Shigaraki está sem as mãos que usa todo dia—-
Esses dias descobri que você começou a fumar.
Fui espairecer pelos cantos de Tóquio e me deparei contigo em companhia de uma Marlboro em mãos, na calçada pouco longe do esconderijo da liga.
Nunca liguei muito pra ti, mas fiquei surpreso com a cena. Sabia que após o escândalo nacional com o seu pai tinha ficado mais recluso e deprimido que o normal, por isso fiz o que nunca faria em nenhuma situação que era: conversar.Caminhando algumas quadras fui percebendo o quão aquele bairro era silencioso de madrugada, por mais baixo que você fale consigo te escutar, sua voz está fragilizada como se fosse chorar a qualquer momento e respeito o quão forte estava sendo pra segurar isso, apesar de odiar te ver se sufocando. Sugeri voltar pra casa tomar um café, mas você diz que prefere morrer do que ter o risco de demonstrar o estado em que estava pra qualquer pessoa da liga.
— Porque está se abrindo pra mim então? — Perguntei.
— Não sei exatamente, só preciso. — você responde tragando o cigarro. — Não posso buscar ajuda e estou no meu limite.
Foi a primeira vez que senti empatia, a verdade é que ninguém merecia aquilo e odiei me identificar com você. Invejei sua capacidade de conseguir conversar sobre o inferno e quis te abraçar, é um sentimento conturbador querer tocar em alguém como quero agora, criei costume de ter repulsa com qualquer tipo de afeto graças ao meu poder, pra não ter que sentir a agonia de não conseguir tocar em ninguém.
Que piada de mal gosto, mas tentei mesmo assim.
Foi envolvendo os meus braços em ti que descobri a razão do aroma de cigarro me ser tão nostálgica, meu pai fumava de vez em quando antes de falecer, e o cheiro era exatamente igual.
Você me agarrou de volta e chorou nos meus ombros, eu não conseguia respirar direito e entendi que tudo que precisava era de um abraço. Não sei se ia ficar tudo bem, mas me senti consolando uma criança perdida, a partir do momento que o sujeito em meus braços não se tratava de um psicopata sem coração, e sim apenas um garoto cheio de traumas como eu, me permiti lhe perdoar por todos os seus pecados.
— Sinto muito, Touya.
———
não era a primeira vez dele fumando
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Cigarro
Novela JuvenilDabi começou a fumar. Não sei se ia ficar tudo bem, mas me senti consolando uma criança perdida. - Sinto muito, Touya • shigadabi • angst/sentimental • disclaimer!manga spoilers •