Capítulo 1.

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Narrado por Josh.

ㅡ Nem ela conseguiu te amar, porque você é um monstro! ㅡ Suas palavras me desconcertaram, me fazendo por um momento olhar no fundo de seus olhos castanhos, em uma espécie de transe. Pisquei meus olhos repetidamente de maneira rápida, voltando a me concentrar na situação. O olhar raivoso da garota sobre o meu me deixava ainda mais irritado. Meu corpo todo esquentou e uma onda de adrenalina, junto de raiva me fez em um ato rápido retirar a faca de seu pescoço e a levar para seu abdômen, onde a enterrei.

Os olhos arregalados de Any deixaram algumas lágrimas cair, deslizando por suas bochechas e então parar em seu queixo. Seus lábios abertos em formato de O, assim como os meus. Ambos estavam apavorados com a situação. Porém, a expressão de Any se amenizou, como se estivesse aliviada.

Seu corpo ameaçou cair e então o segurei, largando a dos cachos marrom sobre a grama esverdeada. Deixei uma leve carícia sobre sua bochecha.

ㅡ Eu achei que você era diferente, querida. Acontece que me enganei mais uma vez. ㅡ Deixei um beijo demorado sobre sua testa.

Me coloquei em pé, encarando o corpo dela deitado sobre o chão. Seu olhar estava distante, como se estivesse em algum devaneio.

ㅡ Eu estou livre... ㅡ Sussurrou, com as forças que lhe restara. Uma lágrima solitária escorregou por sua bochecha.

A garota fechou seus olhos de maneira lenta. O sangue manchou toda sua roupa e estava sujando a grama. Eu não poderia deixar rastros. Corri até a varanda da casa e empurrei a porta que estava entreaberta. Corri até a lavanderia onde havia um grande pano branco usado para limpar o assoalho. Corri para o lado de fora novamente e amarrei o pano ao redor da cintura de Any, o posicionando em cima de seu ferimento. Não havia chances da garota sobreviver, mas eu não poderia deixar nem uma pista que pudesse me incriminar. O sangramento havia parado. Coloquei o corpo da garota sobre meus ombros, soltando um gemido ao ter dificuldade para me colocar em pé por conta do peso. Dei passos longos, porém vagaroso até as árvores que iniciavam a enorme floresta. Andei mais de um quilômetro até conseguir ouvir a correnteza se chocar contra as enormes pedras que haviam no rio. Andei até um amontoado de grandes pedras, e sobre elas eu tinha a visão de grande parte do caminho que aquele rio fazia. Respirei fundo, enchendo meus pulmões.

ㅡ Adeus, Any. ㅡ Sussurrei, sendo possível que apenas eu escutasse, até porque havia só nós dois ali, e ela estava morta em meus braços.

Tomei impulso e joguei Any, livrando-a de meus braços e a deixando cair na água. Sua Imagem logo desapareceu entre a correnteza.

Fechei meus olhos, sentindo o que parecia ser tristeza pelo acontecido. Me virei para o lado contrário e abri meus olhos, aquele sentimento havia ido embora, assim como eu.

Andei pela escuridão da mata, tentando seguir o mesmo trajeto que fiz ao ir para o rio.

Enquanto caminhava, me vieram lembranças de Any. Eu não me sentia triste e muito menos culpado pelo acontecido, eu já havia matado outras vezes, e pra falar a verdade eu gostava disso. Não posso mentir que minha parte favorita é brincar com a presa, era prazeroso encarar seus olhos apavorados, pedindo por ajuda. Confesso que iria sentir falta disso, pelo menos até eu encontrar alguém mais interessante para brincar, ou, se dessa vez der certo, alguém que eu consiga amar.

Apesar de todo o trabalho, Any era interessante, uma das melhores prisioneiras. O fato de ter alguém que me confrontasse me divertia, eu sentiria falta disso.

Senti algumas gotas de água caírem sobre meu braço, e assim que olhei para o céu um pingo de chuva caiu no meio da minha testa, descendo até meu nariz e bochecha. Não demorou para que os pingos caíssem em mais quantidade e a chuva tomasse conta de tudo.

Red Jacket - Depois da Vida(CONTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora