Paleta de cores.

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O preto sempre iria se destacar entre as cores de sua paleta mas com a iluminação e profundidade do vermelho criava uma junção perfeita, aquela junção de tirar o fôlego. A mesma junção de vulcão, lavas e rochas, que eram perfeitas de sua maneira assim como o que o coração de Wooyoung havia se tornado. Mas naquele momento isso realmente importava?

Sim, importava.

Jung havia deixado sua casa uma verdadeira bagunça, os moveis da sala estavam todos encostado numa parede sendo cobertos com plásticos desde o chão até as paredes, onde ficava o sofá agora havia inúmeras telas e tintas espalhadas. O plástico preto estava manchado com preto, vermelho e branco mas as telas estavam coloridas. Pela terceira vez no mesmo dia Wooyoung estava sentado no chão com sua roupa manchada de tinta, segurava um pincel entre os dedos pensando onde deveria manchar de vermelho mas realmente não se importava realmente. Talvez se San estivesse ali teria o matado pela bagunça mas ele não estava preenchendo o vazio de nenhum dos cômodos daquela casa tão vazia.

- Apenas acrescente vermelho até o preto deixe de ser esse vazio - murmurou como se as telas de fato se importavam com algo. - E depois...um pouco de branco, um verde seria bom né? O verde de quando San me acompanhou no hospital.

Suspirando pesadamente mergulhou o pincel na lata de tinta e apenas o sacudiu o pincel na frente da tela fazendo a tinta verde respingar grosseiramente entre o vermelho e branco. Aquele era o som de seu coração e o silêncio de seus emoções, apenas as cores eram capazes de expressar cada momento em que viveu com San, seu amor de cores.

Uma semana havia se passado desde que San o largará sozinho no hospital, uma semana sem ter notícias além do que Hongjoong tinha vontade ou permissão de dizer mas nada iria aplacar o oco em seu coração com as palavras "bem" e "na medida do possível".

- Isso é inútil...

Wooyoung largou o pincel no chão ao se levantar, fixou o olhar numa tela onde o fundo estava em preto, havia uma arvore em vermelho, gramas verdes e um pôr do sol. Serrando o punho caminhou até a tela pegando-a com a mão direita, a tela lhe transmitia os dias calmos e quentes onde passou rodeado com o amor de San, algo parecido com ódio tomou conta do vazio de seu coração fazendo com que rasgasse a tela começando pela árvore e a jogou na porta da cozinha fazendo um estrondo. Era inútil sentir raiva quando o seu amor havia o deixado mas a dor do abandono não abandonava seu coração nem por um mísero segundo.

- De novo...não é sua culpa mas porque...assumiu isso? - perguntou a si mesmo encarando a tela caída.

Wooyoung não percebe que Hongjoong havia aberto a porta de sua casa e entrado na hora em que rasgou a tela o deixando completamente chocado com o estado de Jung e sua casa afinal, na última vez em que o havia visitado a única coisa que tinha era uma tela e um pote de tinta vermelho. Caminhou até o amigo que mordia o lábio inferior segurando as lágrimas que ameaçavam cair a qualquer momento que sua fragilidade aumentasse, Hongjoong segurou os ombros de Jung o abraçando para passar o mínimo de conforto que poderia conseguir.

- Oi Woonie, como tem passado? - perguntou sendo afastado por Jung.

- Bem. - respondeu por fim pegando uma tela branca onde estava os móveis. - Como ele está?

- Ele...não muito melhor do que você - respondeu observando o amigo pegar uma lata de tinta e segurar com as duas mãos. - Suas roupas estão pingando tinta...melhor trocar isso.

- Se recusa a me ver ainda? - ignorou Hongjoong.

Wooyoung perguntou sem avisar para que Hongjoong ficasse longe ao jogar a tinta junto com a lata na tela em branco que se tornou um preto como aquele abismo que lutava para ficar longe, Kim se assustou com o baque mudo que a tela fez ao cair no chão junto com a tela e mal conseguiu notar a tinta respingar em sua blusa branca.

Entre vermelho e preto.Onde histórias criam vida. Descubra agora