Red Jacket - Depois da Vida(CONTO)

Capítulo 8.

Narrado por Sabina.

O despertador de meu celular ecoava por todo o quarto, o que me fez pular imediatamente da cama. Não era muito agradável acordar ao som de uma galinha cacarejando, mas era o único som do alarme capaz de me acordar toda manhã.

Fui direto ao banheiro, onde iniciei um banho rápido, quente o suficiente para relaxar os músculos tensos do dia anterior. Enquanto me banhava, pensei no acontecido da noite passada, a forma como Krystian saiu magoado do restaurante. Eu não estava sendo uma boa amiga ultimamente, e precisava me redimir por isso. Não acho que esteja errada por ainda procurar por Noah, mas acho que não devo prejudicar meus amigos por conta disso, ou estarei me prejudicando também. Heyoon. Sina, Krystian e agora Bailey eram os únicos amigos que me restaram, e eu precisava mantê-los por perto.

Assim que sai do banho, procurei por uma roupa confortável, vesti uma calça jeans, uma camiseta branca e um moletom preto que era de Pepe. Suspirei. Eu não iria chorar, sei que onde quer que ele esteja não iria gostar de me ver triste. Coloquei um all star preto e fui até minha penteadeira, onde penteei meu cabelo e o sequei rapidamente. Encarei meu reflexo no espelho, as manchas ao redor dos olhos haviam sumido e eu parecia bem, não totalmente, mas estava no caminho. Sorri e me afastei da penteadeira, andando até a cama, onde peguei minha pequena mochila e a coloquei nas costas.

Andei calmamente pelas ruas da cidade, o sol batia nas casas e em seus jardins, algumas pessoas já estavam indo para seus trabalhos, outras apenas seguiam dormindo.

Fui a primeira a chegar no trabalho, como de costume. Andei até a sala dos funcionários e lá coloquei meu uniforme, voltando ao saguão e limpando as mesas. Após a limpeza das mesas, me sentei em uma banqueta em frente ao balcão de atendimento e observei meus colegas que iam chegando aos poucos, a maioria com cara de quem não estava nenhum pouco animado com mais um dia de trabalho. Poucos estavam animados, e eu estava ao meio desses dois extremos, nem muito animada mas também não tão desanimada.

O dia passou voando, talvez pelo grande movimento na lanchonete eu não tenha visto as horas passar, e isso era bom, apesar da exaustão, ao menos não tive tempo de pensar em muita coisa. A única coisa que pensei e fiz foi mandar mensagem para 𝖻𝖺𝗂𝗅𝖾𝗒, organizando uma surpresa e um pedido de desculpas em sua casa.

Assim que terminei meus afazeres, peguei minha mochila e corri para minha casa, na verdade, não corri, não tinha energia o suficiente para isso.

Ao chegar em casa, tomei um banho rápido apenas para ter certeza de que não estaria com nenhum tipo de odor esquisito após muitas horas de trabalho e então vesti um conjunto de moletom de cor azul bebê, e calcei um air force branco nos pés. Pude escutar a buzina do carro de Bailey e então corri com minha mochila para o andar debaixo, saindo de casa e a trancando. Andei em direção ao carro de Bailey.

- Olá! - disse com um sorriso gentil no rosto assim que entrei em seu carro.

- Olá, Sabina. - Bailey retribui o sorriso.

Bailey era simpático, ainda assim um tanto reservado.

- Krys deve estar tão furioso comigo.

- Está, mas também está comigo.

- Talvez ele tenha razão, estamos colocando o caso de Noah na frente de tudo.

- Eu sei. Temos que tratar desse assunto quando estamos longe dele, caso contrário ele é capaz de me jogar pela janela do meu apartamento. - Ele brincou.

- Alguma novidade?

- Shivani irá encontrar comigo amanhã para falarmos sobre o caso, ela teve uma viagem de emergência por conta da família mas já está de volta. Mais uma pessoa para nos ajudar.

Concordei com a cabeça, com um sorriso esperançoso no rosto.

O restante do caminho foi silencioso, e assim que chegamos em seu apartamento, entrei por sua porta e vi que Heyoon e Sina já estavam lá, organizando o local com alguns colchões e balões. O bolo que haviam comprado estavam sobre a bancada da cozinha e as pizzas também estavam lá.

Ajudei as garotas com o que faltava, enquanto Bailey terminava de se arrumar. O homem saiu pronto de seu quarto, andando rapidamente em direção a porta de entrada.

- Ele chegou.

No exato momento em que disse isso, a campainha tocou e então Heyoon pegou a bandeja com o bolo e ficou no centro da sala. Sina e eu seguramos alguns balões de cor azul e branco. Bailey abriu a porta e todos gritamos em uníssono:

- Surpresa!

Krystian olhou para nós confuso, mas soltou uma risadinha.

- Me desculpe por estragar seu aniversário - disse me aproximando do garoto. - Queria te recompensar.

Ele sorriu, abrindo os braços e então eu o abracei.

Nos reunimos no sofá e nos colchões jogados pela sala e enchemos nossos estômagos com muita pizza e bolo, assistimos também a vários filmes, um deles era Purple Hearts, com certeza o melhor romance da Netflix que eu já havia visto a muito tempo.

Em meio a tantas risadas, comida e filmes, todos acabaram cochilando, então resolvi fazer o mesmo, não ficaria acordada sozinha.

***

Eu andava pelo corredor de mina casa, e aquela voz continuava a me chamar, ela parecia cada vez mais distante. Desci lentamente as escadas, esperando encontrar a voz la embaixo, mas não havia ninguém. A voz continuava a me chamar, ela parecia estar vindo do lado de fora da casa. Então, andei cautelosamente até a porta da casa e a abri vagarosamente, e ali estava a dona da voz, era Any. A garota estava sentada no chão, segurando Noah ensanguentado em seus braços. Meu coração quase pulou da boca.

Abri meus olhos e dei um pulo do colchão, ficando sentada. Minha respiração estava ofegante e meu coração acelerado. Olhei ao redor e todos estavam dormindo. Aquilo não passou de um pesadelo.

Levantei cuidadosamente para não acordar ninguém e andei até a cozinha. Andei na ponta dos pés para não fazer barulho nenhum, e então abri a geladeira a procura de uma jarra com água. Tive que atravessar a cozinha para pegar um copo, e então servi a água no mesmo e guardei a jarra na geladeira. Apoiei minhas costas na bancada da cozinha e bebi a água, encarando o chão. A cozinha de Bailey era enorme, e havia uma espécie de bancada enorme quadrada ao centro da cozinha.

- Não consegue dormir? - Aquela voz me fez dar um pulinho. Bailey soltou uma risadinha baixa. - Desculpe, não quis te assustar.

- Sem problemas. Eu tive um pesadelo, e você? - Direcionei meu olhar ao homem que vestia uma calça de moletom e uma blusa preta de manga curta.

- Só sede. - Ele disse, servindo água em um copo e bebendo um gole.

Concordei com a cabeça.

Bailey perguntou sobre meu pesadelo e eu o contei, ele disse que poderia estar ligado ao fato de desconfiarmos que Any tem algo a ver com o desaparecimento de Noah. Quando Bailey andou em direção a sala, parei em sua frente, o garoto me encarou confuso.

Em um ato não pensado e impulsivo, apoiei minhas mãos em seus ombros e me aproximei, colando meus lábios aos seus. Bailey ficou imóvel, ainda confuso. E quando me dei conta do que estava fazendo, me afastei rapidamente.

- Ahn... me desculpe. Bailey, foi mal.

O garoto permaneceu imóvel e negou rapidamente com a cabeça, parecendo processar o que havia acabado de acontecer.

- Melhor voltarmos a dormir.

Ele disse, andando até a sala e voltando a se deitar ao lado de Krystian. Bufei, irritada comigo mesma. Eu não podia crer no que havia acabado de fazer. Eu com certeza me tornei a pior amiga do mundo. Eu nem sequer sabia o motivo de ter feito aquilo, só senti vontade e fiz, sem pensar em meu amigo e seus sentimentos.

Voltei para a sala e sem olhar para Bailey, me deitei, fechando os olhos e tentando dormir, mas eu não estava conseguindo.

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