VII. As melhores da Doja Cat

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Han Jisung

Não sei, mas hoje o dia amanheceu mais bonito, mais vivo, mesmo que meu cabelo estivesse com um puta cheiro de fumaça.
Coloquei minha playlist das proibidas para tocar enquanto tomava banho e fazia minha rotina de skincare. Deixar a pele do rosto bem macia pra quando alguém fosse colocar a mão no meu rosto.
Só as melhores da Doja Cat, o que significava toda a discografia dessa mulher.

Saí do banheiro enxugando meus cabelos, e essa era a quinta vez que eu os lavava. Um cheirinho de lavanda queimada mas pelo menos era um aroma melhor.

Na cozinha, os outros moradores da casa tomavam seu desjejum, conversando animadamente. Provavelmente falando mal dos outros, não fazem outra coisa. Nem notaram minha presença.

– Muito bom dia, amigos. Está uma linda manhã, não? – Os cumprimentei, pegando minha xícara com desenho de pinguins.

Quando os olhei novamente, todos me encaravam como se eu estivesse ficando maluco. Ué, o que eu fiz?

– Jisung, o mundo tá desabando em chuva lá fora. Tá ficando doido? – Seungmin sempre estragando meu dia.

E aí eu fui reparar que Felix, que absolutamente odeia frio, parecia uma bolinha usando uns três casacos, calça grossa de moletom e meias de lã nos pezinhos.

Jeongin colocava calda em suas panquecas com rostinhos desenhados, tão fofo que eu queria chutá-lo.
Nota mental: chutar Ryujin também, que nunca fazia essas panquecas para mim.

– Como foi seu encontro ontem, hyung? Você chegou fedendo.

Que Felix era um fofoqueiro, não era nenhuma surpresa. Sabia que ele ia contar pra todo mundo que eu havia saído com Minho.
E eu planejava contar para eles também, mas depois do incidente vergonhoso da loja de conveniência (que tivemos que ajudar a limpar sob a vigilância de um Mark Lee muito puto), só cheguei em casa e dormi.
Felix e Jeongin, que agora dividia o quarto conosco, tiveram que aguentar aquele cheiro maldito de plástico torrado.

E apesar de tudo ter dado errado no final, num contexto geral, foi bom, muito bom. Minho era um cara legal, engraçado e gentil. Um pouco fodido também, mas que universitário não é?
Também não posso esquecer que ele iria me beijar. Sim, Lee Minho iria me beijar. E eu teria deixado, juro. Posso ser meio burro às vezes, mas uma oportunidade dessas eu não dispensaria.

Mas infelizmente, eu tive que cuidar da merda do microondas, porque seria realmente um caralho a gente morrer asfixiado depois do nosso primeiro beijo. Não, nada romântico.

– Foi legal. A gente conversou muito, ele é ótimo. Flagramos Zhong Chenlo e Jeno Lee em um encontro na sorveteria. – Felix abriu a boca, pronto para colher informações, mas não o deixei perguntar nada. – E sobre o cheiro de queimado, é que Minho também é meio burro, e colocou o miojo sem água no microondas.

Ryujin me deu um tapa no braço, e lembrei que ela também já tinha feito isso. Acho que o "meio burro" afetou a menina.

– E beijo, rolou? – Ai, esse Yongbok sempre invadindo a privacidade dos outros.

Neguei com a cabeça.

Quatro pessoas começaram a gritar comigo ao mesmo tempo. Preferia jogar café quente na minha cara do que ouvir sermão daquele povo.
Felix tudo bem, ele é uma vadia de atitude, mas de Ryujin e Seungmin, que mal haviam beijado na boca, era muito absurdo.
E Jeongin mal tinha saído das fraldas, então não tinha muita moral ali.

– A loja tava quase pegando fogo, vocês acham mesmo que eu ia enfiar minha língua na boca dele assim?

– É, aí tu me pegou no argumento. – Jeongin coçou a cabeça.

Felix levantou, saindo da mesa e indo se jogar no sofá da sala.

– Falando nisso, o Mark pediu demissão de lá. Fiquei sabendo no grupo da faculdade. – Comentou, se enrolando em um cobertor. Caralho, e nem tá tão frio assim. – Mexi os pauzinhos e fiz ele me indicar no trampo dele. Agora vou trabalhar na loja, com outra pessoa. E não, não sei quem é.

Uma ótima notícia, já que ninguém ali trabalhava de verdade. Jeongin recebia ajuda dos pais, Ryujin e eu contávamos com a bolsa da universidade e Seungmin fazia trabalho de aula dos outros por dinheiro (e alguns colegas dele abusavam da boa vontade dele às vezes).
Na maior parte do tempo, vivíamos de bicos.

Imediatamente, pulamos em cima do australiano no sofá, o abraçando e parabenizando.
O puxamos de volta para a mesa, Ryujin prometendo fazer panquecas de comemoração.
E ali estávamos como uma verdadeira família feliz, o que éramos mesmo, quando Seungmin fez questão de soltar uma bomba.

– Fiquei com Christopher Bang ontem.

O mundo parou por alguns segundos.
Então, Jeongin soltou sua xícara no chão (dramático, vai limpar toda essa merda depois) e Ryujin se queimou com a manteiga.

– Ai, caralho!

Felix tinha no rosto a mesma expressão que faz quando tem que comprar +4 no Uno. Seus olhos passaram por cada um de nós, em busca de respostas, mas o único que podia dá-las era o garoto sentado do outro lado da mesa.
Quando a ficha caiu, a surpresa deu lugar à indignação.

– Como que pode isso, velho? Eu tô aqui há dois anos tendo uma puta queda no Changbin, e tu vai e me beija o Bang assim, do nada? – O rosto do meu amigo estava vermelho, acentuando suas sardas. – Eu sonhando que meu crush me desse um "bom dia" e esse palhaço do Kim vai e beija o dele!

Seungmin não parecia tão entusiasmado quanto a gente, eu não entendia bem o porquê.
Tipo, eu não era a fim do cara nem nada, mas não podia negar, ele é muito atraente. E já faziam alguns meses que Minnie vinha reparando nele.

– Acho que ele só me beijou porque ele e BamBam deram um tempo de novo. – Deu de ombros. Ah, então era isso. – Tudo bem, foi só um beijo, mas quis contar pra vocês.

Ryujin o abraçou pelos ombros, na tentativa de consolá-lo.

– Sinceramente, namoro ioiô assim é uma merda. Mas beleza, não é da minha conta, nem conheço direito. – Jeongin se retirou da mesa, indo para nosso quarto. Com esse clima, provavelmente iria passar o dia dormindo.

– Relaxa, Min, uma hora ele se toca que tem gente muito legal a fim dele. E se não, bola pra frente.

Felix deu um beijo na testa de Seungmin e seguiu Jeongin para o quarto.

Eu estava prestes a falar algo também quando meu celular começou a vibrar com uma sequência de mensagens.

Sorri. Era Minho me chamando para almoçar.

É, definitivamente o dia estava bonito.

Loving by ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora