Seattle para apaixonados

2 • Ruas de Seattle

As aulas terminam, ele pega suas coisas e se levanta, olha para mim e sai andando, eu me apresso para acompanhá-lo, as pessoas reparam, algumas meninas olham para mim, provavelmente achando que eu estou perseguindo o Nicolas. Saímos da escola, em silêncio, andamos alguns quarteirões, a cidade é linda, embora seja bem chuvosa, as ruas tem tonalidades azuis acizentadas que chegam a ser aconchegantes.
Ele percebe o clima estranho e puxa assunto.
"Você é de onde novata?"
"Eu tenho um nome sabia? Você não precisa me chamar sempre de novata, e como você sabe que eu não sou de Seattle?"
"Eu sei, mas confesso que gosto de te chamar de novata e você tem sotaque, por isso imaginei que você não era daqui."
"Você é bom, eu sou de São Francisco"
"Hum, legal." Ele também sabe ser bem monossilábico as vezes.
Andamos mais alguns quarteirões e eu tenho que correr para acompanhar o ritmo dele. Eu peço algumas vezes para ele ir devagar, e ele realmente começa a ir no meu ritmo ou até mais lentamente que eu, chegando a ficar atrás de mim, olhei algumas vezes para ele, e acho que ele estava me encarando, só que ele sempre desviava o olhar.
Depois de uns 40 minutos andando, chegamos na frente do meu prédio.
Dessa vez, sou eu quem olha para ele.
"Obrigada por tudo, não sei o que eu faria sem você..."
"Por nada novata, adorei te conhecer."

Entrei no prédio e subindo no elevador, me olhei no espelho, aquela era minha nova vida, eu tinha um "amigo", ele não era bem um amigo, mas ele havia me ajudado, então acho que não foi tão ruim.
Passei o resto da tarde em meu quarto naquele pequeno apartamento, li um pouco, ouvi música, mas nada tirava aqueles olhos azuis e os cor de mel da minha cabeça...
Minha Mãe chegou e fez questão de fazer o questionário completo, eu contei somente o básico e tentei não parecer muito animada com a minha nova amizade. E quando fui dormir, pude até sentir uma ansiedade boa em mim, uma alegria de poder ver ele novamente no dia seguinte.