Roberta estava um pouco preocupada porque sua família não atendera a ligação avisando estar indo para o sítio naquele dia, mas quem fica plantado perto do telefone fixo?
Seguiu exatamente a rota que lhe foi explicada anteriormente e todos os anseios foram dissolvidos quando viu sua mãe acenando da janela.
- Ai mãe, eu estava morrendo de saudade. – Desceu do carro correndo para abraçá-la.
- Eu também, meu amor. Como você está?
- Bem, só a estrada é um pouco cansativa. E vocês, como está sendo a vida no campo?
- Tranquila, eu só estou tendo uns sonhos um pouco estranhos, não repara na minha cara de cansada.
- Que isso? Está ótima. Onde estão os rapazes?
- Pescando.
Roberta estranhou o horário, mas não questionou, apenas abriu a geladeira e pegou uma fatia de queijo.
- Desculpa, estou faminta.
- Tudo bem, vou fazer a janta. Busca para mim uma peça de carne na geladeira açougue.
- Açougue?
- É só como seu avô chamava a peça em que guardava a carne, é ali do lado onde estacionou. – Ana apontou pela janela da cozinha.
- Ah! Claro.
Não era comum que a Ana preparasse carne porque ela não comia, mas Roberta ficou feliz, pensou que a mãe faria uma janta especial para agradá-la.
Nada no mundo poderia prepará-la para o que veria, mas o cheiro de putrefação deveria ter lhe alertado.
Abriu a porta, mas estava muito escuro para ver qualquer coisa, tateou pelo interruptor e quando a luz ligou viu seu pai e irmão pendendo em ganchos de açougue. Cobertos de sangue seco, a pela escurecida e inchados pela decomposição, o choque foi tão grande que nem foi capaz de notar todos os corpos de pequenos animais que se acumulavam em diferentes estágios de podridão.
Sua primeira reação foi o mais puro horror, não gritou apenas ficou em estática. Vomitou no chão e isso a trouxe para a realidade. Sua segunda reação fuga.
Pensou em ir direto para o carro, mas lembrou-se que sua mãe estava na cozinha, precisava salvá-la de quem quer que estivesse por perto.
Foi até a cozinha tentando emitir o mínimo possível de barulho.
- Mãe, eles estão mortos, precisamos ir agora!
- Quem morreu, querida?
- Pai e o Lucas. – Suas palavras saiam entrecortadas pela hiperventilação.
— Não. Não é possível querida, eles estão vendo televisão ali na sala.
Roberta tentou arrastar a mãe para fora, mas ela estava tão convincentemente serena e uma parte da jovem ainda não estava acreditando em seus próprios olhos então seguiu a mãe até a sala, somente para a ver vazia.
- Viu, filha!
- Vi o quê?
- Seu pai, seja mais educada.
Ela olhava para Ana e para o sofá vazio com o coração disparado. Entendeu a necessidade de sair rápido e sozinha
- Sabe, é... hã eu preciso ir ao carro rapidinho. – Falou enquanto andava de costas bem devagar.
- Por quê?
- Eu... eu esqueci meu celular.
- Não tem sinal aqui, pega depois.
- Eu realmente preciso.
- E se formos nadar todos juntos? – Ana começou a andar em direção a filha, bem vagarosamente no início, mas à medida que Roberta ia mais rápido ela acelerava.
- Desculpa, mãe.
Antes que pudesse perguntas o motivo sua filha já estava correndo para o carro e ela correu atrás sem entender. Trancou as portas antes que pudesse explicar o quanto estava com saudade e viu o rosto em pânico da filha dar partida no carro enquanto chorava. Ana também chorou sentindo-se rejeitada.
Na estrada sinuosa Roberta dirigia enquanto tentava ligar para a polícia, mas era verdade não tinha sinal. Quase bateu o carro três vezes antes de escutar:
- Qual a sua emergência?
Palavras: 4707.
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Laguna • Vencedor Terror de Verão
Horror# 1 vencedor do oitavo desafio do perfil Terror LP Ao revisitar um cenário de sua infância Ana é obrigada a encarar suas memórias envolvendo a misteriosa e querida laguna, mas ao abrir as portas de sua mente pode acabar frustrando as férias familiar...