Capítulo 4

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"Eu nunca quis me apaixonar por você, mas
Eu estava enterrada e tudo o que eu podia ver
Era branco
Meu salvador, meu, meu
Meu salvador, meu, meu"

My Salvation - Gabrielle Aplin

My Salvation - Gabrielle Aplin

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CAPÍTULO 4

Isabella Castelle

Lillian sempre me pedia para ser aberta e sincera quando houvesse algum indício de emoção. Foi por isso que me ouvi dizendo, em nossa sessão.

— Eu acho que sinto... sinto alguma coisa.

Se Lillian ficou surpresa, disfarçou bem. Em nossas sessões, eu sempre era direta e contava os fatos, sem qualquer traço de sentimentos. Como se estivesse lendo algo mecanicamente.

— Descreva o sentimento. — Ela frisou a palavra.

— Me preocupei com uma pessoa que não tenho laço algum. — Lillian anotou o que eu disse e, após alguns segundos de silêncio, ela finalmente me olhou.

— Lembra quando falamos sobre o ponto fora da curva?

— Sim.

— Talvez seja o seu ponto fora da curva, Isabella. E a oportunidade que esperávamos para que você possa explorar o que não está na rotina. Algo novo. — Eu pensei em suas palavras e, como continuei em silêncio, ela voltou a falar.

— Você pode tentar categorizar, entender, controlar, mas essa é a beleza da emoção, nós, às vezes, só sentimos.

Baixei meus olhos, confusa. Controle era o fundamento pelo qual eu vivia e ditava minhas ações na maior parte do tempo. Quando não conseguia me controlar, poderia ser um sério problema. Não sei se conseguiria apenas sentir. Sem mensurar, medir, entender e controlar.

— Não sei se consigo — disse finalmente.

— Você só vai saber se tentar. — Ela descruzou as pernas, um claro sinal de que a sessão havia acabado. — Fica como treinamento, pensar sobre o assunto. E se algo acontecer, anote e me traga. Acho que é uma boa oportunidade de mergulhar nesse universo novo para você.

Levantei-me mais confusa do que quando cheguei, me despedi de Lillian e fui para o carro, que me aguardava. Eu tinha saído do estúdio para a terapia, que tinha toda quarta-feira no fim da tarde. Enquanto ia para casa, senti uma comichão em meu baixo ventre, uma antecipação ao imaginar fazer o que eu estava pensando.

Eu nunca fui medrosa, mas, por algum motivo, estava com medo. Seguindo um instinto totalmente novo, pedi para que Enzo desviasse de seu caminho e me levasse onde eu queria. Mesmo não gostando, ele fez o que eu pedi.

Percebi minha inquietação, mãos transpirando, coração levemente acelerado, ao invés do vazio que sempre me acompanhava. Eu iria ver Nero. A expectativa de revê-lo agora sob uma nova ótica, mais consciente, me deixava instável de uma forma boa.

Unidos Pelo Destino (Pétalas em Sangue 3) DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora