Capítulo 11: Gay Ou Não Gay, Eis A Questão

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15 de março de 2012


Querida Quinn,


Você não sabe o quanto sua carta me deixou feliz. Tanto quanto as outras deixaram. Começar a me comunicar com você foi a melhor coisa que já me aconteceu em... Meses? Anos? A vida inteira? (risos). Mas falando sério, não sei o que teria sido de mim se não fosse por você. Você disse — na verdade, escreveu, mas você entendeu o meu ponto :P — exatamente o que eu precisava ouvir. Desesperadamente. E trouxe algo aos meus dias que eu sentia falta. Cumplicidade. Intimidade. Sorrisos.


Eu me sinto mais leve. Até meus pais notaram isso, sabe? Nós sentamos um dia desses e tivemos uma longa conversa. Foi quando eu comecei a me abrir. Quero dizer, você sabe, eles sabem muito sobre mim por serem meus pais, e tudo, mas eu mantinha o que acontecia na escola... Bem, na escola. Não queria que eles se preocupassem mais do que necessário. Agora que eu meio que mudei (não exatamente, mas há uma diferença), eles queriam saber o que estava acontecendo. E eu contei.


Pela primeira vez em todos esses anos, eu fui totalmente sincera com eles. Contei-lhes sobre alguns dos abusos que eu sofro na escola. Contei-lhes como eles me atingiam. Como eu estava bastante mal, e não conseguia me colocar de volta nos eixos. Como eu precisava de alguém para, não sei, meio que me dar uma balançada e me ajudar a ficar de pé novamente? O que eu quero dizer é que eu precisava de alguém como você. Ainda preciso. E eles ouviram. Ouviram tudo calados, vez ou outra enxugando uma lágrima, e me abraçaram no final. Não foi necessário palavras para descrever o momento. E, honestamente, não acho que eles sequer sabiam o que dizer.


Mas eles estão felizes. Porque eu estou feliz. E se estou feliz, grande parte é culpa sua, senhorita Fabray. Lide com isso. É uma responsabilidade que agora está sobre seus ombros (risos). De qualquer forma, quero que saiba que o sentimento é mais do que recíproco. E eu fico feliz por estarmos desenvolvendo essa amizade. Há tantas coisas que eu gostaria de saber sobre você. Tantas coisas que eu gostaria de viver com você. Aqueles pequenos momentos, extremamente únicos, que ficam gravados em nossas lembranças, e nos ajudam a suportar os tempos difíceis.


Então é uma coisa boa que você goste do meu falatório interminável, porque ele... Bem, ele é interminável (risos). Não pretendo parar de me comunicar com você. Não tão cedo. Talvez nunca. Mas isso não é algo unilateral. Depende de você, também. Por isso, gostaria de propor uma coisa. Veja bem, o programa "Cartas Para Soldados" é só para pessoas do Ensino Médio. E para mim, dentro de três meses — sério, só três meses —, essa fase da minha vida vai chegar ao fim. Eu estarei formada. Indo para a Faculdade (ou assim espero), despedindo-me de Lima de uma vez por todas.


Acontece que eu não quero me despedir de você. Não quero deixar de receber suas cartas. Não quero deixar de encarar sua letra por horas, imaginando você as escrevendo. Não quero abrir mão de uma pessoa que tem sido essencial nesses últimos meses, e que me ensinou mais em — quantas cartas foram agora? Honestamente, eu meio que perdi a conta — um número limitado de palavras do que aprendi com muitas pessoas que conheço a vida toda. O que é, tipo, incrível. Você é incrível. Perfeita. Quero dizer, não perfeita, perfeita, porque você deve ter algum defeito. Eu acho. Quero dizer, não encontrei nenhum nesse espaço de tempo que estamos nos comunicando, o que me leva a crer que você é, não sei, de outro planeta? Ou será que as pessoas de Seattle são todas assim? Eu deveria ter ido para lá há mais tempo, então (risos).

Cartas Para Quinn (Faberry)Onde histórias criam vida. Descubra agora