Red Jacket - Depois da Vida(CONTO)

Capítulo 13.

Narrado por Any.

Ao acordar, fiz minha higiene, eu só precisava ir até a casa de Josh pegar algumas roupas que eu havia deixado lá quando cheguei para preparar o jantar, acabei esquecendo de fazer isso quando decidi dormir em um hotel. Peguei meu novo celular que estava jogado sobre a cama e então sai do quarto, apertando o controle do carro para destranca-lo. Desci as escadas daquele hotel de beira de estrada e andei até onde o carro de Josh estava estacionado.

Decidi ver Sabina antes de ir para a casa de Josh, eu fazia isso frequentemente desde que passei a trabalhar, eu a espiava algumas vezes, mas nunca de fato havia ido falar com ela, eu não conseguia, eu não sei o que ela sabia, o que ela achava que havia acontecido, mas provavelmente deveria estar chateada, muito chateada.

Assim que cheguei em frente a sua casa, estacionei o carro, preferi não descer, apenas observar. Sabina estava de férias, é o que deduzi, já que nas últimas vezes que vim até aqui ela estava em casa, ou havia sido demitida, mas duvido que isso tenha acontecido. A garota amava seu emprego e sua chefe a adorava.

Suspirei, enquanto lembrava de vários momentos entre nós duas, eu sentia tanta falta daquilo, daria tudo para voltar no tempo. Pude sentir uma lágrima deslizar até minha bochecha, e antes que mais lágrimas tentassem escapar, respirei fundo, encarando a estrada e dando partida.

Andei por vários minutos pelas estradas daquela cidade, sem um rumo ao certo, até decidir que voltaria para a casa de Josh. O garoto já deveria ter tentado escapar várias vezes, gritado, mas nada teria resultado, era exatamente isso que ele fazia comigo, e eu o odiava com cada parte de meu corpo.

Não demorou muito até chegar na casa, estacionei o carro bem em frente, no gramado, e então peguei meu celular e chaves da casa, descendo do veículo. Enquanto andava até as escadas que davam acesso a varanda, parei no meio do caminho, dando meia volta. Encarei as árvores que dava acesso a floresta e então andei em direção a elas, parei perto de um carvalho enorme, ele se destacava em meio aquelas árvores. Ali estava Noah, o meu melhor amigo estava enterrado ali. As lágrimas desceram instantaneamente, uma atrás da outra. Minhas pernas enfraqueceram e eu caí de joelhos ali, aos prantos. Meu coração estava em mil pedaços e esses pedaços haviam se espalhado, eu nunca conseguiria juntar todos eles novamente.

Eu não poderia mais chorar, não era certo, eu havia tido uma segunda chance, e eu deveria usar ela, eu estava viva para me vingar, não poderia mais ser fraca, ou isso me levaria a morte.

Levei alguns minutos para me recompor, limpar as lágrimas e levantar dali. Limpei minhas pernas com as mãos, eu ainda estava de vestido, precisava urgentemente trocar de roupa.

Andei até a varanda e destranquei a porta, a casa estava completamente silenciosa, o que me gerou certa desconfiança, então, andei cuidadosamente até o corredor que dava acesso ao porão, e notei que a porta estava devidamente trancada. Suspirei, aliviada.

Andei até o andar de cima, onde estava uma mochila com algumas roupas minhas, e então troquei de roupa, vestindo um body de mangas longas e cor preta, junto de uma calça da mesma cor e um coturno preto. Optei por fazer uma escova em meu cabelo, o deixando liso.

Me encarei no espelho, e então sai do quarto, andando até o andar debaixo. Passei pela cozinha e fui até o porão. Abri a porta com cuidado e desci degrau por degrau, com muita calma. Ao chegar no último degrau, me virei em direção a cama, onde estava Josh, com suas mãos presas na corrente, sua franja suada estava grudada em sua testa e seu rosto expressava muita raiva. Por isso, não pude conter um sorriso carregado de sarcasmo.

- Olá, Josh. Como passou a noite?

- Por que está fazendo isso?

Não consegui segurar uma gargalhada alta, seguida por uma expressão de raiva.