Depois de passar a noite inteira no hospital, finalmente tenho permissão do médico para ir para casa. Assim que chegamos, a minha mãe ajuda-me a subir as escadas em direção ao quarto, dado que as duas costelas fraturadas que tenho, dificultam qualquer movimento. Entro na divisão ainda de corpo apoiado no da minha mãe, e ela coloca-me cuidadosamente sobre a cama, ajeitando-me em seguida os caracóis ruivos.
— Eu estou bem mãe, a sério, podes ir descansar... — digo, esforçando-me para esboçar um sorriso, embora até essa simples ação me provoque dor.
Ela retribui o sorriso, rodeando o meu rosto com ambas as mãos, perscrutando atentamente os meus olhos.
— Eu sei, filho. Agora descansa... se precisares de alguma coisa vou estar mesmo aqui no quarto ao lado, ok?
Assinto, vendo-a sair da divisão.
Agora sozinho, ganho coragem para encarar o espelho da cómoda, situado ao lado da minha cama. E, mesmo depois de me ter preparado mentalmente para essa possibilidade, sinto o meu interior estremecer assim que vejo o meu reflexo praticamente irreconhecível, nomeadamente o do meu rosto desfigurado. O sítio onde aquele estupor me acertou ainda se encontra inchado, e ganhou uma coloração azulada assustadora.
Suspiro, deitando-me para trás na superfície macia. E, mesmo com as dores, e com a claridade que entra pela janela — assinalando o nascer de um novo dia —, não demoro muito em cair num sono profundo.
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Debaixo do azevinho | ⚣ ✔
Ficção Adolescente🏆 ELEITA DAS MELHORES HISTÓRIAS DO ANO 2020/2021 PELOS EMBAIXADORES DO WATTPAD. Da mesma forma que a proximidade do Natal é notória nos ares da vila de Elk Valley, onde tudo começa a ficar iluminado de cores calorosas, e as músicas da festividade e...