Capítulo 4

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Five pov:

Me teletransporto diretamente para o meu quarto, dando de cara com Dolores na cama me encarando com seus olhos vidro. O calor e o cheiro de S/N continuavam em minha roupa, os pelos da minha nuca ainda estavam arrepiados pelo toque de seus dedos macios e habilidosos, meus lábios formigavam por causa da necessidade de sentir sua boca na minha.

-Não me olha assim. Não aconteceu nada.

Eu sentia um desejo ardente crescendo em mim no passar do dia, precisava do toque dos lábios de S/N, precisava de seus dedos em meu cabelo, precisava enroscar suas pernas em meu quadril. Mas eu não podia. Ela já devia estar dormindo, de qualquer forma. Me aproximo de Dolores, me sento na cama, colocando seu tronco sobre meu colo. Todo meus lábios nos seus de plástico. O gesto me sacia por alguns segundos até eu perceber que não Dolores não é quente e macia como S/N. Aquilo era frustrante.

Larguei o manequim num canto da cama e comecei a andar de um lado a outro no quarto pequeno, puxando a parte cumprida do meu cabelo de frustração. Com um suspiro derrotado olho parava boneca em minha cama, já cheio de culpa e ódio de mim mesmo.

-Desculpa, meu amor, preciso disso.

Antes que eu perca a coragem me teletransporto para o banker no porão em que mantenho S/N em cativeiro. Faço-o com o máximo de silêncio possível. Quando chego lá S/N está deitada no chão duro, frio e empoeirado, com a barriga pra cima, os braços em volta de si mesma e as pernas dobradas em seu peito. Fico com pena excessiva de S/N. Com tanta pena que sinto necessidade de tirá-la daquela situação. Fui até o sótão e peguei um colchão que ninguém sentiria falta, logo depois fui ao meu quarto e peguei meu próprio edredom azul marinho e um travesseiro do quarto do já falecido velho. Junto tudo e levo para o porão, quando limpo a garganta para chamar sua atenção, a garota se assusta num primeiro momento mas depois seus olhos se iluminam com oque tenho nas mãos, jogo tudo pra ela, mantendo distância. Ela provavelmente acha que joguei porque estava com raiva por hoje cedo, mas na verdade estava com medo de chegar perto dela e não poder me controlar. Toda a coragem que havia reunido nos últimos minutos em meu quarto haviam se esvaído do meu corpo.

Saio novamente da prisão particular de S/N. Não tenho vontade de voltar ao quarto e encarar uma Dolores decepcionada, então vou ao bar. Faço algumas misturas que me vinham a cabeça ignorando o fato de toda a casa estar dormindo, ninguém vem me incomodar.

Depois de um ou dois Blood Marys eu já estou novamente formigando de desejo só de lembrar do corpo de S/N próximo ao meu, o álcool me deu a coragem que eu antes havia perdido.

Volto ao porão. Ao porão de S/N.

Quando chego lá me deparo com S/N enrolada no meu antigo edredom, os olhos fechados, mas ela não estava dormindo, estava concentrada. Estava cantando uma música que eu não conhecia, sua voz ecoava pelo pequeno quarto metálico, era quase o som de uma sereia tentando me seduzir a entrar na água para me afogar. Se a sereia tivesse essa voz, eu me afogaria de bom grado.

Me aproximo antes que eu amarele de novo, ela ouve meus passos e para de cantar e dá um leve pulo de susto.

-O que está fazendo?

-Chega pra lá.- S/N parece um pouco confusa com a ordem, mas obedece, ainda que relutante. Me aconchego no edredom ao seu lado, nossas pernas roçavam uma na outra, seu cheiro invadia meus sentidos novamente, estávamos perto, mas não era o suficiente.

-O que você quer?- S/N se vira, a barriga pra cima e as mãos em baixo da cabeça, tentando parecer relaxada.

Eu não respondo, apenas coloco a mão delicadamente embaixo de seu queixo, virando-o em minha direção e indo de vagar em direção aos seus lábios, antes de eles se tocarem seus olhos iam dos meus lábios aos meus olhos, ela lambe os lábios assim como fiz hoje mais cedo, quando nossos lábios se tocam pela primeira vez eu senti tudo oque esperava: o calor, a maciez, o frio na barriga, a necessidade de mais... me afasto um pouco, procurando em seus olhos se ela também queria aquilo (podia ser seu sequestrador, mas não seria seu assediador e muito menos seu abusador sexual), S/N simplesmente assente, ainda relutante em aceitar o gesto de carinho.

Tocamos nossos lábios novamente, aprofundando o beijo, dando passagem para a língua. S/N tinha gosto de menta, provavelmente da pasta de dente, seus lábios se moldavam aos meus, nossas línguas estavam numa dança compassada, quando percebi estávamos novamente naquela posição, eu prensava S/N contra a parede, suas mãos estavam em meu pescoço e meu cabelo, puxando-o, demonstrando desejo, suas pernas estavam em volta do meu quadril, minhas mãos vagueavam de sua cintura à suas coxas grossas e fartas, nosso beijo deixara de ser leve e passara a ser urgente e carregado de desejo.

S/N me deixava louco, eu estava consumido pela necessidade de tê-la naquele momento, quase sucumbindo à meus desejos mais primitivos. Quando as mãos de S/N roçaram a barra de minha blusa e seus dedos gelados tocaram meu abdômen eu despertei do meu transe, desenrosquei as pernas da garota e segurei seu pequeno e adorável rosto nas mãos, apenas para prolongar aquele momento mais um pouco, porque no momento em que eu pisasse fora daquele quarto, teria que voltar ao mundo real. E foi oque fiz logo em seguida: me teletransportei para o bar, bebendo o máximo de álcool que eu conseguia para ver se disfarçava o desejo quase doentio que sentia pela garota presa.

~My Kidnapper~Onde histórias criam vida. Descubra agora