Prólogo

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Passado

Eu acompanhava o meu папа em todos os lugares, como se eu fosse uma extensão dele mesmo. Com quase treze anos, sendo o futuro Pakhan da Bratva, meu pai me ensinava tudo o que eu precisava saber. Príncipe russo, é como me chamavam. Minha mãe era adorada e minhas irmãs, duas princesinhas lindas, com seus sete anos, mimadas por todos. A família, líder da facção criminosa mais poderosa do mundo, perfeita. E por ter duas irmãs pequenas notei que a pequena garotinha de cabelos loiros e olhos incrivelmente azuis era estranhamente quieta.

Ela era filha do italiano que vinha às vezes conversar com meu pai. Por algum motivo ele trouxe a pequena garotinha, que passava o olhar um pouco perdida pelo ambiente. Eu tinha minhas irmãs e elas simplesmente não paravam um minuto, agitadas e sempre buscando uma forma de chamar a atenção. Mas a garotinha estava ao lado do pai, perturbadoramente séria. Séria demais para uma criança que aparentava ser mais nova que minhas irmãs.

A pequena garotinha se levantou, o primeiro movimento em quase uma hora inteira, um laço da cor do vestido em seu cabelo enaltecendo sua inocência. Ela andava como uma pequena bailarina, coluna reta e comedida demais para a idade dela. Envoltos na conversa, seu pai não percebeu que ela se afastava em direção a janela, que, se fosse um pouco mais alta, ela não alcançaria. Olhava encantada para o jardim da minha mãe, que era muito bem cuidado,  pois ela era apaixonada por flores e plantas. Ainda intrigado com a garotinha, me aproximei dela e parei ao seu lado.

— Você gostou do jardim? — Perguntei, no tom infantil que conversava com minhas irmãs.

Ela desviou os olhos do jardim parando- os em mim. Uma sensação de choque me acometeu pela firmeza de seu olhar. Eu não saberia explicar, mas ela era diferente.

— São magníficas. — Magníficas? Novamente, fiquei em choque. Se muito, ela teria cinco anos e usava palavras rebuscadas quando eu esperava um simples sim.

— Minha mãe ama flores... Você gostaria de ir até lá? Ela não se importaria de você pegar uma ou duas.

Ela pareceu pensar no assunto e eu vi ali um vislumbre de criança em seu rosto de anjo.

— Não! Se você tirasse elas de lá, elas morreriam. Ali elas viverão mais tempo.

Mais uma vez fiquei sem palavras. Eu tinha começado meu treinamento para me tornar um homem feito, e uma das principais regras era nunca demonstrar o que sentimos. Mas eu estava impressionado com a complexidade do pensamento dela. Com a ideia de vida e morte que ela já tinha.

Ela voltou aquela imensidão azul para mim e me deu um sorriso de boca fechada, que eu sabia, era para esconder a janelinha que havia ali. Eu ainda estava sem palavras então ela continuou com sua vozinha de criança fofa:

— É verdade que você descende da realeza?

Eu dei um sorriso para o seu comentário, ignorando o fato dela dizer descende:

— Sim, nós descendemos da realeza.

— Então você é um príncipe?

Pensei um pouco antes de responder, colocando a mão no queixo:

— Talvez... talvez eu seja um príncipe.

— Você quer ser o meu príncipe? Minhas irmãs preferem os príncipes de brincadeira, mas eu acho que quero um de verdade. Prometo que vou cuidar de você.

Dei risada do seu comentário, ficando novamente sem saber o que dizer. Ainda que ela fosse uma criança, tinha altivez em cada palavra pronunciada. Antes que eu desse uma resposta, seu pai se despedia do meu.

— Isabella, vamos para casa! — Ele a chamou e ela foi de encontro ao seu pai, postura ereta e rosto passivo — Bóris, não se esqueça do que eu disse... Cuidado, se eu me arrisquei vindo até aqui é porque sei da gravidade da situação. Você tem uma família, todo cuidado é pouco.

— Tranquilo, amigo, tranquilo. E você já sabe que é bem-vindo em meu território. Vou tomar cuidado!

Fiquei distraído com a angústia no rosto do italiano, um pouco preocupado, que quase me esqueci da garotinha, que puxava minha camisa para que olhasse para ela. Com uma voz baixa e contida ela voltou a perguntar.

— Você vai ser o meu príncipe de verdade?

Eu olhei para seus olhos, me abaixei, puxei um pouco sua bochecha gordinha e disse:

— Quem sabe um dia?

Ela baixou os olhos, mas logo os levantou e voltou a sorrir. Seu pai terminou de se despedir e a levantou nos braços, junto com seus soldados foi para o seu carro que estava na frente de nossa mansão. Todo o caminho até o carro os olhos da garotinha estavam em mim.

Meu pai, que sempre me deixou por dentro de todos os acontecimentos da Bratva, não comentou quando perguntei sobre o que o italiano falava.

Quatro meses depois, tudo mudou.

Eu só não me lembrava.

Até agora.

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Eaiii amores!! O que acharam do prólogo? Me contem tudo...

O livro ainda não passou por uma revisão profissional, então está passível de erros.

Comentem tudo, não me escondam nadaaaaa

Beijos e,  15 votos, posto o capitulo 1 antes de sexta!!!

Unidos Pelo Destino (Pétalas em Sangue 3) DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora