Capítulo 1

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  – Vamos, meu amor. Aproveite um pouco o dia! Tente distrair sua mente do que aconteceu...
  – Eu tô tentando, pai. É que... é difícil. Eu amava o Burton, eu não sei o que vou fazer sem ele! – ela respondeu, começando a lacrimejar. – Ele foi o melhor cachorro que eu já tive, ele era meu melhor amigo! – a menina cruzou os braços e abaixou a cabeça, chorando.
   – Meu bem, – ele pegou uma das mãos de sua filha, esperando ela levantar a cabeça para voltar a falar – vai ficar tudo bem, ele está em um lugar melhor agora – um sorriso reconfortante surgiu no rosto dele. – Bem, o que acha de jogar um pouco enquanto a pizza não chega? Pode comprar quantas fichas quiser.
  – Sério? – logo ela começou a sorrir.
  – Claro que sim. Eu te chamo quando a pizza chegar, okay? E Susie, – o homem falou, vendo que ela já estava indo para um dos jogos – eu te amo.

  Susie então se aproximou novamente e deu um abraço apertado em seu pai, também dando um beijo na bochecha dele e logo indo até o fliperama. Depois de comprar algumas fichas, ela se aproximou de um jogo de labirinto e começou a jogá-lo, finalmente conseguindo tirar a mente daquela memória.
  O tempo foi passando, deixando Susie sozinha com seus pensamentos. Apesar de o jogo ter realmente a distraído no começo, agora isso não funcionava mais. Ela já estava perdida na memória de ver seu amado cachorro atropelado no meio da rua, com marcas de pneu e sangue pela estrada. Sem que percebesse, a garota começou a chorar silenciosamente, mas, assim que se deu conta, esforçou-se para conter o choro, apesar de não conseguir.

  – Por que choras, criança? – um coelho amarelo, que Susie já bem conhecia como um mascote antigo da pizzaria, aproximou-se, colocando as suas mãos nos ombros dela.
  – AH! – ela gritou. – Ah – Susie encarou os olhos do coelho e depois voltou a olhar para o jogo. – Eu sinto falta do meu cachorro. Eu não queria perder ele.
  – Bem... eu posso ajudar você bem mais do que esse joguinho, você só precisa me seguir – disse o maior, com um sorriso tão grande que ficava visível até pelas pequenas frestas dos dentes da fantasia.
  – Eu não sei se deveria confiar em você. Não sei quem tá dentro dessa fantasia de coelho.
  – Mais inteligente do que eu pensei, huh? Bem, o que eu falei continua sendo um fato, e não acho que você tenha motivos para não confiar em mim. Afinal, se trabalho com crianças, sou confiável o suficiente, não?

  Sem pensar, a pequena voltou a atenção para o mais velho e concordou com a cabeça, logo o seguindo, sem sequer avisar seu adorado pai antes.
  Poucos minutos passaram e eles chegaram em uma sala restrita, apenas para funcionários. Não passou pela cabeça de Susie questionar a escolha incomum, apesar de estar claro que ela não deveria estar ali. Mesmo assim, ela ainda ficou curiosa para saber sobre a tal sala, já que a mocinha nunca esteve nela.

  – Onde nós estamos?

  Ignorando a pergunta da mais nova, a entidade sádica retirou suas luvas e aproximou sua mão de uma mesa, rapidamente agarrando o cabo de uma faca. O homem então a derrubou no chão antes mesmo que desse tempo para racionar algo, assim colocando a mão livre na boca dela, impedindo-a de gritar.

  – HMM! HM!

  Contorcendo-se feito uma gazela nas garras de um leão voraz, a garotinha se esforçou para fugir, mas suas tentativas eram falhas. A grossa mão do homem abafava qualquer pedido de ajuda que saía da boca de Susie e seu grande corpo a impedia de fugir.
  Mesmo tendo consciência de que ela só estava gastando energias à toa, Susie continuava tentando empurrar o "leão" com suas pernas, ainda sem conseguir fazer uma diferença. Logo ela parou de se contorcer, então apenas mordeu a mão do homem.

  – ARGH! Filha da...

  Antes que Susie conseguisse fazer mais alguma coisa, o mais velho a segurou pela mandíbula.

  – Agora eu vou te mostrar o que acontece com pirralhas como você.

  Ele falou, puxando a mandíbula da outra enquanto olhava para as lágrimas que escorriam do rosto dela mesma. Quando finalmente parou, a mandíbula já estava deslocada e a menina não conseguia sequer fechar a boca direito.
  Ele pegou a faca novamente e enfiou com toda a sua força no peitoral de Susie, logo em seguida girou o objeto e o arrancou brutalmente do corpo, prosseguindo a dar mais e mais golpes por todo o peitoral e estômago da garota.
  O homem, depois de longos minutos, levantou-se e soltou um grunido de cansaço, derrubando a faca no chão e vendo o corpo de Susie. A maneira como os olhos azuis da criança estavam direcionados para o homem dava a impressão que ela podia ver todos os seus pecados. Por conta disso, um arrepio percorreu por todo o corpo do mais velho.

  – Isso foi necessário... Isso foi necessário – ele disse para si mesmo, tentando se convencer de que não fez algo errado, enquanto secou o suor e lágrimas que haviam se misturado em seu rosto.

 

 

  Horas passaram. A garota abriu seus olhos, ainda com a imagem do tal coelho assassino em sua mente. Ela normalmente veria seus pelos arrepiarem ao lembrar de uma cena traumática como essa, mas logo percebeu que isso não aconteceu.
  Susie piscou algumas vezes, tentando pôr a mente em ordem e raciocinar tudo. Assim, ela percebeu que não sentia mais a dor no seu rosto e também que não estava mais na mesma sala.

  – O que aconteceu?

  Ela olhou para suas mãos, agora grandes e amarelas. Também percebeu estar mais alta, então observou a sua volta e viu que estava no palco principal da pizzaria. A menina deu um grito que saiu, de certa forma, abafado.

  – Não, não... não pode ser! Eu devia estar com o Burton! Por que estou aqui?!

  Susie logo percebeu onde estava. No corpo metálico de Chica, uma das atrações da pizzaria. A solidão era inevitável, visto que não haviam outros como ela. Não que Susie soubesse, pelo menos. Ela sentou-se na madeira do palco e abraçou seus joelhos, já que não tinha mais suas pelúcias, seu cachorro, seu pai ou seus amigos para abraçar agora.

  – Eu perdi tudo que eu amava... Por quê?! Por que eu?! – seu tom de voz deixava claro seu desespero e angústia. Susie fechou os olhos, esperando até que começasse a chorar, porém sem conseguir. – O que será de mim agora?

Sorriso de Criança - Fanfic de FNaF [+14]Onde histórias criam vida. Descubra agora