chishiya + niragi.
Shuntarō Chishiya ansiava sobrevoar o mundo com suas lindas asas amaldiçoadas, no entanto, estava envolvido até o pescoço em toda essa porcaria errada, com a pior herança familiar que poderia obter; o sangue ruim. A vida no reform...
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SUGURU NIRAGI point of view Tóquio, Japão.
A noite está relativamente fria, o clima lá fora nos obriga a usar casacos, mas na sala de estar da casa de Ann, somos obrigados a usar, no mínimo, sutileza ─ há fogo puro queimando cada pessoa presente neste recinto, saindo de seus olhos de águia severa. Estávamos reunidos, em um silêncio incômodo, e isso definitivamente significa que as coisas estão caminhando para uma estrada tortuosa. Não temos relacionamentos, somos unidos apenas por negócios, intenções ilegais e pouquíssimo afeto, raramente estados todos no mesmo lugar, mas agora que estamos, não é um bom sinal.
─ Pouco pontual para um advogado, Segawa! ─ Ann diz estranhamente calma quando Chōta finalmente se faz presente. Ele não responde.
Respiro fundo, preocupado; dentre nós, apenas eu e Niki temos uma relação explícita de afeto com Rizuna, no entanto, não faço a mínima noção do que ocasionou essa puta reunião de emergência, eu deveria saber o que tortura a mente desta mulher, mas eu não sei, e isso tanto me preocupa quanto me irrita.
─ Qual o propósito disso, Ann-chan? Eu não quero ficar aqui, prefiro apenas ir para o meu quarto. ─ Niki quebra o silêncio, suplicante, o desconforto em sua voz é quase palpável.
Pobre criança de caminho perdido e alma inocente.
─ Ele não precisa ficar, certo?! ─ Sei o quão incompreensível e assustador é para esta criança conviver entre a maldade absoluta, entre os humanos que um dia serão espíritos rejeitados pelo inferno e céu; espíritos solitários que estão destinados a vagar pelas sombras por toda a eternidade. Eu me sinto igualmente aterrorizado, a diferença é que sou um deles. ─ Deixe que ele vá.
Ann não me respondeu no primeiro momento, mas seus olhos queimam minha pele. Seu humor está tão ácido quanto todos os líquidos gástricos dos estômagos dissecados por suas mãos habilidosas.
─ A criança fica. ─ Decretou em tom austero.
─ Seja lá o que você tem para dizer, apenas diga logo, Rizuna. ─ Pede Karube, com olhos cansados e um cigarro morrendo entre os dedos finos.
Fico tentado a respondê-lo, mas já ultrapassei minha cota de intromissões por hoje. Samura me olha e ri, é claro que o faz. Certa vez sua voz entediada me perturbou por horas a fio, insinuando que eu via em Ann algo como Deus, quis rir também, mas o medo de ter confundido gratidão com adoração fez com que a merda do riso descesse garganta abaixo.
