Você pode olhar para mim?

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Eu costumava ser um arco-íris, daqueles bem brilhantes e coloridos, ocupando todo o céu depois da chuva

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Eu costumava ser um arco-íris, daqueles bem brilhantes e coloridos, ocupando todo o céu depois da chuva.

Sempre esperava o sol retornar apesar de tudo, e tinha certeza que nada me abalaria a ponto de não ter mais forças para continuar me sustentando lá no alto.

Com o tempo, minhas cores foram desbotando, assim como a suposta beleza de minha resistência.

Quando dei por mim, asas surgiram a partir dos estigmas que me compunham, pecaminosas simplesmente por existirem.

Minha singularidade se tornou bênção e maldição enquanto eu tentava me encontrar, escondido atrás de máscaras e perdendo minha voz.

Eis que me transformei num cisne negro, tomando rumos diferentes dos demais e, por isso mesmo, duvidei da minha capacidade de voar para onde meu coração clamava para ir.

Onde está meu anjo?

Aqueles que deveriam cuidar de mim?

Me amparar?

Me ouvir?

Me permitir?

Alguns foram para o céu e não voltaram mais.

Mesmo que eu possa sentir sua presença, dói não poder mais vê-los, ouvi-los e tocá-los, exceto em meus sonhos.

Outros ainda aparecem no plano terrestre, e eu me sinto grato, embora também questione se os mereço.

Pois não sou mais o mesmo.

Meu arco-íris, agora, só apresenta duas cores: azul-melancolia e cinza-saudade.

Eu só quero ser mais feliz, será que estou sendo ganancioso?

E assim, sigo existindo, sentindo as cores se dissiparem junto comigo.

De vez em quando, elas voltam a vibrar coloridas, por raros e preciosos momentos.

No entanto, na maior parte do tempo, os tons azulados e acinzentados prevalecem.

Nesse arco-íris de duas cores.

Indo dormir ao amanhecer…

Boa noite.

Arco-íris de Duas CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora