O cheiro das flores do campo, mesclado com aquelas ruas de terra e grama para todos os lados fizeram Sofia entortar o nariz. Como alguém conseguia viver em lugares tão singelos assim?
Tinha repulsa a esse tipo de gente que amava a natureza e blá, blá, blá. Para ela eram apenas um bando de caipiras ignorantes. Esse tipo de pessoa não devia se misturar com os nobres de forma alguma. A única pessoa dessa classe que sentira carinho era Rosália, mas apenas porque a mulher ajudou a lhe criar.
Respirou fundo irritada pelo ambiente, mas deu mais alguns passos e bateu na porta. Não demorou muito para ouvir a voz conhecida gritar um "já vai" e esperou impaciente.
-- Sim? -- A mulher perguntou, ajeitando a postura ao ver que se tratava de Sofia.
-- Olá, senhora Jeong! -- Ela disse sorrindo falsamente.
-- Eu sabia que Heyoon iria me complacer e se penalizar por ter nos feito sair de lá. -- A mulher disse rindo vitoriosa. -- Claro que não foi ela. A ingênua jamais expulsaria alguém, mas Alejandro ficou uma fera. -- Esclareceu, vendo Sofia lhe olhar confusa. -- Enfim... Agora que sei que a casa ainda é minha irei me mudar hoje mesmo.
-- Sinto dizer, mas não vim a mando de Sabina ou Heyoon. Tenho cara de empregada ou de pombo correio por acaso? -- Sofia perguntou entediada.
-- O que quer então? -- Penélope disse colocando a expressão gélida em seu rosto novamente.
-- Te fazer uma pergunta.
-- E por que ainda não fez? Está achando que tenho todo o tempo do mundo? -- Sofia riu e negou com a cabeça. A mulher havia passado uma semana na mesma casa que ela, mas jamais trocaram um diálogo. Penelope era mais parecida com ela do que poderia imaginar.
-- É sobre o ex da Heyoon. Como ele era? Digo, fisicamente. -- Sofia havia levantado suspeitas havia algum tempo. Não era tão ingênua como Sabina e não perderia a oportunidade de ir a fundo nisso.
-- Para que quer saber?
-- Digamos que... acho que ele está em casa, usando outro nome. -- Falou. -- A questão é: Preciso saber se é ele ou não.
-- E o que eu ganho afundando o casamento da minha filha, sendo que eu que fiz aquilo acontecer? -- Perguntou cruzando os braços e Sofia abriu seu maior sorriso.
-- Não creio que esteja sendo beneficiada com o casamento de sua filha, certo? -- Perguntou, vendo Penélope se mexer inquieta. -- Preciso separar Sabina de Heyoon para que eu possa casar com a herdeira de tudo. -- Penélope gargalhou alto ao ouvir aquilo.
-- Não fale estupidezes, criança. Por que eu te entregaria meu pote de ouro?
-- Porque seu pote se esvaziou, querida. -- Foi atrevida em sua frase. -- Mas eu costumo ser generosa com as pessoas. Eu poderia te comprar a melhor casa da cidade e te dar uma quantia razoável de dinheiro por mês. -- Ofereceu. -- Não quero Sabina só pelo dinheiro, então posso ser solidária com quem me ajudar. -- Disse olhando em volta. -- Vou me casar com ela com ou sem sua ajuda. A diferença é que se me ajudar você se beneficia e eu consigo meu propósito mais rápido. -- A mais velha bufou ao ouvir aquilo.
-- Cabelos loiro claro, olhos azuis, tamanho médio e pele clara. Mais escuro que Sabina e mais claro que Heyoon. -- Sofia sorriu ao confirmar suas suspeitas.
-- E ponto para nós, Jeong. -- Sofia disse sorrindo. -- Agora só preciso desmascarar sua filha. Sabina costuma ser idiota com isso de confiança. Não é qualquer cena simples de beijo que a faria acreditar. Ela ficaria para ver a cena toda, a conheço. Mais estúpida impossível. -- Concluiu revirando os olhos.
-- Acho que posso te ajudar com isso. Digamos que... sou boa em persuadir as pessoas.
-- Seu saldo está aumentando comigo. -- Sofia disse sorrindo triunfante.
-- Bem, infelizmente Josh é outro tapado que leva a sério isso de integridade. Então não tente suborná-lo. -- Explicou. -- Terá que fazer o idiota cair na mentira também. -- Falou pensativa.
-- E Sabina precisa estar bêbada. Bêbada ela fica mais intensa e não pensa direito. -- Sofia disse. -- Acha que Heyoon está tendo um caso com ele?
-- Não. Aquela besta se apaixonou de verdade pela esposa. A mãe de Eleonora me contou. -- Disse negando com a cabeça. -- Vai usar a festa de hoje?
-- É a minha grande noite. -- Sofia respondeu sorrindo.
-- Então já tenho um plano inicial. O resto você desenvolve estando lá. A ingrata da minha filha não me convida mais para as festas. -- Falou irritada.
-- Sou toda ouvidos, senhora Jeong.
[...]
Algumas horas depois.
Josh se arrumava para a festa na mansão Hidalgo, nesse momento terminava de fazer o nó em sua gravata. Estava disposto a partir naquela mesma noite, apenas se desculparia com Heyoon pelas atrocidades que lhe falara. Seus olhos estavam focados em seu reflexo no espelho, contudo, o barulho de algo roçando o chão lhe prendera a atenção.
Caminhou até a porta e reparou o papel branco ali. Confuso, se abaixou e capturou o papel em suas mãos. Viu que era um bilhete e não aguentou a curiosidade, abrindo e começando a ler.
"Querido Josh, eu sei que tenho sido uma idiota em ignorar meu coração, mas hoje caí na realidade. E essa realidade diz que sempre te amei, desde o dia onde seus olhos se encontraram com os meus quando você foi comprar frutas na barraca da minha mãe, se lembra?"
O homem sorriu, assentindo sozinho para o papel. Não conhecia a letra de Heyoon, mas julgara ser bastante delicada.
"Não posso pedir o divórcio, Sabina é uma boa mulher, mas fica agressiva quando as coisas não saem do seu jeito e justamente por isso sigo dizendo a ela que a amo, sendo que meu coração pertence só a você.
Te ofereço uma saída, poderíamos fugir juntos. Me encontre na biblioteca as vinte e três horas se ainda estiver disposto a ficar comigo.
Com amor, sua Heyoon."
-- Eu sabia que você não poderia ter me esquecido em tão pouco tempo, meu amor. -- Ele disse beijando o papel. Sorria para os ventos e olhou em seu relógio. Marcava sete e trinta e dois da noite. Em menos de quatro horas sua vida voltaria ao normal. Heyoon e ele juntos.
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「 𝖮𝗏𝖾𝗋 𝖳𝗁𝖾 𝖱𝖺𝗂𝗇𝖻𝗈𝗐 」- 𝖲𝖺𝖻𝗂𝗒𝗈𝗈𝗇
Fanfiction𝗦𝗮𝗯𝗶𝘆𝗼𝗼𝗻 | + Over the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Heyoon, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por josh beauchamp, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Jennie...