Chloe:
Eu estava usando meu sueter cor de rosa, que minha mãe havia me comprado dez semanas antes de eu ser internada na casa onde maluquinhos passam o dia jogando jogos patéticos. O fino tecido de lã não era capaz de me protejer do horrível frio que cobria toda a cidade.
Me sento em uma das rochas que jaziam em frente ao mar, e pego um grande graveto, olhando em volta apenas para conferir se há alguém, não. Estou sozinha, novamente, eu, uma foto da minha família, e uma grande mochila verde nas minhas costas.
E então começo a desenhar na areia que fora pisada milhares de vezes, os olhos quase fechados, os lábios muito bem desenhados, os cabelos longos e lisos, aquela poderia ser a boneca de porcelana que eu ganhei quando nasci, e minha mãe nunca me deixou brincar, e que agora iria pertencer à Lovely.
Olho para o mar, e abraço meu próprio corpo, tremendo como um relógio despertador as 7:15. Me pergunto por que exatamente eu escolhi ficar em frente ao mar, sendo que hoje é um dia muito, muito frio, e eu estava usando uma saia, pois em minha cabeça a possibilidade de que essa cidade poderia ser fria no inverno, não havia passado.
Me levanto ficando em pé na rocha e encaro o meu desenho, e então saio correndo e vou na direção de um telefone público paro em frente a ele, não poderia ligar para minha mãe, não antes de eu chegar no seu apartamento.
Passo por sorveterias, restaurantes, casas, apartamentos, e pergunto a pessoas se elas conhecem alguém da foto que eu havia trazido, por que exatamente meus pais tinham que fugir de mim, e fingir que eu não existia? Por que vir logo para cá? Uma cidade tão grande? Por que minha irmã deixou escapar "sem querer" enquanto nos falávamos por telefone na casa de malucos o endereço do apartamento que eles estavam? Por que eu nunca consigo achar um apartamento mesmo tendo o endereço? Por que eu nunca comprei um cachorro? Tantas perguntas sem respostas.Chego a uma rua quase deserta, e em frente a um bar que estava realmente lotado um garoto que deveria ter minha idade está parado mexendo no celular, um Iphone, daqueles caros que eu nunca iria ganhar de meus pais, nem achar no meio da rua, nem roubar de algum mendigo, nem achar em um parque, nem pegar do garoto.
"Olá, você viu essa família em algum lugar ?", pergunto mostrando a foto que havíamos tirado dois meses antes de me internarem, e sinto um pouco de esperança em minha voz.
"Holla", ele diz. "Lo siento, no hablo su idioma."
Eu olho para minhas mãos, depois olho para ele novamente.
"Não como a sete dias", digo, prendendo a respiração. "Perdi a virgindade aos doze anos com o patrão de meu pai, para salvar seu emprego", respiro fundo, me recuperando. "Tenho uma filha, mas meus pais e meus irmãos fugiram com ela para essa cidade depois de ter me internado em um hospital psiquiátrico", paro um pouco arfando, o peso dos segredos sempre pesam mais quando falamos, "não sorrio desde meus doze anos de idade, quem sabe sorrio... um pouquinho", suspiro. "Você é um gato.", digo rapidamente.
Me balanço de um lado para o outro, com as mãos crusadas nas costas, abaixo da mochila. "Obrigado por me ouvir. Mesmo não tendo me ouvido de verdade."
Me viro para trás para ir em direção ao apartamento de meus pais, que eu estava com muito medo de entrar, mas sinto uma mão quente agarrar meu pulso, e então me viro.
"Hey! Rosinha! Eu falo sim seu idioma, porque eu nasci aqui", ele apertando os lábios e os olhos cinzentos
"Por que você mentiu?!", pergunto, quase gritando.
"Bom... eu queria ver o que você faria. Gosto de experimentar coisas idiotas com garotas bonitas. Realmente eu não queria saber nada sobre sua vida íntima", ele diz.
"Então... espero nunca mais ver você", digo sentindo minhas bochechas queimarem.
"Eu espero totalmente o contrário", ele diz sorrindo. Um carro prata/cinza para na nossa frente. "Quer uma carona?"
"S...sim?", eu digo.
"Venha..?", ele aperta os lábios novamente.
"Chloe", eu digo.
"Bom, Chloe, me chamo Jeremy."
Entramos no carro, e me deparo com uma garota de cabelos esbranquiçados, ela sorri para mim, e eu pisco amigavelmente em resposta.
"Luke essa é Chloe, ela fugiu de um hospital psiquiátrico", Jeremy diz para o garoto moreno que está em nossa frente.
"Olá Chloe, essa é Samantha, ela me deu um fora. Samantha essa é Chloe, ela é uma fugitiva, e iremos dar uma carona para ela", ele diz sorrindo mostrando suas covinhas.
Não pensei que Luke estaria bêbado - talvez por não ter uma bola de cristal - e acabaria atropelando uma garota, nem que eu ficaria do lado de um cachorrinho que precisava de um bom banho. Nem que essa garota morasse no mesmo apartamento que Jeremy.
"Até mais Chloe", Jeremy disse quando parou em frente ao apartamento que deveria ser onde meus pais foram morar, é incrível o fato de outras pessoas sempre seguirem o endereço e chegarem a um lugar que não seja uma cidade fantasma no meio do México, o que aconteceu dois dias atrás, sinto Jeremy apertar um papelzinho contra a palma da minha mão, e então ele a fecha.
"Asta luego, Jeremy", eu digo me virando.
Olá!!!!!
Segundo capítulo!! Eeeehhhhh, estou tão feliz!! Tenho muitas expectativas para esta história, e espero que gostem das mudanças.
Acho que ela pode ser a Charlotte Free.
Beijos e abraços, e chocolate. :3 :3 :3
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Big girls (hiatus)
Teen FictionKeep your feet on the ground When your head's in the clouds