it's always ourselves that we find in the sea

Capítulo 12

Ela tinha o turno da noite naquela quinta-feira, começando no meio da manhã e trabalhando até a cafeteria fechar às cinco, e decidiu ir para a cidade mais cedo e ir para a biblioteca antes do trabalho. Com três novos livros de bolso enfiados em segurança em sua bolsa, Kara desceu com sua bicicleta a rua principal, o cheiro de café fresco e pão assando impregnando o ar, e ela parou por um momento para olhar as flores expostas nas mesas frágeis fora da floricultura, sorrindo com o cheiro reconfortante de lavanda, jasmim e rosas, e o cheiro familiar de frésia que ela rapidamente passou a associar a Lena. Saindo da floricultura, Kara desceu a rua, parando por um momento e pousando os olhos na figura brilhantemente vestida com uma bengala, desaparecendo em uma loja de roupas. Sorrindo, Kara atravessou a rua, tendo que se apressar quando um caminhão passou em alta velocidade, e caminhou um pouco mais adiante na rua, deixando sua bicicleta encostada no poste e entrando na loja, o som de um pequeno sino tocando cumprimentando-a.

Lena estava de costas para Kara, que sorriu para a jaqueta de couro laranja brilhante e jeans turquesa, e quando Kara se aproximou dela, ela viu um par de tênis verde neon seguro em sua mão enquanto dizia baixinho ao vendedor - Josie, Kara percebeu - que ela os levaria.

"Escolha ousada", Kara interrompeu enquanto Josie começava a colocar os sapatos de volta na caixa, "verde neon é um pouco brilhante, até para você."

Virando-se quando Kara começou a falar, Lena enrijeceu quando ela terminou, e o sorriso nos lábios de Kara vacilou um pouco quando Lena passou por ela e saiu sem dizer uma palavra. Com os olhos arregalados de surpresa e a boca aberta em choque, Kara olhou para Josie e então correu atrás de Lena, passando pela porta antes que ela se fechasse. Kara passou por pessoas enquanto seguia a cabeça escura e curvada, observando enquanto Lena era empurrada por pessoas que não saíram de seu caminho porque ela não estava com sua bengala.

"Lena! Lena, espere!" Kara a chamou. Dando às pessoas olhares de desculpas e estremecendo um pouco enquanto manobrava para dentro e para fora dos outros pedestres, sendo atropelada e seu caminho bloqueado. "Lena! Espere um segundo. Devagar."

Ela finalmente a alcançou, uma mão caindo no ombro de Lena, e empurrou as duas para a pequena alcova na frente de um optometrista, saindo do caminho das pessoas que passavam. Recuperando o fôlego, Kara deu a Lena um olhar confuso, observando as linhas nítidas de seu rosto e a linha tensa de sua boca. Uma centelha de inquietação percorreu Kara, e ela não pôde deixar de se perguntar se ela fez algo errado - talvez ofendeu Lena - mas ela a viu apenas dois dias atrás e elas se divertiram muito assistindo Grease e comendo o cheesecake que Kara comprou no caminho do trabalho para casa.

"O que está errado? É algo que eu disse?" Kara perguntou, um olhar ferido cruzando seu rosto. "Sinto muito se você pensou que eu estava zombando de você. Eu não estava, eu prometo. Verde fica bem em você."

"O que eu estou vestindo?" Lena deixou escapar baixinho, a cabeça abaixada e os ombros ligeiramente curvados.

Com as sobrancelhas erguendo-se ligeiramente em surpresa, Kara sorriu levemente, "uma jaqueta de couro laranja e calça jeans - como um tipo de cor turquesa. Acho que você está vestindo uma camisa roxa por baixo com...bolinhas brancas."

Os músculos da mandíbula de Lena se contraíram e se abriram algumas vezes, e Kara não precisou ver seus olhos para saber que eles estariam cheios de raiva. "Por que você não me contou?"