Flowers • NamJin

Garden

Por ainda estar encarando os olhos "sem cor" de Kim Seokjin, Kim Namjoon quase não escuta quando o mesmo diz, bem baixinho:

- Me desculpe por antes, eu... Eu acabei tendo uma das minhas crises e te assustei... Com certeza não era essa a primeira impressão que eu queria passar pra você... Claro, fora aquela que eu já acabei deixando daquele dia em que nos encontramos no terraço desse hospital...

Namjoon, despertando de seus próprios pensamentos ao ouvir o ômega dizer isso, sorri de forma tranquila e gentil pro outro. E não é um sorriso falso, ele só está realmente tentando tranquilizar Seokjin.

- Não se preocupe, o seu médico, o doutor Jung, me explicou algumas coisas - fala de forma suave enquanto anda em direção a ele, ainda sorrindo de forma gentil. - Não vou mentir e dizer que não me assustei, porque eu realmente fiquei assustado e sem saber direito o que fazer ou como reagir, mas eu consegui compreender algumas coisas depois da explicação do seu médico.

Seokjin suspira e, pela primeira vez desde que voltou pro seu quarto, desvia os olhos dos do beta, que, por sua vez, sente um sentimento estranho e ruim dentro de si quando isso acontece. E é bizarro, pois ao mesmo tempo em que se sente mal e triste ao olhar nos olhos "sem cor" de do ômega por saber o quanto ele está sofrendo e nem conseguir imaginar a dor dele, começa a se sentir muito pior ao não poder olhar pra esses mesmo olhos "sem cor" do outro. Por isso, movido quase que por seu instinto e talvez até por sua vontade interior também, se abaixa na frente da cadeira de rodas e pega as mãos alheias com cuidado, sentindo a pele macia e um pouquinho mais gelada do que deveria do ômega. Assim que os olhos "sem cor", agora arregalados, de Seokjin se encontram com os de Namjoon novamente, o mesmo volta a sorrir de forma gentil.

- Está tudo bem, Seokjin - diz baixinho, quase sussurrando. Bem de leve, aperta as mãos do outro e volta a falar: - O seu médico disse que nós podemos "passear" pelo hospital. Claro, se você quiser sair um pouco desse quarto. Ele disse também que tem uma espécie de jardim fechado nos fundos desse andar, que foi feito justamente pros pacientes e que é um bom lugar pra espairecer. Podemos ir pra lá agora, se você quiser, eu te acompanho!

Seokjin, apesar de ainda estar muito surpreso pela proximidade repentina de Namjoon, consegue sorrir ao imaginar o seu médico, Jung Hoseok, falando essas coisas pra Namjoon. De forma leve, faz um "sim" com a cabeça e, meio envergonhado, agradece:

- Obrigado por ter vindo pra cá, e por continuar aqui comigo... Aliás, por querer continuar aqui comigo também...

- Não precisa me agradecer. É como você mesmo disse: eu estou fazendo isso porque eu realmente quero, e não por estar sendo obrigado, entende?- Namjoon esclarece, apertando as mãos de Seokjin bem de leve uma última vez antes de se levantar e andar até a parte de trás da cadeira de rodas em que ele está sentado. - Quer que eu empurre a cadeira?

- Por favor...

O ômega sente a cadeira sendo movimentada e virando de forma suave, e logo começa a ver os corredores brancos do hospital surgindo, se bifurcando e criando outras seções desse hospital grande no qual foi internado. Pessoas, desde pacientes e acompanhantes a médicos e enfermeiros, olham pros dois quando eles passam, e pela primeira vez desde que foi internado Seokjin não se sente nem um pouco incomodado com esses olhares. Muito pelo contrário.

Agora, apesar da leve dor sempre constante em seu peito, seu coração bate de forma tranquila. Não sente mais aquela vontade de chorar da mesma forma intensa de antes nem se sente mais tão confuso acerca de Kim Namjoon. A verdade é que, nos poucos minutos que passou afastado do quarto e, consequentemente, do beta também, o fizeram perceber que, apesar de todas as coisas horríveis que seus pais já disseram sobre essa "classe" da sociedade alfa, beta e ômega a qual Namjoon pertence; ele queria tirar as suas próprias conclusões. Fazer isso por si mesmo, ou seja, conhecer Namjoon direito e, só depois disso, julgar se ele é uma boa pessoa ou não. Sem envolver qualquer tipo de rótulo ou julgamento de outras pessoas pra decidir o que pensa sobre ele.