MAEVE VASILESQUE
Domingo, 17 de abril de 2022 ─ 02:46 A.M
Bogotá, Colômbia, COMESMO COM OS FONES DE proteção, a música nos meus ouvidos era tão alta que eu já quase não a entendia mais por causa da vibração no fundo do meu cérebro, meu coração batia junto com os graves do contrabaixo. O vento gelado batia contra a minha pele, mas não era o suficiente para acabar com o calor que eu sentia. Uma gota de suor desceu pelas minhas costas, escorrendo até o decote do meu vestido ─ que deixava toda as minhas costas à mostra, e perdeu força perto da bunda. Meus cabelos grudaram no meu rosto e pescoço, começando a ficar molhados também.
Abaixei o som da música aos poucos, ouvindo os gritos e palmas das pessoas lá embaixo. Este era um festival pequeno, mas ainda assim maior do que eu estava acostumada a tocar. Tinha aceitado apenas porque Benício tinha me garantido que haveriam mais transformados do que humanos comuns. Com a ajuda do microfone, agradeci pelo set e me despedi, aumentando novamente o volume e pegando meu notebook antes de sair do palco.
Normalmente eu iria para a pista junto aos outros transformados e curtiria mais algumas horas da festa, mas nessa noite eu estava com um pressentimento ruim que fazia meus ossos gelarem e meu estômago se revirar. Olhei para a lua no céu, estava cheia. Eu não tinha conseguido me alimentar direito na última semana, toda a américa latina não era um lugar muito confortável para estarmos, principalmente com a crise sanitária dos últimos anos, com poucos postos de ajuda era raro encontrar um banco de sangue com estoque o suficiente para suas viagens.
Os funcionários costumam me dar prioridade quando descobrem meu sobrenome, mas isso só faz eu me sentir culpada.
Decidida a voltar para o hotel e tentar descansar um pouco antes do meu voo de volta para casa, parei apenas tempo o suficiente para me despedir de alguns conhecidos pelo backstage. Afinal, Benício nunca me deixaria sair sem antes tentar me convencer a ficar.
─ Que. Set. Incrível! ─ ouvi ele dizer enquanto se aproximava.
Benício Castelejo era um dos organizadores deste festival, a gente tinha sido apresentado por alguns amigos em comum numa boate em Londres seis meses atrás e desde então ele estava tentando me convencer a tentar uma carreira. Ele sabia tão bem quanto eu quão arriscado para um de nós era ficar famoso.
Bene deve ter notado meu cansaço apenas pelo meu rosto, pois quase não insistiu quando eu disse que estava voltando ao hotel.
─ É uma pena, eu queria te apresentar a algumas pessoas. Mas tudo bem, fica pra próxima? ─ antes que eu pudesse responder, Benício se virou, caminhando para dentro da sala ao lado do palco. ─ VALENTINA? CADÊ A VALENTINA? ─ ele gritou para as pessoas que estavam ali, mais por causa do som alto do que por qualquer outra coisa.
Logo uma garota morena apareceu, parecia uma pouco mais velha do que nós e estava toda vestida de preto, com um microfone perto da boca e uma prancheta nas mãos. Valentina era a primeira humana da organização que eu tinha encontrado.
─ Sim, senhor Castelejo. ─ ela disse, ao se aproximar.
─ Benício, Valentina. Me chame de Benício. ─ ele sorriu e se virou para mim, fazendo um gesto para que eu me aproximasse. ─ Pode conseguir um carro para levar a Maeve até o hotel, por favor?
Imediatamente, Valentina assentiu.
─ Por aqui, senhorita Vasilesque. ─ ela disse e começou a caminhar.
Antes de segui-la, eu me virei para me despedir de Bene.
─ Obrigada por tudo outra vez. ─ disse, aceitando seu abraço, mesmo que um pouco desconfortável. ─ Vejo você em breve.
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a l e a s a - livro um
VampirosMaeve Vasilesque ainda está apaixonada pelo seu ex-namorado do colegial. Ainda que, tecnicamente, tenha sido ela quem terminou o namoro e que já tenham se passado mais de quatro anos que eles não se vêem. E mesmo que agora ele esteja casado com outr...