Parte 2 - A Loja

290 35 16
                                    

Os dias que se seguiram à festa de Natal na casa dos meus pais, foram um completo tormento para mim.

Primeiro pela sensação inacreditável porque tudo o que vivi naquele dia foi apenas um sonho muito bom. Algo fora da realidade, alienígena da minha vivência.

Tudo desde a chegada de Alice na casa, seu doce perfume ômega dançando ao meu redor, seu presente para minha avó e o delicioso jantar ao lado dela.

As lembranças dançavam pela minha mente e minha ansiedade me fez revisitar todos os detalhes, cada conversa, olhar ou sorriso.

Durante todo o final de semana. Uma e outra vez em uma espiral. E mesmo ansioso, meus pensamentos a respeito da noite eram especificamente bons.

Suaves e gentis olhos castanhos de uma mulher bonita me perseguiam toda vez que eu deixava minha mente correr para a festa de meus pais. Tudo no pequeno ômega me chama como nada mais em minha vida.

Durante toda a minha existência me senti como um barco à deriva em uma tempestade. Uma embarcação sem tripulantes, sendo arremessada de uma lado para o outro, muito próximo da costa, mas perdido na escuridão.

Durante muito tempo me revoltei contra o mar, até descobrir que a tempestade na verdade sou eu.

Então me resignei aos meus demônios e continuei perdido nas águas turvas. Até que uma luz muito potente acendeu no céu, um farol queimando fortemente no horizonte.

E essa forte chama me iluminou por inteiro. Pelo menos por algumas horas, em uma festa de Natal.

O colorido suave dessas lembranças aquecem meu corpo. Massageando minha alma machucada e me enchendo de um sentimento interessante. Algo que não sinto há muito tempo.

Esperança.

Temos que encontrar o Ômega. Acasalar com ela, morder seu pescoço esguio.

Sim, esses pensamentos não me abandonaram. Pelo contrário, nunca estive tão ligado aos meus instintos Alfa. A voz interior é alta e constante, exigindo os afetos de uma mulher que sei que não está interessada em mim.

Seus lábios doces, quero mais. Quero meu Ômega.

Tenho que suspirar profundamente quando essa lembrança específica invade o meu cérebro e toma conta da minha mente.

Lábios cheios e macios tocando os meus. Alice se inclinando para me alcançar e colar minha boca na dela.

Um beijo de visgo.

Meu primeiro beijo.

A sensação, agora que pude parar e refletir sobre isso, foi além dos meus melhores sonhos.

Nem em meus mais loucos desejos me permiti imaginar algo assim.

Mas o calor de seu corpo de mulher, o rosado em suas maçãs do rosto e sua timidez, mesmo ao tomar as rédeas e me proporcionar algo inestimável. Nunca vou me esquecer disso.

Por mais cedo e maluco que seja sinto que meus instintos estão corretos. Perder uma chance com Alice, mesmo que extremamente remota, é uma sentença pior do que nunca a ter conhecido.

Posso estar sendo um idiota e não ter o devido respeito ao ômega em meus pensamentos, mas essa não é minha intenção.

Por isso tenho que pensar muito claramente em como devo proceder. Não posso assustar meu ômega. Todavia sinto que estou fadado a esse destino. É claro que esse sentimento recorrente me faz entrar em uma enorme crise de ansiedade.

Sou inapto nas questões mais básicas do comportamento social. E agora com todas as minhas deficiências, tenho que arriscar em um mar desconhecido e sombrio.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 08, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Um Desejo De NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora