Prólogo

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Satoru estava visivelmente preocupado, balançava o pé num ritmo constante. Megumi, seu melhor amigo, havia combinado de se encontrar com ele a mais de meia hora e nada de chegar, o que era completamente estranho, certinho como ele era, aquilo estava longe de parecer realidade. O albino se sentia estúpido de estar ali sozinho naquele lugar, afinal, quem queria se torturar com aquele maquinário — digno de filmes de terror — era o mais novo, Gojo estava ali para acompanhar e ser aquele amigo legal que faz as fotos, nada mais!

O estúdio de tatuagem era amplo e refinado, tinha um ar retrô bem bonito. Uma vitrola vintage tocava uma música de blues gostosa aos ouvidos, o cheiro de limpeza impregnava o olfato do homem e a poltrona em que estava era de longe uma das mais macias e fofinhas que já sentara, o problema era que nada daquilo deixava Satoru confortável. Ele olhava a todo minuto para o celular, cada vez mais desesperado. Ouvir os zumbidos das maquininhas trabalhando nas peles de algumas pessoas — malucas, na visão de Gojo — "presas" em alguma sala do local, deixava tudo ainda mais assustador, ele esperava a qualquer momento escutar um grito de horror vindo daqueles cômodos. Ainda estava pensando se iria conseguir entrar com Megumi em uma das salas de martírio, especialmente pois iria ver aquela agulhinha miúda entrar e sair da pele do outro e sabia que seria desesperador. Tinha certeza que tinha uma face aterrorizada, pois todos que passavam ali o olhavam quase com piedade.

Os rapazes que cuidavam do local, entretanto, o olhavam estranho. Eles eram gêmeos, um deles tinha o corpo coberto por tatuagens e Gojo só conseguia pensar em como deveria ter doído para fazer aquilo, o outro, por outro lado, não tinha nada visível, eles eram muito bonitos, um tinha um toque mais rude e o outro tinha um ar de rapaz comportado, Satoru podia imaginar o porquê de Megumi preferir esse local, lembrava de ter ouvido ele comentar de que tinha ficado interessado em alguém, mas qual dos dois seria? Ou seriam os dois? Seu amigo podia ser bem indiscreto quando o assunto era sua vida sexual, por isso, perguntaria depois. Mesmo assim, não acreditava que o moreno chegaria ao extremo de se tatuar para ganhar atenção, bem patético por sinal.

Gojo, olhou novamente para os garotos, eles possuíam estranhas tonalidades rosadas nos cabelos, e de cabelo Satoru entendia, era hair design a anos e era bem famoso, do tipo que era procurado por celebridades, mas preferia não se gabar com isso.

O olhar daqueles dois estavam deixando o albino suando frio e cheio de vontade de sair correndo dali, era quase como se ele fosse um pedaço de papel perfeito para criações tortuosas, assustador.

Quando descruzou as pernas para levantar, ouviu o sininho da porta movimentar e, numa súbita onda de esperanças, olhou para o local com um sorriso achando que fosse seu amigo. Seu sorriso se desfez ao ver um outro cara entrar pela porta, essa, era perto de onde estava o suficiente para que Satoru sentisse a fragrância amadeirada do homem que acabava de chegar. Ele vestia uma uma roupa toda preta, uma blusa colada de mangas curtas e uma calça mais folgada, tinha um estilo diferente dos rapazes mais jovens que trabalhavam lá. Talvez fosse um cliente, pensou o albino, já que podia ver algumas tatuagens nos braços surgindo modestas pelo tecido da camiseta. Ele tinha um corpo malhado e bem gostoso, Satoru foi subindo os olhos quase babando àquela visão, quando por fim se encontraram com os do outro, e este lhe abriu um sorriso de canto, quase perguntando "Apreciou a vista?". Satoru se arrumou na cadeira e deu leves tossidas para disfarçar, claramente estaria vermelho, com a facilidade com que sua pele corava.

Viu o homem se afastar e aproveitou para conferir-lhe as costas, agora, de forma mais discreta, viu as nádegas firmes mesmo com o tecido frouxo no local e quando seus olhos chegaram nos cabelos do outro, a mente de Satoru deu um branco geral, ele usava os cabelos presos num coque solto, alguns fios escapavam desajeitados. Gojo engoliu em seco, ele tinha os cabelos mais encantadores que já tinha visto, eram lisos e muito escuros, pareciam volumosos em quantidade, extremamente sedosos ao toque, nessa hora, o albino nunca quis tanto sentir um cabelo em suas mãos. Mais uma vez estava zonzo e perdido em pensamentos até um tanto eróticos com as madeixas daquele ser. Não percebeu quando os gêmeos no balcão deram uma risadinha para suas reações, encarando novamente sem discrição alguma o homem que havia entrado.

Tudo pareceu mudar e os garotos logo assumiram uma postura de predadores assim que o sininho da porta tocou novamente, revelando o alvo do descontentamento do albino por estar ali. Megumi o caçou com o olhar e assim que o viu foi ao seu encontro.

— Desculpa, a cliente resolveu por mais quarenta minutos e você sabe que eu sou profissional e não pego no celular durante as sessões — falou simples mas sincero.

— Eu só te perdoo porque sei que é verdade — mesmo com toda a frieza de Megumi, Gojo podia ver a expressão preocupada naqueles olhos bonitos — agora por favor vamos logo com isso... esse lugar me dá calafrios.

— Satoru... — Megumi olhou para os lados vendo se alguém tinha ouvido — fale mais baixo.

— Relaxa, Fushiguro, a gente pegou que ele não curte muito esse mundo de arte — o gêmeo tatuado, falou.

— Como? — Satoru respondeu firme.

— Sukuna, já chega. Megumi, já tem algo em mente? Eu vou fazer ou prefere um dos meninos? — O homem, que havia entrado há pouco, falou firme.

Nessa hora Satoru entendeu que ele era o chefe do estabelecimento e por isso tinha uma postura tão altiva ao falar com os outros. Ele olhou novamente para o homem, realmente curioso com todo aquele estilo.

— E você, veio fazer alguma coisa? — Satoru assustou-se com a pergunta voltada a si.

— Não, Suguru, ele veio só me acompanhar mesmo. Na verdade, o Satoru tem m...

"Então o nome dele é Satoru... interessante"

"Então o nome dele é Suguru... bom saber... espera, o que o Megumi pensa que está falando..."

— Eu não tenho nada, Megumi! — Respondeu rápido assim que saiu do transe que Suguru lhe causava.

"Nunca que eu vou deixar ele saber que eu tenho medo de agulhas. Logo um homem como aquele.", pensava o albino.

"Será que ele é daqueles misteriosos, que precisam de certo incentivo para chegarem até o limite e revelar alguma coisa? Espera, por que eu estou tão interessado nele? Foco! Foco!", pensava Suguru ao sorrir bonito para os clientes.

— Como quiserem... — falou pegando um óculos e colocando no rosto — estarei à disposição.

Suguru disse essa frase olhando diretamente nos olhos de Satoru que sentiu um frio na barriga, não sabia dizer o que era, mas era bem maior que o medo de tudo que aquele local causava. Como uma fisgada na pele mais forte que as das agulhas, era a necessidade de descobrir até onde aquilo tudo podia lhe levar.


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Oie queridoxs!!!!

Mais uma das minhas loucuras, sim ou claro? Essa daqui veio numa facilidade, é uma short gostosinha com direito a threesome e tudo mais, como não fazer???

***AVISO***
NÃO HÁ RELAÇÃO INCESTUOSA!!!

Espero que gostem... 

Essa é a abertura desse mundo cheio de rabiscos.

Xêro!!!

InkOnde histórias criam vida. Descubra agora