cap 8

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Se passaram três dias depois que fui á casa dos Perlman e já tinha dormido mais que meu pai e ele dorme muito. Às vezes ele dorme quando vê TV. Estou sem ter o que fazer. Li e reli livros, muitos livros. Talvez o verão não seja tão divertido assim.

Não gosto de estudar, mas sou boa aluna, eu estava à espera do verão e agora que chegou não tenho o que fazer. Acabei de me mudar, deve ser isso. Eu gosto de Lombardia e do Elio, eu gosto de Lombardia. "Eu gosto do Elio" não gosto dele, não desse jeito, mas ele é o único que eu converso que não seja meus pais e minha bisavó. Aqui é calmo e meu pai ainda mais animado.

Fui tirada dos meus pensamentos quando escutei conversa vindo da porta de casa, era meu pai mas, com quem ele tinha tanta conversa para jogar fora? Não era a minha mãe e nem com minha vó, eu conhecia a voz, mas não sabia quem era. Sai do meu quarto e fui para a porta principal, queria saber quem era.
-Elio?
-Oi Zara!-ele sorriu p mim
-Elio passou aqui e quer falar com você-meu pai explicou
-Vamos andar de bicicleta até minha casa, pega a sua. -Elio falou
-Eu posso ir?
-Pode sim, mas você vai com pijama?-Meu pai perguntou
Me dei conta que estava de pijama, estava de pijama e apareci aqui, meu cabelo estava bagunçado, eu estava acabada. Eu esqueci que estava assim. Subi rápido até meu quarto, quase tropecei nas escadas!
-Vou te esperar aqui! -Elio me falou sentando na mesinha com poucas cadeiras que, ficava na varanda de casa.
Eu só olhei para trás e sorri torto, voltando a subir as escadas.

Eu estava toda desorganizada mas, meu quarto não, nunca está, meu quarto anda sempre organizado.
-Vamos?-perguntou Elio
-Vamos- me despedi do meu pai e peguei minha bicicleta.

-Como foi os 3 dias sem mim?
-Como foi os 3 dias sem MIM?-falei dando ênfase no "mim"- você contou até!
Contrariei ele como se não tivesse contado também.
-Eu não contei!
-"Como foi os 3 dias sem mim?" -repeti a pergunta dele imitando a sua voz
Elio virou a cara para sua esquerda e voltou os olhos para mim:
-Eu falo assim?
-Fala
Ele começou a rir, com aquela boca rosada e a risada que eu colocaria de despertador. Pareci obcecada agora, calma.
-Assim que as pessoas me escutam?- o garoto parecia indignado- Me ensina a falar?
Olhei para ele e eu só sabia rir da pergunta dele
-O que?-ele me olhou com as sobrancelhas franzidas-Não tem graça! se eu falar assim, eu preciso de ajuda
Dei uma pausa na risada:
-Elio sua voz é...normal! Adoro sua voz, estava brincado com você-sorri
-Ah... que alívio
Voltamos a pedalar, porque quando disse q a voz dele era que nem quando imitei, ele parou e olhou para mim, franziu as sobrancelhas e "Eu falo assim?".

Enquanto pedalava, tantos pensamentos passaram pela minha cabeça:
"Adoro sua voz"
"Ele começou a rir, com a boca rosada machucada de tanto que passa o dente e a risada que eu colocaria de despertador."
"Eu gosto do Elio"
Eu gosto do Elio?
-Zara?-Elio me chamava- já chegamos!
-Oi! Ah...nem vi
Encostamos nossas bicicletas na parede e fomos entrando.

Eu seguia o Elio como um carrapato, eu via sua boca mechendo, mas não escutava nada, estava concentrada demais nos meus pensamentos para escutar Elio. "Eu gosto do Elio?" era só isso. Minha cabeça estava cheia disso.
-Você não vai entrar?-Ele perguntou, colocando de lado tudo o que eu pensava
-Oi?
-Na piscina?-Ele disse óbvio franzindo as sobrancelhas
-Eu não trouxe biquíni
-Nada com roupa
Entrei com roupa e fui para perto do Elio que me esperava na piscina.
-O que você estava pensando quando a gente andava de bicicleta? Você estava na sua, era como se tivesse sumido.
-Nada
-Nada?
-Nada. -Disse séria sem olhar para ele- E você? -olhei para o garoto que me encarava como se soubesse que eu mentia com a resposta
-Não muda de assunto.
-Eu respondi, e agora estou te perguntando
Ele não insistiu e respondeu de uma vez:
-Eu não pensava em nada, só pedalava-disse simples
-Hm
-Hm? Porque você está assim comigo, o que eu fiz?
-Nada.
-Mas "hm" é seco
-Não era minha intenção. -falei sem expressão alguma e olhei para frente, como se Elio não estivesse comigo.
Elio nadou para o outro lado e ficou lá, ele estava tão tranquilo olhando para um ponto fixo. Elio é calmo, parece que não se irrita, e não acha nada ruim.

Senti alguém puxando minhas pernas para baixo...Elio! Não percebi ele se aproximando de mim, eu só olhava para frente, só quando ele pegou minhas pernas que vi que era ele.
Ele sorria para mim debaixo da água com o cabelo todo jogado no rosto. Ele foi subindo para respirar e eu junto. Eu sorria torto com o cabelo bagunçado, e ele me encarava:
-Um sorriso- ele sorriu
-Como?
-Você sorriu, porque não sorri mais?
Fechei a cara.
-Zara, porque? Porque parou de sorrir? Você está estranha comigo. -Ele perguntou um tanto preucupado
Eu não queria desejar o Elio, não queria que ele falasse assim de mim. Porque quando fala eu arrepio, e quero sorrir, sorrir tanto até minha boca doer.
-Não é nada. Acho que eu já vou.
-O que? -Elio franziu a sobrancelhas confuso
-Acho que eu já vou. -sai da piscina, não me despedi, ou falei mais. Eu fui embora. Deixei ele lá, confuso.
Eu não posso ficar com ele mais, eu gosto dele, e não quero gostar.
Eu gosto do Elio.

Me Chame Pelo Seu NomeOnde histórias criam vida. Descubra agora