VIII. Mamadas sigilosas

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Lee Minho

As coisas estavam avançando calmamente com Jisung. O que era bom, porque ir rápido demais me assustaria e assustaria a ele também.
Conversávamos muito, por telefone e pessoalmente. Descobri que Jisung tem uma voz muito bonita, então quase sempre eu o intimava a cantar para mim durante nossas ligações noturnas.

Agora também nos encontrávamos no campus, para almoçar ou casualmente (ou talvez nem tanto, confesso que mudava meu caminho pra gente se esbarrar de propósito), longe dos meus amigos e também dos dele.
Dia desses cometemos o erro de deixar Felix e Hyunjin no mesmo ambiente, e o tanto de piadas de duplo sentido que ouvimos não tá contado.
Então, por segurança, a gente almoçava escondidos do povo.

A única coisa que me frustra é que a gente não deu nem um beijo ainda. No máximo, uma bitoquinha. E não foi por falta de tentativas.
Eu não sei que putaria é essa do universo com a nossa cara, mas sempre tem alguém ou algo pra atrapalhar.
Não tô brincando. Semana passada, quando a gente se escondeu debaixo da escada pra almoçar, a gente se olhou, aquele clima pintou de novo, e a gente ia. Mas um macarrão ficou preso na minha garganta e eu achei que fosse morrer.

Fora outros pequenos acidentes, mas o pior foi quando levei Sungie num restaurante que havia acabado de inaugurar, e na hora que a gente conseguiu dar um selinho, uma telha soltou e caiu na cabeça dele.
Acho que no dia que a gente se beijar mesmo, alguém morre.

E para o deleite de Lee Felix, agora trabalhamos juntos e ele pode me provocar com coisas sobre o Jisung. Com certeza ele amou isso. E maldita hora que ele e Hyunjin viraram amigos porque eu não tenho mais um minuto de paz.
Semana passada, eles estavam em vídeo chamada, e me flagraram em (outro) momento extremamente vergonhoso.

– Minho hyung, tu curte esses negócios de BDSM?

Eu, que calmamente tomava meu refrigerante, me afoguei com a pergunta.

Puts, o Lino? Nem fodendo. – Hyunjin respondeu por mim.

Uma pequeno momento de silêncio, até Felix dar um sorriso demoníaco.

– Uma pena, porque o Jisung gosta.

Nesse momento, todo refrigerante que estava na minha boca automaticamente saiu pelo meu nariz, ardendo como o inferno. Quis socar aquela Coca-Cola no cu do australiano, mas me segurei.

Hoje, organizando prateleiras, notei que Felix havia deixado seu celular desbloqueado no balcão enquanto ia levar o lixo para os fundos da loja. Me aproximei do aparelho, e fiquei surpreso com o que vi: a chance perfeita de revidar as provocações dele.
Porque, por alguma razão, o wallpaper do garoto era uma foto de Changbin.

O sininho da porta tocou e um Yongbok muito assustada passou por ela.

– Minho, liga pra polícia.

– O que? Por que? – O olhei, confuso.

Suas pequenas mãos tremiam enquanto digitava no celular.

– Tá tendo um assalto ali nos fundos, e tenho certeza que daqui a pouco somos os próximos.

O observei, ainda sem entender o que ele estava dizendo. Não era possível, ali era uma área extremamente segura.

– Como você sabe que é um assalto?

Felix, que estava andando de um lado para o outro da loja enquanto passava a localização de onde estávamos para a polícia, rapidamente tirou o celular do pé do ouvido e veio até mim, espumando de ódio.

– O cara tava ajoelhado depois de levar um tapa, eu ouvi ele falar "Passa tudo o que você tem aí" e não é um assalto, Minho? – As bochechas dele estavam começando a ficar vermelhas. Jisung me disse que isso acontecia depois do Lee chorar muito, ou, nesse caso, estar muito puto. Ops. – Se não for assalto, é o que? Um boquetinho no entulho, porra?! Não é nem você e o Jisung para ficar dando mamada no sigilo.

Se o objetivo dele era me deixar com raiva, parabéns, havia conseguido.

– O único que quer mamar alguém em segredo aqui é você, Lee Felix! E quer mamar o Changbin!

Eu realmente não sei como chegamos até ali, falando de mamadas sigilosas, sendo que, segundo Felix, alguém estava sendo roubado do lado de fora.
O fato é que na nossa discussão sem sentido, não ouvimos a porta abrir, e quando um cano gelado encostou na minha nuca, entendi que a súbita palidez e a boca aberta de Felix não se deviam à descoberta de sua paixonite pelo Seo, e sim a alguém atrás de mim, muito provavelmente segurando uma arma ou algo do tipo.

– Abre a porra do caixa e me dá tudo que tem lá dentro.

O garoto imediatamente foi para trás do balcão, se atrapalhando todo para abrir o caixa.
A mão do assaltante se enrolou na gola da minha camisa, e agora ele me puxava como quem passeia com um cachorro.

Felix ainda não havia conseguido abrir a gaveta que continha as notas de dinheiro, e eu estava cada vez mais ansioso, com medo do ladrão se enfurecer e me dar um tiro.
Eu já estava quase me soltando das mãos dele e indo abrir eu mesmo.

– Felix, – eu disse, calmamente. – você precisa puxar a gaveta ao mesmo tempo que pressiona o botão que abre.

Depois de várias tentativas, ele finalmente conseguiu, e passou a coletar as cédulas.

Nisso, o assaltante me soltou de repente, praguejando por algum motivo que eu desconhecia. Ainda assim, o medo de eu ter feito algo me deixou apreensivo.
Porém, era apenas o elástico da máscara que ele usava que havia se soltado, revelando seu rosto.

Puta que pariu.

– Não olhem pra mim! Não olhem pra mim, porra! – Na mesma hora, colei meus olhos em meus tênis, enquanto o cara me empurrava e passava a apontar a arma para a cabeça do loiro no caixa. – E anda logo isso, caralho! Não tenho o dia todo.

Eu não ousava sequer levantar o olhar, e esperava que Felix estivesse fazendo o mesmo.
Mas ao que parece, o garoto não tinha um pingo de amor à própria vida, porque no segundo em que o bandido desviou sua atenção para atender ao telefone, ele o encarou fixamente.

Puta merda, a gente vai morrer.

Junhee, sai daí. Parece que já chamaram a polícia. – O tal Junhee devia ser meio burro, porque não tirou o celular do viva-voz, e agora, além de termos visto seu rosto, sabíamos seu nome. O que talvez fosse dar muita merda pro nosso lado.

Ele provavelmente iria nos matar ali mesmo, se não fosse a polícia estar vindo, então se contentou em me acertar um chute na boca e um soco no nariz de Felix, para depois sair correndo.

Mas o olhar que ele nos deu antes de ir só dizia uma coisa: ele iria voltar.




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⏰ Última atualização: Mar 05, 2021 ⏰

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