Segunda-feira, 7:35AM.
Mônica
As meninas foram legais quando me receberam de volta sem ficar perguntando o tempo todo se eu superei. Na verdade, foi um papo mais superficial – "como estava o sol?", "como são as praias?" – e toda a ladainha de quem não quer te deixar desconfortável por ter visto seus peitos. Afinal, metade do Limoeiro viu, então não seriam minhas amigas que não teriam visto, né?
Mas porra, mesmo eu agradecendo muito todo a conversa motivacional antes das férias e todo o empenho delas agora, por quanto tempo mais esse clima de merda vai continuar? Odeio como todas elas tem um olhar de coitadinha-da-Mônica.
— Já sei! Pra comemorar sua volta, vamos fazer uma festinha de garotas, só as íntimas, amiga! — sugeriu a Denise, que foi logo apoiada por todas as demais.
— Sexta à noite, né, gente? Pode ser lá em casa mesmo. — engatou a Isa, e eu afundei um pouco mais na cadeira.
Eu estava lutando contra a vontade de olhar para o fundo da sala, só pra saber se meus olhos iriam encontrar os mesmos olhos castanhos que eu costumava buscar quando me sentia desconfortável; evitei encará-lo desde a hora que entrei na sala, mas sabia que ele estava lá, e ainda era dolorido demais estar no mesmo ambiente.
Mesmo assim, meu coração iludido continuava acelerando todas as vezes em que eu me pegava muito perto de virar, só por curiosidade, só pra saber se ainda seria ele, ou se as mesmas sombras que se instalaram nos meus olhos estariam nos dele também.
Óbvio que não, idiota, esqueceu quem te colocou nesse buraco?
O sinal tocou, anunciando o fim da primeira aula, e me fazendo pular na cadeira. Aproveitei que as meninas estavam distraídas com os preparativos da festa do pijama, e me esgueirei pela esquerda da Marina. Estava pensando em ir lá fora procurar a Magá, tinha visto quando ela saiu da sala, e pelo modo como o Cascão foi atrás, estava preocupada que algo não estivesse bem.
— Mas já 'tá fugindo do comitê de boas-vindas, Mô? — escutei uma voz masculina atrás de mim enquanto alcançava o corredor.
— DC! — me joguei nos braços dele, que me tirou os pés do chão e girou. — Que saudade!
Do contra sempre foi muito amigo meu, me ajudava nos trabalhos sempre que a Magali fazia com outra pessoa, foi o único dos garotos do colégio que me avisou o que estava acontecendo em junho...
— Pois eu não senti saudade nenhuma, você está muito feia. — rebateu enquanto eu mostrava o dedo do meio, suas esquisitices eram uma marca registrada. — Passa lá em casa mais tarde, a Magá e eu já estávamos mesmo combinando de ensaiar, temos apresentação num barzinho na quarta-feira.
Puxei o ar, voltando a andar enquanto ele me acompanhava. Nós montamos uma banda de garagem no começo do ano, e às vezes conseguíamos algumas apresentações nos botecos do bairro, mas não estava preparada pra voltar aos ensaios.
— Olha, DC, depois de tudo, não sei se vou continuar na banda e...
— Pode parar. — ele me cortou, pegando na minha mão direita e fazendo olhar nos seus olhos escuros. — Nós tiramos o Cebola. — ia protestar, mas ele me interrompeu de novo. — Ele nem contestou, então não tem motivo pra encanar com isso. Você fica. Sem falar que... A voz da Magali fica muito simples sem a sua mais máscula pra incrementar.
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Mistakes
RomanceA turma cresceu. E, diferente dos quadrinhos, aqui vamos mostrar a verdade literalmente nua sobre a vida dos nossos jovens mais amados. Brigas, ciúmes, amor e paixões, tudo isso sem perder a essência do quarteto mais famoso do Limoeiro. ♥ 1º em #tmj...