Em azul (pt 02).

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A manhã estava mais fria do que o esperado em meio ao fim do inverno e uma chuva forte batia contra o chão. Mas Wooyoung corria como senão houvesse o amanhã.

A paisagem mudava constantemente. Antes, corria pela cidade, enquanto a outra já era uma estrada e neste momento se encontrava em uma floresta enorme e vasta.

Luz do amanhã já não o alcançava e toda aquela floresta ficava mais e mais escura.

Por todo o caminho perseguia uma bola de fogo azul porém havia a voz de uma criança que recitava repetidamente a mesma coisa.

"Havia uma borboleta azul tão livre quanto o vento.

Tão travessa quanto o espírito de uma criança corrompida. 

Tão ousada quanto um espírito malicioso.

Tão bela quanto a mãe natureza.

Mas essa borboleta se viu na boca de uma planta carnívora.

E o fim

é fácil de se imaginar"

Ao encontrar uma área onde árvores estavam todas ao chão o fogo azul parou junto aos passos de Wooyoung. Aquele pequeno fogo se tornou mais ardente transformando-se em uma borboleta azul flamejante. Ao bater de suas assas saiam faíscas ciando sobre a grama verde pouco iluminada, os olhos de Jung estavam vidrados naquela beleza.

- Por que está me perseguindo, querido?

- O que é você?

- A borboleta azul.

Toda a visão de Wooyoung se tornou em branco e uma explosão fria foi sentida em todo o seu corpo. Seus olhos repentinamente arregalaram mas ao invés de enxergar a escuridão da floresta notou que agora estava vendo o teto branco de seu quarto sendo iluminado pela lua nova.

- Um sonho? Por que estou tão suado?

Suas mãos frias tocaram sua testa como se medisse sua própria temperatura.

- Estou com medo.

Sussurrou contra o lençol que havia estendido para cobrir seu rosto, seu coração aparentava que uma hora ou outra iria parar de bater. Ainda sentia a sensação da brisa congelante tocar sua pele.

- San? San? Aonde você está? Poderia vir aqui? - seus dedos apertavam a coberta em completa impaciência.

Não recebendo qualquer resposta tentou olhar em volta do quarto afim de encontrar alguém ou ouvir algum barulho porém tudo o que havia ali era escuro e o silêncio. Revirou em meio às cobertas mas notará que havia algo estranho ali. Quer dizer, enquanto puxava a coberta algo havia se movido em cima de sua cama, atordoado procurou o abajur afim de liga-lo. Seu corpo suava de ansiedade ao pensar "o que diabos está na minha cama?!".

Finalmente tendo conseguido iluminar um pequeno canto do quarto olhou de forma receosa para o lado direito da cama, não sabia se ria ou chorava em se separar com um San totalmente apagado em sua cama enquanto abraçava uma pelúcia. Seu corpo acabou por relaxar em ver o outro dormindo tranquilamente.

Se movendo com cautela aproximou-se do rosto de San, analisando-o. Aparentava uma criança dormindo depois de um longo dia cheio, seus cílios tremiam levemente e sua respiração era suave. Seu cabelo escuro se encontrava todo desgrenhado mas aquela pequena mecha branca ficava em sua testa completamente esparramada. Sua mão tremia enquanto aproximava levemente daquela mecha para acaricia-la, branco e preto. O preto estava ao meio do branco e o branco estava em uma mistura graciosa entre o vermelho. Seus olhos negros refletiam pequenos pontinhos em branco, como brilhos. Um sorriso havia se formado em seu lábio enquanto sua mão acariciava os fios macios de San e logo seu dedo indicador estava passeando pelas linhas daquele rosto sereno até que acidentalmente encostou nos lábios macios e avermelhados do outro.

Entre vermelho e preto.Onde histórias criam vida. Descubra agora