Capítulo 7- Consequências

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Sábado, 2:35AM.

Mônica

— Deve ter subido pra tirar fotos das meninas dormindo, isso sim. — Acusei sem um pingo de remorso, sentindo o rancor pingar da minha voz enquanto ele me olhava com o cenho franzido.

Mas também, 'tava com uma puta dor no estômago de ter vomitado, minha cabeça 'tava girando, e meus olhos não abriam direito de ter chorado no peito da Magali.

O beijo deles tinha que ter sido daquele jeito?

— Olha gente... São duas da manhã, eu 'tô louca e geral tá cansado dessa briguinha infeliz! — A Maga reclamou em voz baixa, puxando o Cebola pra dentro do banheiro e trancando a gente lá depois de sair. Escutei ela girar a chave do lado de fora. — Então vão se foder! Da forma como melhor preferirem! — Ela esbravejou do lado de fora, e nós dois nos encaramos envergonhados.

— É tudo culpa sua! — Murmurei enquanto apontava um dedo no rosto dele, quase encostando na ponta do nariz.

Fazia muito tempo desde que a gente tinha ficado trancados no mesmo banheiro.

— Minha? Que porra eu fiz, Mônica? — ele parecia realmente perplexo, mas eu 'tava concentrada demais em chegar até a porta pra estourar a maçaneta. Depois eu me resolvia com a Isa, só queria sair dali o mais rápido que desse.

— Você ferrou minha vida, Cebola. — resmunguei e dei vários trancos na maçaneta, até conseguir escutar o lado de fora cair no chão e a porta se abrir. — 'Tô cansada de você já.

Já tinha puxado a porta aberta pra sair dali, quando ele grudou no um pulso e me jogou com força contra o mármore da pia, fazendo minha bunda bater contra a beirada e eu soltar um grunhido involuntário.

— Que caral...? — comecei, sentindo minha visão turvar devido ao movimento repentino e o álcool no meu sangue, mas ele tapou mina boca e grudou seus olhos nos meus, e eles pareciam mais arregalados que o normal, urgentes.

— Me escuta, calamba! — ele me segurava pelos dois pulsos, como se eu não pudesse me soltar (não que eu estivesse em perfeitas condições no momento), e usava o resto do corpo pra me prensar na pia, e eu estaria odiando isso se não estivesse tão bêbada. Aquela gim-tônica nem parecia estar tão forte assim. — Me dá um motivo, Mônica — encarei seus olhos enquanto ele parecia suplicar, as duas sobrancelhas erguidas de perplexidade. — A porra de um motivo só pra eu expor a mina que eu amo depois que eu finalmente consigo ir pra cama com ela?

Arregalei os olhos e a respiração trancou no meu pulmão, tentando não deixar nenhuma daquelas palavras passar. Ele nunca tinha dito que me amava. Pra falar a verdade, nos últimos tempos, ele nem parecia se importar tanto assim comigo, sempre ficando distante.

— Ama? — sussurrei num fio de voz, deixando que seus braços me apoiassem, porque minhas pernas pareciam gelatina e tinha suor gelado na minha coluna.

Ele sorriu daquele jeito que sorria sempre que pretendia me fazer queimar por dentro, desceu o rosto até a altura do meu e encostou os lábios no meu ouvido.

— Porra, baixinha, quantos nós vou ter que fazer pra chamar sua atenção?

O ar quente da sua respiração que bateu no meu pescoço foi o mesmo ar que escapou do meu peito enquanto tentava urgentemente respirar direito pra poder responder que eu também queria, que eu estava esperando por aquilo há anos, mas minha visão escureceu e eu apaguei antes de conseguir.

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