cap 4

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9:00, já tinha feito tudo que precisava antes de ir para os Perlman's, e agora, no carro, suava frio. Fico nervosa sempre que tenho que socializar. Já disse que não sei conversar. Engoli totalmente a ideia que passou na minha cabeça de não ir. Elio estará lá, por mais que Annella tenha avisado que terão mais pessoas, ele vai estar lá. E eu o conheço.

Eu não o conheço. Nós conversamos, só. E a única conversa que tivemos, foi constrangedora. E agora? Eu não conheço ninguém e não sou boa em conhecer ninguém. Quando parei de pensar tanto nisso já tínhamos chegado. Meu pai ficou me olhando, eu não saía do carro.
-Zara?
-Que?-respondi sem tirar meus olhos da janela
-Não vai sair do carro?
-Ah é...é, vou! Vou sair- respondi sem tomar nenhuma atitude
-O que foi?
-Nada.
-Vá conhecer pessoas novas! Não fica nervosa- ele sorriu para mim e eu retribui.
-Divirta-se! E quando quiser ir me ligue-me avisou
-Tudo bem, te vejo mais tarde-acenei com a mão um "tchau"

Caminhei até a entrada, e vi que, que todos estavam jogando vôlei. Tinha um campo de vôlei? não era profissional mas, era um campo de vôlei, então, logo meus olhos voltaram para entrada, assim entrei na casa.
-Mafalda!-exclamei ao vê-lá na cozinha. Alguém que eu conheço, finalmente!
-Salut chérie! les enfants sont là- Mafalda me comprimentou.
-Obrigada
Ontem me dediquei até umas 2:00 para aprender o mínimo de francês, Mafalda fala muito pouco inglês, vive falando francês e italiano. Fui caminhando até o quintal e Annella estava sentada á mesa onde jantamos, fumando. Ela estava com um cigarro e Sr. Perlman também, estavam dividindo. Tinha mais algumas pessoas com eles, não sabia quem eram , até Annella dizer:
-Oi Zara! junte-se aos meninos no campo de vôlei!
Acenei para eles, e fui até o campo.
-Oi, já vou!- sorri, mas por dentro não queria ir e o nervosismo me consumia. Fui mesmo assim, o que eu podia fazer? já estava ali.

Eu andava para o campo de vôlei até Elio chegar do meu lado e me dar um empurrão. Empurrei de volta e ele sorriu torto. Parecia que tínhamos intimidade e que ontem não aconteceu.
-Oi!
-Oi, vamos!-ele disse me puxando
Não sabia por onde íamos, mas o segui. Ele tinha desviado de onde todos estavam, tinha desviado do campo de vôlei, e me puxou até um lago.

O lago verde musgo refletia a luz do sol, eu não via peixe, mas via algas. Elio falou comigo como se nós não tivéramos a conversa de ontem. Então, eu fiz o mesmo, empurrei ele no lago de algas.
-Você vai ver-disse saindo do lago
-Aé?
Corri atrás dele por um tempo até conseguir alcançar o seu braço e puxar, junto à mim, para a água. Elio ficou de pé no lago mexendo com sua cabeça para que saísse um pouco de água de seu cabelo. Eu olhava para cada cacho que balançava.
-Porque tá me olhando? -ele disse equanto ria
-Não estou te olhando. - revirei os olhos- ...idiota-sussurrei
-O que? o que disse?- Elio ainda rindo perguntou
-Eu? Nada. -Quando terminei de falar, joguei água no Elio, como se fosse um irrigador.
Ele jogava água, desesperadamente em mim, mas aí ele parou. Não entendi. Elio saiu da piscina correndo e foi até uma casinha de madeira, pequena, e quando voltou... um arminha de água?
-Ou ou ou, isso é trapaça!
Ele não me deu ouvidos, inclinou a cabeça levantando os ombros, como um "Foda-se" e pulou no lago. Ele jogou água no meu rosto, mirava bem em meus olhos com a arminha. Eu tentava me proteger com minhas mãos, tapando meu rosto. Não sentia mais a água sendo esguichada e tirei as mãos do rosto. Eu abri os olhos e ele estava perto de mim, jogou água no meu rosto, muita água!
-Idiota!- disse jogando água nele
Ele riu, e eu também. Mas a graça acabou.
-Vamos fingir que não tivemos a conversa estranha de ontem?-perguntei
-Eu elogiei suas sobrancelhas! -ele disse incrédulo
-Era um elogio?- eu ri
Ele revirou os olhos.
-Eu acharia legal se elogiassem minhas sobrancelhas!- ele explicou
-Então tá...Não, mas você sabe, sua sobrancelha é escura. Quando você franzi o rosto elas ficam engraçadas! Gosto delas- brinquei com ele
-Você achou meu elogio bom- ele disse convencido
Eu ria, sem parar, e ele ficava sério.
-Desculpa -falei e comecei a rir, não aguentei.
-Tá, tá! chega, vamos lá para o campo

Me Chame Pelo Seu NomeOnde histórias criam vida. Descubra agora