Origem da vida

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Compreender as características da vida e seus mecanismos de propagação costuma levar a indagações sobre nossas origens evolutivas. Estas perguntas podem parar na resposta à origem de uma espécie ou avançar às origens da vida na Terra. Neste segundo caso, é difícil imaginar que os primeiros organismos a habitar o planeta já tenham surgido com características complexas uma vez que a complexidade está diretamente relacionada à existência ou ocorrência de muitos processos. Assim, trabalhando com base em evidências de campos como a biologia, geologia, física, química, chegamos à conclusão que o primeiro ser vivo a existir em nosso planeta deveria se assemelhar a uma bactéria atual, com uma capacidade metabólica limitada que, ainda assim, foi suficiente para sua sobrevivência e reprodução. É importante ressaltar, como estudaremos nos próximos módulos, que os processos que regem a evolução biológica nada têm a ver com a perfeição, mas com a capacidade de propagação dos organismos.

PRINCIPAIS TEORIAS

Duas teorias dominam o mundo acadêmico no que diz respeito ao surgimento da vida na Terra. Uma delas, atualmente mais aceita, é conhecida como teoria de evolução bioquímica e se baseia na premissa de que, em condições específicas, moléculas mais simples (inorgânicas) poderiam reagir e se agrupar, originando moléculas mais complexas (orgânicas) que, em progressão, sofreriam rearranjos para a formação de estruturas celulares. Paralelamente a esta, há a teoria de panspermia cósmica que oferece como explicação para o surgimento de vida em nosso planeta, não as condições existentes na própria Terra, mas em outros pontos de nosso sistema solar. Assim, moléculas complexas poderiam ter sido carregadas até aqui por asteróides e, a partir de então, teriam surgido os primeiros organismos vivos. Um grande ponto favorável a esta teoria recai sobre a detecção de moléculas orgânicas, como aminoácidos, em corpos celestes estudados fora da nossa atmosfera.

A FORMAÇÃO DA TERRA

A origem da vida em nosso planeta, segundo apontam os estudos, data de aproximadamente 3 bilhões de anos atrás. Assim, considerando que a terra tenha surgido a pouco mais de 4,5 bilhões de anos, é preciso ter em mente que as condições nas quais a vida se origina são muito diferentes das condições onde ela se mantém atualmente.

Antes de qualquer coisa, é importante visualizarmos um planeta extremamente aquecido no qual a crosta terrestre ainda estava se formando gradativamente pelo seu processo de resfriamento. Com temperaturas tão altas, era praticamente impossível manter água em estado líquido, o que impossibilitaria a vida da forma que a conhecemos. Além disso, a atmosfera apresentava uma composição distinta da que temos hoje, provavelmente contendo os gases CO, CO2, CH4, e N2. A ausência de O2 não apenas inviabilizaria a sua utilização na produção de energia pela respiração celular aeróbica, como também impossibilitaria a formação da camada de ozônio (O3) que nos protege da radiação ultravioleta C (UV-C), extremamente mutagênica. Por fim, a grande quantidade de meteoros que chegava à superfície da Terra também tornava este ambiente mais agressivo a qualquer ser vivo que pudesse surgir.

Se por um lado os meteoros traziam à Terra grandes impactos e poder destrutivo, por outro agregavam massa ao planeta e gotículas de água em seu interior. A quantidade de asteróides que chega ao planeta nesta época é tão grande que a água acelera o seu resfriamento enquanto evapora e se soma aos gases atmosféricos. O ciclo de evaporação e precipitação da água provoca grandes tempestades com descargas elétricas de grande potência. Neste momento começam a se formar oceanos primitivos e, com a retenção de quantidades cada vez maiores de água líquida, surge a possibilidade de vida na Terra.

Considerando estas informações, os cientistas Miller e Urey tentaram recriar, em 1953, as condições da Terra primitiva em um aparelho laboratorial de forma a testar a formação de moléculas orgânicas. Neste aparelho, esquematizado na figura a seguir, há alguns compartimentos a se destacar, cada um equivalente a um ponto crucial das condições iniciais de nosso planeta.

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