Em preto e branco.

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O mundo de Jung Wooyoung se quebrou como um espelho sendo derrubado e transformado em milhares de fragmentos cortantes. O que antes estava ali se foi, sua vida virou de cabeça para baixo e consequentemente tudo o que conseguia enxergar era uma completa escuridão sem fim.

Passava seus dias constantemente em frente a uma tela em branco afim de expressar seus sentimentos com a arte. Difícil era, evitar que borrões negros e brancos fossem tudo o que conseguirá desenvolver ali.

Afundando em depressão e ansiedade sentindo estar sendo arrastado a uma escuridão como se estivesse em uma areia movediça.  Quanto mais tentava escapar mais submerso ficava.

Costumava sempre subir no telhado de sua casa para tomar um ar, o ar gélido do inverno. As estrelas eram pequenos borrões brilhantes e quanto a noite, uma ilustração de seu coração.

Sem ter apoio para se manter estável constantemente aparece na sala de emergência do hospital do centro, conhecido não só por enfermeiras e atendentes mas até por pacientes em estado terminal que o julgava de vez ou outra, sem contar os sermões que recebia desses mesmos pacientes. Afinal, enquanto ele lutava para morrer havia pessoas ali que lutavam para viver.

Não era capaz de morrer por alguma razão misteriosa mas sabia que sempre acordava olhando para o teto branco do hospital e com a expressão desapontada de uma senhora de 60 anos que sempre cuidará de si.

Por conta das circunstâncias sempre o tratam como uma bomba prestes a explodir e tornar tudo em pedaços de carne moída pelos ares.

Apesar de salvo inúmeras vezes por pessoas que antes eram desconhecidas ainda não sentia que era puramente por gentileza mas sim por obrigação. Obrigação da profissão em salvar vidas a qualquer custo. Não só os médicos estavam cansados de vê-lo em dois em dois meses mas como também ele estava cansado de acordar e perceber que havia falhado.

Wooyoung constantemente tirava folga do trabalho por conta de sua saúde frágil e os acontecimentos constantes e graças que, seu chefe é um senhor gentil que o acolherá como membro da família e não ousava falhar com ele afinal, precisava de um emprego para ter o que comer e um teto para viver.

As luzes da sala e de seu quarto piscavam constantemente em aviso de que deveriam ser trocadas mais cedo ou mais tarde. As estantes de livros pendiam por pó e o resto, uma completa bagunça de telas de desenhos, tintas e roupas pela casa. Tudo em completo caos.

Deitado no chão frio encarando a tela ao seu lado em uma completa bagunça de cores vermelhas e azuis em um céu onde havia chuva de sangue em meio a pingos de água cristalinas.

Suspirando cansado, saiu finalmente no chão pegando aquela tela e a jogando longe, junto às outras telas que havia desenhado ao decorrer dos anos, todas um completo lixo para si mas sem coragem de joga-las fora. Suas mãos e corpo frios, quase congelando por falta de agasalho. 

Naquela manhã sentirá que algo estava faltando, totalmente fora do lugar mas não conseguia saber o que era e continuava procurando por todo o canto da casa. Ao ver que era inútil vestiu seus agasalhos e saiu, trancando a porta.

Seus passos eram lentos, a rua coberta por neve que ainda caia dos céus fazendo com que onde pisasse ficasse úmido e escorregadio. Mentalmente advertida a si mesmo que deveria tomar o mínimo cuidado para não acabar caindo naquele chão frio e molhado.

Passava pelas inúmeras lojas da capital de onde morava, lojas de roupas, cosméticos, comida e afins. Mas procurava continuamente apenas uma única loja de materiais para pinturas, especialmente a sua favorita.

Seu estoque de tinta durava pouco tempo por constantemente as desperdiçar com desenhos inúteis, que não seriam úteis para aproveitar sequer uma mínima coisa.

Entre vermelho e preto.Onde histórias criam vida. Descubra agora