Eu sei que você a escondeu

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- O-o que disse? - Arregalo meus olhos, eu tinha certeza que minhas íris estavam dilatadas enquanto olhava para ela, isso acontecia com muita frequência, sempre que ela estava por perto...

- Seu chapéu, eu achei ele bonito, nunca tinha visto um igual. - Meus ombros caem e o desânimo fica estampado em meu rosto, após sua resposta.

- T-tem certeza q-que nunca v-viu um chapéu i-igual? - Eu não conseguia disfarçar meu sotaque escocês, meus dedos batucavam em minha perna, eu estava nervoso.

- Tenho certeza. Eu me lembraria. - Ela senta na cama.

- S-sim... Você se l-lembraria... - Repreendo minha mente após a mesma desconfiar por apenas 1 segundo que aquela não era a verdadeira Alice. Aquela era a Alice, eu reconheceria minha Alice em qualquer lugar. Ela apenas não se lembrava de quando veio aqui pela primeira vez... por algum motivo ela não se lembrava... mas era ela, tinha que ser. Meu coração estava em conflito com minha mente maluca.

- Chapeleiro? - Alice me cutuca, olho para ela com meus olhos confusos.

- M-me desculpe, eu e-estava distraído... P-por que me chamou?

- Eu perguntei se você poderia continuar respondendo as minhas perguntas.

- S-suas perguntas? A-alice, por que está a-acordada? - Minha loucura ameaçava voltar pela simples menção daquelas perguntas novamente.

- ... Eu não deveria estar acordada? - Ela cerra seus olhos enquanto me encarava.

- E-eu p-preciso fazer a-alguns chapéus. - Me levanto e me direciono até a mesa de costura, assim como beber chá, costurar me deixava mais calmo.

- Chapeleiro, por favor, eu preciso falar com alguém, você parece ser o único que me escuta por aqui... todos me ignoram, n-não me ignore também... - Meu coração se aperta após ouvir aquelas palavras. Sinto a mão de Alice em meu ombro, giro minha cadeira até estar de frente para ela, me levanto e coloco a mão em seu rosto.

- Alice, e-eu prometo que v-você vai entender t-tudo com o t-tempo. - Faço um carinho em sua bochecha macia. Não consigo impedir meus olhos de encararem sua boca, ela estava tão perto...

- Mas eu preciso saber agora, por favor chapeleiro... - Ela coloca sua mão por cima da minha que ainda acariciava seu rosto. Subo meu olhar para seus olhos azuis, lindos olhos azuis, assim como ela, linda... tão linda... era errado querer beija-la? Sem perceber, me aproximo ainda mais, meu corpo encosta no seu, ela arregala os olhos e olha para mim confusa, porém não se afasta. - Chapeleiro o que você...

- Alice... - Passo meu dedo por seus lábios de maneira carinhosa, ela estava paralisada me encarando, seus olhos estavam arregalados, mas ela ainda não se afastava. - E-eu... - Me afasto, fecho meus olhos por um segundo para que minha íris voltasse ao tamanho normal, sinto um volume crescer entre minhas pernas. - E-eu p-preciso tomar u-um ar. - Saio bruscamente do quarto a deixando ainda mais confusa, eu precisava me distanciar o mais rápido possível, eu quase havia feito uma enorme besteira.

- O-o que...? - Encarava a porta, confusa. O chapeleiro havia me deixado sozinha em seu quarto sem nenhuma explicação, mesmo depois de ter agido da maneira mais estranha possível comigo... Eu não havia me afastado dele naquele momento por pura curiosidade, eu queria ver até onde ele iria e o que ele faria, mas não esparava esta atitude. Talvez todos fossem realmente loucos por aqui afinal.

Suspiro, a cada minuto que se passava neste mundo eu me sentia mais maluca. Me dirijo até o guarda-roupas do quarto, procuro por uma roupa que me servisse, porém não havia nada ali além das roupas coloridas do chapeleiro. Eu precisava trocar de roupa, não podia ficar andando por ai somente com aquela camisola. Saio do quarto decidida a pedir ao chapeleiro que me encontrasse uma roupa decente, e pedir explicações sobre quem havia colocado aquela camisola em mim.

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