Após dois anos longe de sua família em um intercâmbio em Londres junto de seu irmão gêmeo, Augusto, tudo que Amanda deseja é descansar em sua casa no Brasil, situada em uma cidadezinha no interior de São Paulo.
No entanto, seus planos são virados de...
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Arrancando-lhe totalmente a sanidade, Amanda sentiu quando o riso chegou em sua garganta. Ela sentia-se louca, demente. Aquilo não era real. Impossível.
Deu-se um beliscão no braço.
A dor não a fez acordar em seu quarto de infância, no Brasil. Muito pelo contrário, aquela paisagem estonteante, de neve e pinheiros, ainda estava ali. E o corpo daquela menina ainda jazia lá embaixo, cheio de sangue, maculando o branco do chão.
Então, riu. Era a única coisa que poderia fazer diante daquela loucura.
Ergueu uma das mãos, ainda meio lunática da cabeça.
— Espera, espera... Looping temporal? Escute, a gente morreu e isso é alguma forma de salvação? Eu capotei o carro e tudo isso é um ensinamento do pós-vida?
Kelvin fechou os olhos e suspirou. Com o dedo indicador e o dedão, massageou o ossinho do nariz entre os olhos.
— Por que toda vez que eu explico vocês acham que morreram? — Parecia cansado e aquilo deixou Amanda levemente irritada. — O Tempo dá segundas chances para as pessoas dependendo da situação. No caso agora, Emma morreu muito antes de o seu relógio parar. Em outras palavras, morreu muito jovem. Graças a isso, Augusto fez um pedido para Deus, desejando uma segunda chance. E, caso lhe interesse essa informação, Deus e o Tempo são assim — ele esfregou um dedo indicador no outro — melhores amigos desde... Bom, desde sempre. Com isso, Deus designa missões para o Tempo e ele as divide entre nós, os Ajudantes. No caso do seu irmão, Deus o ouviu e entrou em contato com o Tempo. E, resumidamente, é por essa razão que eu estou aqui. Todas as vezes que Augusto tentava resgatar Emma, algo saía errado e eu reiniciava a linha do tempo. Mas, quanto mais repetições a gente provoca no tempo, mais instável ele fica. Graças a isso, um looping temporal foi criado.
Amanda se sentia tonta.
E definitivamente já não eram mais os efeitos colaterais de ter viajado naquele portal maluco.
Se apoiou nas cercas de madeira que delimitavam o pequeno desfiladeiro, enxergando pontos pretos cobrindo sua visão.
— E quem diabos é Emma e por que ela é tão importante? — Perguntou.
Kelvin parou por um segundo e olhou para Augusto. Ele estava com uma aparência horrível: o rosto vermelho, molhado, cabelos bagunçados, lábios azuis por causa do vento frio e roupa amassada e cheia de pequenos flocos de neve.
Mas, mais do que isso, parecia tão perdida quanto ela.
— Essa parte, seu irmão deve explicar a você.
Franziu as sobrancelhas, sentindo-se insegura e com um súbito embrulho no estômago.
— Quem é Emma, Augusto? — Amanda o olhou diretamente nos olhos e, por mais que não estivesse enxergando seu reflexo, via-se lá dentro. Sentiu como se uma corda estivesse puxando alguma coisa em seu interior, causando um aumento nos batimentos cardíacos.