Em branco

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- Por que você está aqui?

Uma voz desconhecida soou pelos ouvidos de Wooyoung que permanecia com os olhos fechados. Separava seus lábios tentando pronunciar alguma palavra mas não conseguia.

- Está bem. O que fez dia oito do mês passado? - perguntou analisando algumas frases em um bloco de notas. 

- Hmm...isso...acho que meus pais foram me visitar e depois...não me recordo muito bem. - abriu os olhos negros encarando o médico.

- Certo, certo. O que pretende fazer durante o próximo mês?

- Trabalhar durante um mês inteiro sem vir ao hospital. - tombou a cabeça para o lado em confusão. - Não. Eu acho que algo ruim irá acontecer no próximo dia oito.

- Como o dia oito de três dias atrás?

- Ah...me lembrei. Dia oito, eu pretendia comprar uma fatia de bolo e macarrão para...levar a mamãe, o papai e o... - sua voz lentamente parou. - Mas depois, no caminho de volta ficou tudo em branco.

- Você se empurrou para aquele carro? - perguntou analisando as reações de Jung.

- Não. Havia alguém... distraído? Ele não viu o carro e...

- Não tinha ninguém. - advertiu. - Você se jogou lá.

- Não! Não! Era o...! Era ele, eu juro! - suspirou segurando o nó que se formava em sua garganta.

Uma voz de repente soou ao longe e a cabeça de Jung girava incontáveis vezes como se estivesse preso a algo e não conseguia se libertar. Abriu os olhos lentamente recebendo a iluminação exagerada do hospital e ao olhar ao lado havia várias enfermeiras de uniformes rosa bebê e um médico cujo segurava um desfibrilador cardíaco em mãos. Os rostos de todos estavam aterrorizados e apreensivos.

- Jung Wooyoung! Acorde! Anda! Acorde! - uma voz masculina falava ao longe quase inaudível.

- Senhor, por favor! Você não pode ficar aqui por mais que seja alguém que...-

- JUNG WOOYOUNG NÃO DESISTA DA SUA VIDA ASSIM! 

Um grito ressoou em seus ouvidos fazendo-o arregalar os olhos e foi quando todos ali finalmente suspiraram aliviados em notar a frequência cardíaca de Jung melhor. O suor frio que pingava da testa de todos ali finalmente cessou. Uma enfermeira recebia instruções do médico enquanto outras o levavam a outro quarto em uma maca e com dificuldade o trocando de lugar para uma cama minimamente confortável.

Seus olhos escuros sem um pingo de brilho fitavam o teto branco, pensamentos barulhentos inundavam sua mente fazendo-o se sentir enlouquecido.

O médico que costumava sempre ver estava ali inserindo agulhas em seu braço para o soro poder fluir de dentro da bolsa até seu organismo. Logo checava seus batimentos cardíacos no aparelho ao lado.

- Por que eu estou aqui? - perguntava ao sentir toda sua mente ficar em branco.

- Acidente de...

- De novo? - soltou uma gargalhada antes de virar seu rosto para a janela. - É a segunda vez.

- Sim. Porém, você se jogou na frente daquele carro para salvar um jovem.

- Salvar? Alguém? - Franzoi suas sobrancelhas voltando a olhar o médico. - Que dia é hoje?

- Dia doze. O acidente corrou no dia oito. É a primeira vez que você acordou desde então. Quanto aos ferimentos, perna fraturada, braço direito quebrado e... um pequeno corte no rosto. - encerrou vendo a careta do outro. - Você fez uma boa ação mas muito perigosa, senão fosse por pura sorte você não estaria mais aqui.

Entre vermelho e preto.Onde histórias criam vida. Descubra agora