura do seu corpo.  No final de contas, acabei por ser levado a uma casa de cozinha que, ficava no meio do que julgo ser o jardim daquela casa antiga.

"Nesta altura gostava de poder ter "ele" ao meu lado, não entendo o que se passa... Estou com medo do que vai acontecer"

Perdido em meio de pensamentos acabo por ser acordado com um beijo na bochecha.

-Eu vou brincar com o  Xavier e com o Felipe! Espero que façam algo gostoso hoje! Afinal é um dia especial hihi!

Confuso vejo a criança partir indo alegre para os campos verdes do jardim.

-Bom dia meu anjo!

Uma voz feminina e calma fala mudando a direção do meu olhar. A primeira vez que a vi assustei-me, talvez fosse o facto de estar um pouco tonto, mas tinha jurado ver um esqueleto vivo nos primeiros minutos. Abanei a cabeça para tentar ver se era a minha cabeça a pregar-me alguma partida ou algo do tipo. Andei até à senhora alta de pele pálida e cabelo loiro que me sorriu meiga.

-Podes ir voar um pouco se quiseres meu traquina! Acabas-te de acordar há pouco! Só lembra-te de seres rápido e que nenhuma das crianças te veja. AH! Eu consegui um pouco de açúcar e amoras para fazer um bolo para todos... Eles ficaram tão animados com a ideia da festa de anos que não os quero desapontar...

Fala pesado enquanto bate o que julgo ser a massa dos bolos. Ela usava coisas antigas e só quando vi uma vela naquela sala é que entendi que não estava propriamente numa zona moderna. Entrei em pânico por uns segundos, pois caí logo para o lado perdendo a consciência.

-Thomas! Thomas! Acorda!

Aquela mesma voz falava enquanto abanava o meu corpo. Ela embalava-me com as suas doces mãos no meu cabelo e aquele sorriso doce. Rapidamente dei um pulo para trás e afastei-me dela.

-Não me toques!

Gritei assustado, enquanto me aproximava da parede.

-Quem és tu? Onde estou? Que raio de mundo é este?

Bombardeio a moça com perguntas e ela também me olha espantada.

-Ah... É isso...

Ela sussurra com uma mão na boca. Assutado levanto-me e vou a correr até á porta apresado. Os meus olhos arrepiam-se ao ver a claridade e meio atrapalhado caiu com um grande peso nas costas.

-Argh* Doeu...

Resmungo levando a mão à anca. Tento voltar a ficar de pé, mas não me é possível. Tento até gritar por ajuda, mas é como se ninguém me ouvisse. Em questão de segundos, o meu corpo é elevado do chão de alguma forma sou levado de novo para aquela casa de cozinha.

-Não sei como chegaste aqui... Ou como entras-te no corpo dele... Mas não te vou deixar profanar este corpo!

Levo uma forte pancada na cabeça, não sei bem com o quê, mas doeu. Não sei como mas devo ter voltado a adormecer. Respiro fundo sentido novamente que estou numa cama  e quando vou para abrir os olhos levo com um balde de água na cara.

-Bom dia bela adormecida!

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Espero vos ter confundido bastante, se não espero que estejam a começar a entender algo.

Este capitulo demorou um pouco mais a fazer pois tive de pensar bastante bem no que fazia, mas, espero sinceramente que tenham gostado.

Ah! E se o Thomas desmaiou muito, a culpa é dele por ser trouxa.

Então vá meus amores.

bjs e até o próximo capitulo!

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My sweet doppleganger - YaoiOnde histórias criam vida. Descubra agora