Capítulo 7

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—De onde tirou isso? 

—Quando, eu fui fazer as compras — Madara mexia a panela, enquanto conversava com ela — Escutei algumas pessoas conversando e os comentários não eram muito agradáveis.

—São desocupados.

Esqueci que as pessoas daqui costumam ser mais fofoqueiras do que as de Konoha.

—Não me importo com eles.

—Admiro sua inteligência emocional — Sakura não havia ficado tão surpresa.

—Não diria inteligência emocional, mas me importaria — disse destampando uma panela e a colocando no fogão — Caso fosse alguém relevante.

—Quem são as pessoas do seu catálogo de relevância?

—Só você — disse de costas para ela.

—Então... se eu pensasse mal de você, como se fosse a pior pessoa do mundo, isso o afetaria? — Sakura estava interessada no assunto.

Madara virou para sua direção, passou os dentes pelos lábios e a olhou.

—Sim.

Ele não pode estar falando sério.

—Em relação — Madara encostou na pia, continuando de frente para ela — Ao julgamento em geral, se eu fosse considerado a pior pessoa do mundo, ainda manteria a mesma opinião sobre mim?

—Como sabe minha opinião sobre você? — ela cruzou os braços.

As palavras de Madara, poderiam ser inocentes, mas ela sempre sentia que ele estava ligando tudo a questão de... como se ela soubesse quem ele era.

—Imagino que não seja algo ruim, afinal você me deixou te dar um banho, se lembra disso? — Madara ficou pensativo — Há não ser que deixe qualquer um fazer isso com você.

Cada movimento teria que ser bem pensado para a Haruno, apesar que ela não queria transformar isso em um jogo. Ela não ficou corada, a situação seria diferente anos atrás.

—Bom... — ele ficou atento a resposta dela, em específico em sua última fala. Ele a deixou sem palavras — Sabendo do tipo que pessoa é, certamente — disse sem pensar duas vezes.

—Mas, se elas tivessem um pensamento ruim ao meu respeito, alguma razão teria.

A sensação que eu estou passando por um teste, só cresce.

—Pode ser que sim — disse séria — Mas eu reitero, o que eu disse anteriormente

—Hum — Madara colocou o pano de prato em cima do balcão — É bem firme em seus posicionamentos. Isso me deixa muito intrigado.

—Intrigado com o que?

—Suas respostas são prontas demais — ele apoiou suas mãos em cima do balcão, enquanto se mantinha de costas para a pia — Não que sejam falsas, mas parece que andou pensando nisso antes.

Sakura sabia que não poderia subestimar a inteligência de Madara.

Será que ele anda observando os meus comportamentos?

—Como não poderia pensar? — demonstrou tranquilidade.

Apesar da pergunta ser retórica, a ambiguidade foi um ponto interessante. Primeiro observação, Madara era um ninja perigoso para o mundo shinobi, então automaticamente, qualquer um pensaria a respeito. Segundo que baseando na lógica que ele era uma espécie de desconhecido, qualquer pessoa, pensaria que ele pudesse ser perigoso, afinal não o conhece.

—Por que se mudou para o meio do nada? 

—Queria fugir de certas situações — disse relembrando de algumas coisas.

Acho que coloquei na minha cabeça que Konoha, se tornou um lugar ruim, mas sei que não é bem isso. Faz um tempo que não tenho notícias de ninguém e vice-versa. Fui embora, sem avisar a ninguém, fazendo questão de não deixar nenhum rastro.

—Não me arrependo — disse sendo firme e sincera — Foi o melhor a se fazer, no momento.

—Entendo — o olhar de Madara demonstrava acolhimento.

Mesmo que meus pais estejam mortos, não acredito que eu tenha os aproveitado da melhor forma possível, mas tenho certeza que sabiam que eu os amava profundamente.

Preciso parar de dar desculpas para não dizer a verdade.

Ele tem o direito de saber sobre sua vida, independente de qualquer circunstância.

—Madara — raramente, eu o chamava pelo nome. Me sentei na cadeira da cozinha, enquanto ele tampava uma das panelas.

—Sim? — ele saiu de perto da pia e se aproximou dela.

—Eu preciso conversar com você— disse criando coragem— Algo que é importante.

Em seguida, Madara sentou em uma cadeira, ficando de frente para ela na mesa. Olhei em seus olhos ônix e vi tranquilidade em seu olhar.

—Por acaso, escutou algo de uma possível guerra? — Sakura não fazia ideia de qual ponto poderia começar, mas a guerra seria uma boa introdução.

—Uma guerra que não começou — ele franziu a testa, e em seguida, prendeu o seu cabelo — Escutei alguns burburinhos. Inclusive de apostas.

—Apostas?

—Eu vi três mercadores fazendo uma aposta a respeito de qual país sairia o mais prejudicado.

Ele foi uma vez no mercado e já sabia coisas demais. Tive sorte dele não descobrir que isso se tratava dele. Sinceramente, não sei nem o que pensar.

—Sabe quem é o mentor? — voltou ao assunto principal.

—Um Uchiha — Madara deveria saber pela metade, mas já era algo.

 Isso facilita.

—Que no caso desapareceu — disse complementando.

—Há um bom tempo.

Será que ele já sabe de tudo? Por isso, o motivo das perguntas?

—A maioria desconhece a razão de seu desaparecimento — disse continuando — Alguns pensam que é uma espécie de estratégia, mas não faz muito sentido.

—Depende — ele colocou suas mãos sob a mesa — E se ele estiver querendo atacar, quando todos estiverem de guarda baixada?

—Ainda, não tem lógica. Ele poderia varrer o mundo shinobi.

—E se ele estivesse doente? Talvez, quisesse se recuperar — apesar do próprio Madara dizendo isso, Sakura sabia que era um argumento inválido.

—Ele não está doente — disse séria.

—Tem certeza? — a pergunta que imaginou que ele fizesse era ''como pode saber?'', mas por essa não esperava.

—Absoluta — ela tinha o receio que ele sabia.

Madara deu um sorriso de canto.

—Obrigado por ser sincera comigo! — disse Madara colocando a mão em cima da dela na mesa.

Não sei, se o meu coração ia a mil pelo contato ou por simplesmente...

—Você sabia? —perguntou espantada.

—Eu tinha minhas desconfianças.

Essa não foi uma das alternativas que eu pensei em relação a essa situação. Passaram bem longe.

—Sua memória voltou? —  ele balançou a cabeça em forma de negação.

O pessoal daqui tem uma língua solta.

Ele não estava muito preocupado com o que diziam sobre ele. Apostas, conversas. Talvez, a personalidade de Madara continua adormecida, mas algo se fazia presente. Sakura percebeu que seus olhos brilhavam com uma intensidade como se fossem um céu estrelado. Apesar de viver em uma embarque de emoções, Sakura sentia uma conexão inegável.

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